No Correto E Honrado Exílio

Laitman_509Tudo começa com o sentimento de exílio. Uma pessoa pode estudar muito, investir, mas a questão é quando (se), ela vai começar a sentir que está no exílio? É possível que ela tenha um monte de desejos, queira conhecer o próximo mundo, mudar a si mesma e o mundo, mas isso ainda não é considerado exílio.

Exílio é a falta de nossa capacidade de trabalhar para o Criador, para satisfazê-Lo, e nada mais. Isto significa que exílio é um nível muito nobre, um estágio elevado e difícil. Como se diz, “Um contra o outro foi criado pelo Criador”. Eu só começo a descobrir que estou no exílio com a ajuda da Luz que doa, me mostra a minha situação e me traz a sensação de exílio.

A Luz fortalece cada vez mais e me traz a sensação de que estou atravessando o caminho dos 49 portões de impureza, porque estou dentro do desejo egoísta e não posso satisfazer o Criador. E assim eu grito: “Deixe meu povo ir!” Eu entendo que não sou capaz de chegar a doar e satisfazer o Criador apesar disso ter sido meu único objetivo e paixão.

Só então eu chego ao fim do exílio e recebo Kelim (desejos) por redenção. Afinal de contas, eu passei por todos os portões, exceto o 50o portão, que eu não sinto e não sou capaz de corrigir.

Assim, a pessoa tem que fazer grandes esforços no sentido de esclarecer os discernimentos que nos governam, em oposição ao discernimento de doação e amor ao próximo. Esse será o verdadeiro estado de descoberta, ou seja, a descoberta do exílio.

Isto significa que “do amor dos seres criados ao amor do Criador”. Eu não sei o que é o Criador, onde Ele está localizado, como se relacionar ou estar em contato com Ele. Nós não temos nenhum meio de comunicação entre nós. Assim, em vez disso, eu recebo outras pessoas e a grande regra da Torá, “Ama o próximo como a ti mesmo”. Se eu conecto tudo junto, eu posso atrair a Luz que Corrige, que é chamada de “Torá”, que me eleva ao nível do Criador.

Isto significa que, em vez do Criador, nós recebemos o grupo, o campo de trabalho onde podemos nos projetar em relação ao Criador. Inúmeros sistemas são construídos de acordo com esse princípio. Existem sistemas muito simples onde eu vejo a mim mesmo, o objetivo, e como alcançá-lo. Este sistema foi criado para pessoas simples, não desenvolvidas ou crianças pequenas.

Uma pessoa mais avançada pode fazer planos a longo prazo que realizou em poucos anos. Esta é a maneira como todos os meios de comunicação agem. Mesmo um foguete que é acionado não vê o alvo que está além do horizonte. Mas eu sei como calcular de acordo com os dados atuais e me dirigir rumo à meta.

E aqui da mesma forma. Se eu me dirijo corretamente, com a ajuda de todos os meios disponíveis (Rav, livros, grupo e disseminação), eu me dirijo rumo ao Criador e vou alcançá-Lo. Assim, é dito, “do amor dos seres criados ao amor do Criador” e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Isso significa que nesse mundo eu sempre tenho meios exatos para me dirigir ao Criador.

Se eu entendo isso, eu sinto que estou no exílio correto. Isso significa que me falta o ponto de contato com o Criador. E mesmo sem qualquer contato com o Criador e sem conhecê-Lo, sem quaisquer sugestões, eu posso, no entanto, com a ajuda dos meios disponíveis em mãos, chegar a sensação de que estou no exílio, que não posso dar prazer ao Criador, e que estou longe Dele. Ele está lá em algum lugar! Então eu esclareço onde esse “em algum lugar” está, onde os “49 portões de impureza” estão, e compreendo que o Criador é o oposto da impureza. A partir dessa diferença, entre o exílio e a redenção, o sentimento de deficiência nasce, com o qual eu me equipo, e sou capaz de sair do Egito com grandes posses e continuar a trabalhar com eles para transformar os “49 portões de impureza” em portões de pureza.

Assim, não devemos pensar que não temos meios. Nós temos tudo o que é necessário, exceto os atributos espirituais de doação que receberemos apenas se os desejarmos. E nós recebemos todos os meios para desejá-los.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 07/04/14, Escritos do Ari