Shavuot: O Festival Da Luz No Caos Israelense

laitman_933Pergunta: O feriado de Shavuot está se aproximando, o festival da entrega da Torá. Mas a atmosfera na sociedade israelense não é de todo festivo.

Os nossos irmãos do sul estão com medo de que logo não terão nada para comer. Dimona está borbulhando; há conflitos em Jerusalém entre judeus e árabes, e uma grande corrupção abrange o país. Todos os dias há novos escândalos entre a polícia, promotores e o submundo.

Quando penso no feriado da entrega da Torá, a pergunta que me ocorre: “Talvez nós não precisemos dessa Torá? Se tivéssemos que ter sucesso na obtenção de apenas uma Mitzva (mandamento) na vida, “não roubarás”, a vida já se tornaria muito melhor. “Como esse feriado deve ser percebido em todo o caos israelense?

Resposta: Nós não servimos para esse feriado. Não temos uma conexão com a Torá. E mesmo que em algum momento nós tenhamos recebido a Torá, nós a perdemos ao longo do caminho. A Torá é a força que muda e corrige a natureza humana. Nós somos todos egoístas, como é dito: “Eu criei a inclinação ao mal” (Kiddushin 30b). O Criador  anuncia que Ele criou somente a inclinação ao mal, o ego, e nada mais. E contrário ao ego, Ele deu a Torá. Aparentemente, o Criador está nos dizendo: “Se vocês quiserem se livrar da difamação, furto, roubo, e de todos os problemas, todo o mal que fazem um com o outro, isso é possível! Mas não pensem que podem fazer isso sozinhos. Nada irá ajudá-los, nem um novo governo, ninguém e nada, somente a Torá! Mas que tipo de Torá? A Luz que Reforma”.

Pergunta: Será que antes de tudo nós devemos querer ser libertados da inclinação ao mal que nos devora? Será que a sociedade israelense tem tal desejo hoje?

Resposta: Nós estamos nos aproximando desse estado. No momento em que deixamos o Egito, sentimos que não podíamos mais tolerar esse estado chamado de “Egito”, que foi nos despedaçando, inserindo o mal, o nosso ego em nós, e nós não estávamos preparados para nos tolerar, por isso, fugimos de lá.

Pergunta: Depois do Êxodo do Egito nós recebemos os Dez Mandamentos, incluindo, “não roubarás”?

Resposta: Nós recebemos todos os Dez Mandamentos, porque os queríamos. A condição foi colocada diante de nós: “Vocês querem ser fiadores uns para dos outros? Querem se tornar como um homem com um coração? Querem ser judeus (Yehudi da palavra “yichud” [unidade]), ou seja, viver em união uns com os outros? Então, por favor, aceitem a Torá! Se não, vocês vão continuar neste caminho, e aqui será o seu local de sepultamento”.

Pergunta: Por que Deus diz a pessoa: “Não furtarás”, se Ele a criou com uma natureza que quer roubar?

Resposta: É para contrabalançar a natureza egoísta em que você existe; você vai entender que todo o roubo, todos os problemas, e todo o mal que você causa aos outros e a si mesmo são derivados dessa natureza e você não será mais capaz de continuar assim. Pois essa nação não pode existir por muito tempo num estado como esse. Nós vemos que os problemas são criados a nossa volta sobre os quais não temos escolha, e que é impossível continuar nesse caminho. Isso nunca foi revelado em tal grau. Portanto, as pessoas pensavam que estava em nosso poder corrigir algo, e se não a direita, a esquerda, se não a esquerda, a direita, ou os partidos centristas poderiam fazer algo. Cada pessoa que alcançava o poder pensava que podia mudar alguma coisa. Mas nós vemos que uma pessoa sozinha não tem o poder de mudar a si mesma. Isso só é possível com a condição de que ela aceite a Torá como um meio de correção.

Pergunta: O que é a Torá que pode mudar uma pessoa?

