Entre Duas Forças

laitman_558Baal HaSulam, Shamati # 121, “Ela É Como Navios Mercantes”: Há um versículo, “Ela é como os navios mercantes; ela traz o seu pão de longe”. Quando a pessoa reclama e insiste: “ela é toda minha”, que todos os desejos serão dedicados ao Criador, a Sitra Achra desperta contra ela e também afirma: “Ela é toda minha”. E depois há uma troca.

Quando uma pessoa recebe um despertar de cima com respeito ao Criador, o poder da Sitra Achra também é despertado nela para possibilitar-lhe a liberdade de escolha. Portanto, duas forças estão ativas simultaneamente.

A troca significa que a pessoa quer comprar um determinado objeto e que o comprador e vendedor debatem o seu valor, o que significa cada um deles afirma que está certo.

A pessoa está dividida entre essas duas forças, pois ambas estão puxando-lhe: “… o que significa cada um deles afirma que está certo”.

Aqui o corpo examina a quem vale a pena ouvir: ao receptor ou à força de doação. Ambos argumentam claramente: “Ela é toda minha.”

Uma força insiste que é preferível avançar junto com esse mundo e tomar tudo o que é possível da vida, e a outra força a puxa em direção à espiritualidade, alegando que esse mundo não vale nada e é construído dessa forma apenas para superá-lo, e a pessoa arruína sua vida, dividida entre as duas forças que negociam entre si.

E embora a pessoa veja seu estado de baixeza, que nela também existem centelhas que não concordam em observar nem o mínimo (“o ponto sobre o iota”) de Torá e Mitzvot, mas o corpo inteiro reclama: “ela é toda minha…”

O “ponto sobre o iota” (o mínimo) é o início de todas as letras. No entanto, a pessoa não está preparada para realizar até mesmo esse pequeno ponto em prol da doação.

…. Então, “ela traz seu pão de longe”. Isso significa que, a partir dos afastamentos – quando a pessoa descobre quão longe está do Criador, lamenta e pede ao Criador para traze-la mais para perto – “ela traz o seu pão”.

Pão significa fé. Nesse estado, a pessoa é recompensada com fé permanente, uma vez que, “Deus assim faz para que haja temor diante Dele”. Isso significa que todos os afastamentos que a pessoa sente foram trazidos a ela pelo Criador, para que ela tivesse a necessidade de assumir o temor do céu.

Ela tivesse a necessidade de servir ao Criador porque senão não seria capaz de escapar do atoleiro da vida.

Este é o significado de “que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor”. Isso significa que a vida de Kedusha (Santidade) dentro da pessoa um não vem especificamente da aproximação, das entradas, isto é, admissões na Kedusha, mas também das saídas, dos afastamentos. Isto é assim porque através da vestimenta da Sitra Achra no corpo da pessoa, e suas reclamações: “Ela é toda minha”, com um só argumento, a pessoa é recompensada com a fé permanente ao superar esses estados.

Este é o nosso caminho. Nós estamos constantemente recebendo várias tentações físicas para nos confundir, e cabe a nós reduzir o seu valor renunciar a elas. É impossível para nós se abster ou ser ascetas visto que temos que usar tudo que existe em nosso mundo, mas no âmbito de uma existência normal e razoável. Em relação a tudo o que ultrapasse as necessidades, devemos nos voltar à espiritualidade. Ambos os aspectos devem estar equilibrados.

Nosso método não é misticismo nem religião. É impossível se abster de qualquer coisa. A pessoa deve usar razoavelmente todos os meios que estão à sua disposição neste mundo, e voltar todos os seus desejos para cima para se assemelhar ao Criador, para se conectar a Ele.

“Razoavelmente” refere-se a algo que podemos renunciar, mas não porque decidimos que isso é necessário para a nossa existência normal. Em um caso como este, não é “nem louvado nem condenado”. Basicamente, a partir de hoje, o mundo inteiro está avançando rumo a este estado.

Hoje há um número crescente de habitantes sobre a face da terra; há cada vez menos trabalho, mais e mais desempregados, benefícios sociais estão sendo cortados, e assim por diante. Segundo as estatísticas, 50% de toda a propriedade sobre a face da Terra é propriedade de 1% de toda a população.

