Diga A Seu Filho E A Todo Mundo

laitman_622_02Pergunta: É dito que durante o jantar festivo em honra do início de Pessach (Páscoa Judaica), nós temos que conversar com os nossos filhos sobre o êxodo dos judeus do Egito. O que exatamente devemos dizer-lhes? Qual é a coisa mais importante que eles deveriam saber?

Resposta: Em primeiro lugar, eu não acho que exista uma diferença entre adultos e crianças. É dito, “Diga ao seu filho”, ou seja, cada um que não sabe essas coisas e queira aprendê-las é como um filho para nós.

Todo mundo deve descobrir o que o “êxodo” significa e como ele é diferente da libertação. Nós devemos saber se ainda estamos no estado de exílio e continuamos a buscar a redenção.

Exílio é um estado que é oposto à redenção. Eles significam duas sensações internas opostas; até o momento, não somos capazes de definir qualquer um desses estados em nós.

Falando do Egito… Ele era tão ruim para os judeus? No início, eles desfrutavam uma abundância de alimentos e levavam uma “vida de reis”. O Faraó os tratava muito bem, era um verdadeiro paraíso. Por que, de repente, os sete anos de saciedade foram substituídos por sete anos de fome e os judeus reconheceram que estavam no exílio?

As pessoas perderam o propósito da vida. A pessoa parou de entender por que ela vive. Hoje, muitas pessoas podem fazer a mesma confissão: “Eu não sei por que eu vivo. Isso envenena minha vida na medida em que não quero me manter vivo”.

As pessoas escolhem se tornar terroristas pelo desespero, em busca da Luz em suas vidas. Elas buscam um ideal que vale a pena viver. Lutar com coisas que não combinam com seus ideais as fazem sentir que são heróis conquistando inimigos. Essa sensação faz com que suas vidas tenham um propósito; caso contrário, elas se sentem mortas.

Hoje em dia, muitas pessoas estão preocupadas com a descoberta do propósito na vida. Sem nenhum objetivo vital, nossa existência perde o gosto e até mesmo a morte parece melhor para nós do que esse tipo de vida. A abundância da carne e do alho egípcios não satisfaz mais.

O Egito reunia todo tipo de desejos humanos: comida, sexo, família, dinheiro, poder e conhecimento. Era um paraíso para todos, e os judeus eram os mais respeitáveis e ricos de toda a população egípcia. Portanto, o que lhes faltava? Apenas o propósito da vida. Quando esse tipo de pergunta desperta numa pessoa, ele envenena a própria sensação de ser. Nós sentimos que vivemos numa gaiola dourada e somos incapazes de sair dela.

Isto é o que é chamado de “escravidão”. Nossa vida próspera nos sufoca e mata. Se a nossa existência não fosse tão “saciada” justificaria o nosso desejo de fugir dela. No entanto, o nosso egoísmo não nos permite rejeitar uma existência confortável.

Nosso ego recebe prazer da vida egípcia. Ao mesmo tempo, nós somos conduzidos por uma pergunta: “Por que vivemos? Somos pessoas ou apenas animais?” Isto é o que está acontecendo no mundo hoje em dia.

Nós podemos prover tudo o que precisamos para viver uma boa vida, mas tudo o que temos é embebido com amargura. A pergunta sobre a essência da vida é muito mais importante do que benefícios materiais regulares. Ela nos atira do topo da montanha para o abismo, fazendo-nos reconhecer a nossa total obscuridade.

Isso é muito comum no mundo moderno, especialmente entre as gerações mais jovens. Nós começamos a sentir que estamos no exílio, em nosso egoísmo que nos mantém sob seu domínio e não nos deixar ir. Esse estado é chamado de “escravidão do Egito”. Nós temos que nos libertar dele.

De KabTV “Uma Nova Vida” 31/03/15