Os Benefícios E Os Perigos Das Reformas

laitman_202_0Pergunta: As pessoas estão sempre à espera de novas reformas com a esperança de que a vida será melhor. Por exemplo, na sua opinião, a crise no setor da habitação pode ser resolvida com reformas na Administração de Terras de Israel, ou com a atribuição de lotes adicionais para construção, ou com um imposto sobre o valor agregado de zero na compra de uma casa.

Em geral, cada projeto em discussão na mídia ou governo suscita uma infinidade de reações, dependendo quais interesses eles representam. Portanto, nós precisamos de reformas?

Resposta: As reformas são úteis. Ao anunciar publicamente, os políticos abafam as vozes da oposição e se protegem da crítica. “Sejam pacientes, eu estou trabalhando no problema”. Com o tempo, o assunto delicado é obscurecido, dando lugar a outro, e novamente alguém sai com novas reformas e propostas para questões sensíveis.

Em resumo, falar de reforma ajuda a acalmar paixões e desloca a atenção das pessoas no sentido conveniente para o governo ou o reformista. Portanto, a única reforma eficaz só é possível com a condição de que entendamos como e em que direção a humanidade está se desenvolvendo. Esse “plano educativo” básico nos permitirá julgar se podemos continuar a viver sob o estilo de vida egoísta que determina todas as nossas conexões mútuas, toda a natureza de nossas relações.

Hoje, ao contrário do passado, a humanidade está se sentindo como um único amontoado que é soldado junto num sistema que inclui a natureza inanimada, vegetal e animal. O mundo inteiro é um único todo.

Basta abrir os olhos e compreender o quadro: nós vemos que estamos numa estrutura global integrada que nos une firmemente. Contanto que não nos demos bem dentro dela, podemos esperar um caminho espinhoso de falhas para nós.

Portanto, em todas as reformas, exceto as sociais, eu não vejo nenhum benefício. Elas são apenas um desperdício de tempo; seus resultados vão mostrar que o tempo acabou, nada foi realizado, mesmo na medida do possível nos quadros existentes, e o problema só se agrava.

Nós temos que trazer a sociedade moderna a um acordo com os requisitos que a evolução aplica a nós. De repente, nós estamos descobrindo que formamos uma comunidade integral na qual todos dependem uns dos outros. Nessa fase, de acordo com a sabedoria da Cabalá, nós precisamos considerar a nós mesmos como uma única família comum. Primeiro de tudo, é necessário cuidar das reformas sociais adequadas. Após o desenvolvimento dessa abordagem, ela deve ser transmitida educando-se as pessoas. É necessário proporcionar às pessoas sistemas educativos e informativos, de modo que elas comecem a se envolver nisso ativamente, entendendo e sentindo o que está em jogo. Só então a unidade deixará de ser um discurso vazio para elas.

Hoje, uma nova força se manifesta na sociedade que conecta todas as pessoas, mesmo contra sua vontade. Mas nós não a levamos em conta, nem na política e nem na economia. E assim nós estamos no limiar do caos, continuando a formar “bolhas” artificiais de sistemas que já tenham completado o seu ciclo de vida e não mais inerentes à natureza da sociedade humana.

Com base em nossa compreensão egoísta, estamos tentando implementar esses restos “fósseis” do passado em novas estruturas de relacionamentos integrais mútuos, mas elas não combinam entre si. Assim, os resultados terríveis que vemos aqui no curso do desenvolvimento atual tornaram-se negativos.

Claro que sempre encontramos desculpas para nós mesmos, referindo-nos aos déficits de outra escolha. Mas se olharmos de forma realista para a questão, a humanidade se encontra diante de um problema sério.

Quer queiramos ou não, ela está avançando no sentido de um “reino” mundial integral que está mais fortemente conectado mutuamente. Ainda dentro dos velhos hábitos, nós queremos inserir nele a nossa visão de um mundo “digital” discreto, embora na realidade exista um cálculo completamente diferente.

Nós não levamos em conta a conexão mútua e a interdependência universal, ignorando os laços “ocultos” que nos conectam fortemente, ou queremos espremê-los nos formatos do nosso egoísmo, colocando-os sob o controle do dinheiro e do poder, das forças armadas e dos bancos. Como resultado, dois tipos de sistemas estão em conflito, chocando-se uns contra os outros, e nós estamos cada vez mais e entrelaçados numa massa de ocultações e contradições. Chegou a hora de se voltar à raiz causal, em vez de fazer reformas em vão.

De KabTV “A Solução” 06/05/15