Em última análise, isso vai forçar o mundo – através de guerras e revoluções, ou por meio da conscientização – a chegar à decisão de produzir e consumir apenas o necessário para sobreviver razoavelmente e com dignidade.

No passado, havia uma condição, “comer pão com sal, beber pouca água, dormir no chão, levar uma vida triste, e trabalhar na Torá” para que tudo ficasse bem. Mas algumas centenas de anos antes da nossa era, os Cabalistas fizeram correções especiais para nós no sistema de gestão, e agora não há necessidade de uma pessoa em nosso mundo impor quaisquer limitações físicas e corporais para fins de correção. Ela pode consumir de forma razoável e calma tudo o que é necessário para a sua saúde, para sua existência, sem qualquer limitação. Portanto, se minha mente está sempre ocupada com o avanço espiritual em um grupo, com estudo, e em disseminação, então não importa o quanto eu bebo e como com os amigos. Não há limitações.

Agora o mundo está avançando no sentido de alcançar o consumo sustentável. De qualquer forma, não temos para onde fugir. A atmosfera externa e o ambiente, e até mesmo o estado da economia e da indústria nos obrigam. Portanto, uma pessoa estará envolvida apenas com a manutenção racional do corpo e todo o resto visará ao nível espiritual.

No entanto, este artigo afirma que, mesmo se uma pessoa se colocar na linha média, ela será atraída constantemente à direita ou à esquerda, à esquerda ou à direita. A fim de avançar, nós temos que estar entre as duas linhas de desenvolvimento. Por um lado, parece que estamos sendo atraídos ao desenvolvimento espiritual, e, por outro lado, que somos atraídos a vários distúrbios, longe do lado da linha direita.

Isto significa que a pessoa deve unir tudo com o Criador, isto é, que mesmo as saídas vêm Dele – e quando ela é recompensada, vê que ambas as saídas e as entradas eram todas Dele.

Ser humilde significa estar na linha média o tempo todo, estar fixo em “Não há outro além Dele” com a ajuda do equilíbrio das duas linhas, quando a pessoa entende que as duas linhas vêm igualmente do Criador, e só por isso ela percebe a liberdade de escolha e avança.

Moisés tolerava a humildade, razão pela qual foi chamado de humilde, já que a baixeza o fazia feliz. Assim, em cada grau, a pessoa deve agarrar-se à baixeza, e no momento em que perde a baixeza, ela imediatamente perde todos os graus de Moisés que ela já tinha conseguido.

“Baixeza” (humildade) significa que a pessoa não tem suas próprias forças, e que todas as forças para seguir em frente, ela recebe do Criador. Em outras palavras, eu não sou um gerador de forças, eu não as tenho. Tudo o que eu tenho é energia, inteligência, desejo, estado interno, circunstâncias externas e aquilo que eu me conscientizo a cada momento da minha vida. Tudo isso vem do Criador. Não existem acidentes aqui ou algo que dependa de mim. A única coisa que depende de nós é entender o que está acontecendo, fazer a escolha certa, e trazer tudo o que sentimos dentro de nós e à nossa volta para a fonte única.

Este é o significado de paciência. Baixeza (humildade) existe em todos nós, mas nem toda pessoa sente que a baixeza é uma coisa boa. Ela não quer sofrer.

A pessoa começa a entender que não é a principal fonte de inteligência, pensamento, ação, decisões ou nada. Tudo isso vem apenas do Criador. Isto a ajuda a se aderir ao Criador, e se ela entende isso mais e mais profundamente, ela simplesmente se funde com isso.

Portanto, o nosso trabalho é atribuir tudo o que temos no coração, na mente, em nossas decisões, em nossa visão, tudo o que sentimos dentro de nossos sentidos, tudo o que acontece ao nosso redor e dentro de nós, à fonte única. Esse é o princípio de “Não há outro além Dele”. Se nós atribuímos tudo o que fazemos a mesma origem, nós alcançamos a adesão com o Criador.

Da Lição de Cabalá em Russo 10/02/14