“A Coisa Mais Assustadora Sobre O Estado Islâmico? Seu Lado Amável E Gentil”

laitman_222Nas Notícias (Reuters): “Os ataques em Paris trouxeram a brutalidade da casa do Estado Islâmico para o mundo ocidental. Antes, na semana passada, os relatos de atrocidades do grupo eram chocantes, mas mais fácil de descartar, acontecendo muito além das fronteiras europeias. O mundo expressava indignação, mas em grande parte assistia como o grupo jorrava a propaganda de recrutamento descrevendo a escravidão sexual, a tortura brutal e o assassinato de seus cativos. Esses incidentes são horríveis, mas ofuscam uma ameaça mais traiçoeira a longo prazo: o lado amável e gentil do Estado Islâmico.

“Milhares de pessoas amantes da paz vivem em áreas ocupadas pelo Estado islâmico e são alimentadas com uma corrente constante de propaganda positiva: os membros do Estado Islâmico alimentam os pobres, organizando sorvetes sociais, carnavais e concursos de cabo-de-guerra. O Estado Islâmico está tentando – e em algumas áreas tendo êxito – na conquista de corações e mentes. Se nada for feito, o seu apoio público vai crescer, tornando o grupo mais difícil de derrotar a longo prazo e dando-lhe o espaço que necessita para realizar futuros ataques como os de Paris e Beirute.

“Charlie Winter, do grupo de reflexão (think tank) Quilliam de luta contra o extremismo, realizou um estudo mensal da propaganda do Estado. Winter descobriu que – ao contrário do que vemos na mídia ocidental – mais da metade da propaganda do Estado Islâmico mostra pessoas realizando atividades cotidianas de uma forma pacífica e normal.

“De muitas maneiras, o grupo serve como um governo funcional nas áreas que controla, oferecendo serviços prestados anteriormente pelos regimes da Síria e do Iraque. Ele coleta impostos, coleta o lixo, administra escolas, licenças de casamento, oferece segurança, e até mesmo emprega ex-burocratas do governo para garantir que tudo corra bem. Na província síria de Deir ez-Zor, o Estado Islâmico emitiu regulamentos para proteger os recursos naturais e o meio ambiente, sugerindo que o grupo está se estabeleceu para o longo prazo. Alguns cidadãos sírios sob controle do Estado Islâmico afirmam que os esforços do grupo ajudaram no retorno de algum sentido de normalidade em suas vidas, um indulto bem-vindo da esgotante guerra civil.

“Um morador de uma cidade controlada pelo Estado Islâmico disse à revista Time que ele originalmente se opunha ao Estado Islâmico, mas mudou de ideia depois que o Estado Islâmico pagou pelo casamento de seu irmão, forneceu-lhe combustível e ajudou a consertar a casa de seu vizinho. O Estado Islâmico também controla cuidadosamente o que aqueles sob seu controle podem ler e ouvir: mídia externa e mensagens anti-Estado Islâmico são proibidas. Isso é terrível. Se tivesse tempo suficiente, esse público cativo poderia, por fim, determinar que o duro sistema de leis do Estado Islâmico valesse a pena o verniz de paz e da normalidade, e cresceria para apoiar o grupo. Essa é a clássica Síndrome de Estocolmo, mas numa escala muito maior e muito mais devastadora.

“Existe um precedente para tal transformação. Na década de 1990, o Talibã ganhou um considerável apoio público, estabelecendo a lei e a ordem num Afeganistão caótico. Grupos como o Hamas e o Hezbollah usaram atos de caridade e programas de assistência social para passar de grupos marginais violentos à entidades políticas com o apoio de grandes faixas da população. Ambos os grupos têm dedicado tempo e recursos significativos para seus braços de bem-estar social, que apoiam escolas, bibliotecas, clínicas médicas, orfanatos, ajuda alimentar e ligas esportivas. Por volta de 2006, o Hamas tinha apoio suficiente para conseguir uma vitória decisiva nas eleições parlamentares da Palestina. Até 2008, o Hezbollah tinha ganhado o controle de mais de um terço dos assentos do gabinete do Líbano.

“É assustador imaginar que Estado Islâmico possa finalmente seguir essa trajetória. Apesar do Estado Islâmico rejeitar a democracia, se ele continuar a mobilizar o apoio público através de obras de caridade e governança, ele poderia se entrincheirar na sociedade e ser muito mais difícil de derrotar. Mesmo o tratamento draconiano do grupo às mulheres pode não ser suficiente para bloquear o apoio do público. Por exemplo, as mulheres no Afeganistão antes gostavam muito mais da liberdade do que hoje – elas usavam roupas modernas, iam à universidade e trabalhavam em ambientes profissionais. O Talibã pôs um fim nisso, mas grande parte do público estava disposto a ver os direitos das mulheres diminuído em troca de menos violência. A história está prestes a se repetir na Síria.

“A coalizão internacional contra o Estado Islâmico investe recursos significativos para combater a propaganda negativa do grupo, mas uma atenção insuficiente é dada ao desbancar mensagens positivas do grupo. Agora é hora de resolver esse problema. Em poucos anos, pode ser tarde demais”.

Meu Comentário: Eu acho que, sem dúvida, o mal vai ganhar se ele não for exposto como um meio de controle, não sobre a vida, mas sobre a alma de uma pessoa. Pois o Daesh (Estado Islâmico) quer almas, fé, obediência ao Islã em todo o mundo, em troca do que ele está pronto para proporcionar às pessoas todos os confortos da vida.

E a necessidade de decidir é criada aqui; o que importa na vida de uma pessoa e por qual caminho a humanidade vai seguir: vender-se por comida como uma besta ou elevando-se a importância do espírito acima de confortos animais.