Resposta: Só se quisermos nos conectar, se entendermos que todo o nosso correção está na unidade entre nós – de acordo com o princípio “como um homem com um só coração”, “não faça ao seu amigo o que é odioso a você” (31a Shabat), “amarás o teu amigo como a ti mesmo” (Levítico 19:18), e “todo Israel são irmãos” -, se quisermos que isso seja realizado entre nós, há uma força única que está oculta na natureza que é chamada de “A Luz Superior” ou “A Torá”.

Pergunta: Onde está essa força oculta? Em que lugar?

Resposta: Não há lugar algum. Você simplesmente não o sente. Mas você pode derivar essa força e usá-la com a condição de que você comece a se conectar com outras pessoas e quer unir-se com elas. Assim, a condição para receber a Torá é a de se unir e ser como um homem com um só coração, tentar tornar-se assim, e querer ser responsáveis ​​uns pelos outros. É quando todos nós queremos nos livrar desse mal em que existimos.

Todos nós juntos, desde os representantes da Suprema Corte até as pessoas mais simples, devemos nos corrigir. E nós não temos possibilidade de fazer isso senão aceitando essa Luz que Reformas com a ajuda da Torá da verdade e da sabedoria da Cabalá. Esta sabedoria foi ocultada até recentemente, porque estava esperando até que chegamos a um estado de completa exaustão. Ela agora é revelada e nos explica como podemos usar a verdadeira Torá cuja Luz reforma através da sabedoria da Luz.

Se começarmos a nos conectar corretamente, em grupos de dez pessoas (assim como Moisés uma vez dividiu o povo em dezenas, centenas e milhares), e organizarmos workshops especiais para aprender a nos unir, onde cada um se anula diante dos outros, quer estar integrado com os outros, e sente que está sinceramente junto com os outros, então resulta que deixamos nosso ego, o nosso “eu” fora do círculo; enquanto que, no centro do círculo, nós inserimos o nosso desejo de unidade. De repente, no centro do círculo nós começamos a sentir uma força única que vem até nós da natureza. Esta é uma força real; é possível medir e senti-la. Você a descobre como todas as forças da natureza. Essa força é chamada de “Torá” e começa a corrigir a sua inclinação ao mal, a força de rejeição, o ódio, a força que obriga a roubar, a mentir, e a fazer mal aos outros.

Pergunta: Segue-se que a Torá é uma força?

Resposta: Sim. A Luz que Corrige é chamada de Torá. Os cinco livros da Torá são livros que descrevem essas mesmas leis. A sabedoria da Cabalá explica como podemos usar a Torá para que essa Luz “saia”, seja revelada e nos conecte. Então, nós alcançamos o amor e a unidade entre nós de acordo com os princípios de “ama o teu próximo como a ti mesmo” e “todos de Israel são irmãos”. Nós não temos isso agora, nem entre os seculares, e nem entre os religiosos; não há amor com ninguém. Mas nós devemos querer adquiri-lo. Para fazer isso nos é dada a revelação do mal de Cima. E veja de que forma nós a estamos descobrindo: ninguém pode estar livre dele, o mal é descoberto em toda parte, em todo o país, entre todos os tipos de pessoas!

Mas se nós nos tornarmos conscientes desse mal e quisermos nos unir, dos nossos esforços uma força será revelada entre nós que começará a nos conectar. Nós sentimos que estamos num campo único onde trabalhamos juntos em adesão com essa força que é revelada entre nós. Vamos começar a senti-la como superior, e isso é chamado de revelação do Criador às Suas criaturas neste mundo. Nós começamos a descobri-Lo e a senti-Lo de acordo com nossas mudanças internas. Isso é especificamente o que devemos fazer.

Assim, na sabedoria da Cabalá está escrito que estamos numa geração única que descobrirá o poder superior. Por isso temos que olhar para as nossas vidas de forma diferente: não vendo tudo como mal, mas compreendendo que é bom se descobrirmos o mal em nós, porque ele nos leva à descoberta do Criador, o poder superior, a Luz, e nos eleva para outro nível de existência, para o próximo nível de desenvolvimento humano.

Do Programa da Rádio Israelense 103FM, 17/05/15