Relações Sociais Moldam A Pessoa

Laitman_115_06Os seres humanos começaram a se desenvolver do nível animal, não porque começaram a andar sobre duas pernas centenas de milhares de anos atrás, mas porque começaram a desenvolver as relações sociais. Estas foram relações não só dentro de seu bando, família ou tribo, onde eles sentiam que todos estavam tão perto deles como sentiam a si mesmos. Eles verdadeiramente começaram a sentir os outros e desenvolveram uma conexão com eles.

Algo assim não existe entre os animais. Eles vivem em famílias e bandos, mas não há nenhuma conexão entre os diferentes bandos. E os seres humanos se desenvolveram para além das conexões familiares. Esta conexão é egoísta, natural, e através desta conexão é possível explorar os outros, tanto quanto possível; eu exploro você e você me explora. Tudo depende do benefício que eu posso extrair da conexão. Você pode pegar uma pessoa e devorá-la, transformá-la num escravo, tomar sua propriedade e matá-la se ela resistir, ou pode fazer uma aliança com ela. Todas as relações egoístas têm existido até hoje. Não há diferença entre o que era há milhares de anos e o que existe hoje, esta é a mesma forma de comportamento para explorar ao máximo os outros para meu benefício ou em benefício da minha tribo, povo ou nação.

É assim que sempre foi e é assim que é hoje também. Mas agora chegamos a um ponto muito interessante na história que ainda não foi descoberto. Ele desperta intensa pressão, dor e situações trágicas cujo propósito é despertar esse ponto.

Todas as famílias, tribos, bandos, nações e povos que estavam anteriormente separados, de repente estão começando a sentir que estão conectados uns com os outros e dependem uns dos outros. E esta dependência os obriga a se comportar de forma diferente. Por um lado, de um ponto de vista egoísta, eu gostaria de explorar todos. Mas, por outro lado, entendo que dependo deles e preciso de todos.

Por enquanto, este é apenas o início do desenvolvimento. Mas, em última análise, vamos chegar a uma situação em que a pessoa vai ser forçada a aceitar todos como uma família, o que significa que vai ver o quanto depende deles, mesmo que o ego não desapareça, como acontece numa família real.

Nós não sentimos uma intenção egoísta em relação às pessoas que estão perto de nós; pelo contrário, queremos fazer tudo em seu benefício. Nós nos comportamos muito bem com eles, pois sentimos que eles são partes próximas de nós como se fôssemos um corpo,

Portanto, o que vamos fazer, se, por um lado, a mente nos disser que estranhos estão perto de nós e que nós dependemos deles cem por cento, e, por outro lado, o ego ainda não desapareceu, como acontece em uma família? Nós ficamos entre duas forças opostas. Uma força me manda amar os outros! E a segunda força se vira e diz que eu odeio os outros! O que pode ser feito quando há uma divisão como essa?

No âmbito do nosso mundo não há nada ser feito e isso é uma grande tragédia! Às vezes isso acontece numa família, e não há nada para corrigir. Este é um conflito insolúvel como os comandos que Abraão recebeu do Criador: “Por meio de Isaac a sua descendência será chamada e agora você deve trazê-lo para o sacrifício. E Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e acerca da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaac será chamada a tua descendência” (Gênesis 21:12).

“E Ele disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaac, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que Eu te direi”(Gênesis 22: 2).

Se isso acontece numa família, não é terrível, é possível se dar bem e resolver o conflito. Mas o que deve ser feito se o nosso desenvolvimento natural nos leva a um conflito como este, onde a nossa vida depende da capacidade de se aproximar dos outros tanto que nos tornamos um só corpo, como um homem com um coração?

Toda a nossa sociedade, toda a nossa civilização de sete bilhões terá que chegar a essa descoberta. O ego está me perturbando e não possibilita que eu me aproxime dos outros, e, por outro lado, eu dependo deles cem por cento.

Da Preparação para a Lição Diária de Cabalá 25/03/14