Como Um Feixe De Juncos —Pluralmente Falando, Parte 9

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Capítulo 9: Pluralmente Falando

Afetando a Coesão Social Através do Ambiente Social

Quatro Fatores De Influência

No seu ensaio, “A Liberdade”, [i] Baal HaSulam discute extensamente a estrutura da psique humana, e no que nós precisamos nos concentrar para alcançar uma mudança duradoura nas nossas sociedades. Através de uma longa análise da ação recíproca entre a herança e o ambiente, Ashlag explica que quatro fatores se combinam para nos fazerem quem nós somos:

1. Genes;

2. A maneira como nossos genes se manifestam durante a vida

3. O ambiente direto, tal como família e amigos

4. O ambiente indireto, tal como a mídia, a economia ou os amigos dos amigos.

Uma vez que não escolhemos nossos pais, não conseguimos controlar o conjunto genético. Mas nossos genes são meramente o “nós potencial,” não o “nós real” que no final se manifesta quando somos adultos. O “nós” real consiste de todos os quatro fatores. Além do mais, os últimos dois, que se relacionam ao ambiente, afetam e mudam nossos genes para se adequarem ao ambiente.

Vamos examinar o seguinte exemplo maravilhoso de como o ambiente muda os genes, como é relatado por Swanne Gordon da Universidade da Califórnia num ensaio intitulado, “Evolução Pode Ocorrer em Menos De Dez Anos”, publicado no Science Daily. “Gordon e seus colegas estudaram guppies — peixes pequenos de água doce… Eles introduziram os guppies próximo ao Rio Damier, numa seção acima da cascata de barreira que excluía todos os predadores. Os guppies e seus descendentes também colonizaram a porção inferior do rio, abaixo da cascata de barreira que continha predadores naturais. Oito anos mais tarde…, os investigadores descobriram que os guppies no ambiente de baixa predação… haviam se adaptado a seu novo meio ao produzir maior ou menor descendência com cada ciclo de reprodução. Tal adaptação não foi vista nos guppies que colonizaram o ambiente de elevada predação… ‘Fêmeas de elevada predação investem mais recursos na atual reprodução porque uma elevada taxa de mortalidade, impulsionada pelos predadores, significa que estas fêmeas podem não ter outra chance de se reproduzir’, explicou Gordon. ‘Fêmeas de baixa predação, por outro lado, produzem embriões maiores porque bebês maiores são mais competitivos nos ambientes com recursos limitados, típicos de espaços de baixa predação. Além do mais, fêmeas de baixa predação produzem menos embriões não só porque têm embriões maiores, mas também porque investem menos recursos na atual reprodução’”. [ii]

O Dr. Lars Olov Bygren, um especialista de saúde preventiva, documentou um exemplo ainda mais surpreendente de como os genes mudam através dos efeitos ambientais. John Cloud da Time Magazine descreveu a pesquisa do Dr. Bygren sobre os efeitos a longo prazo que os anos de fome e fartura tiveram sobre os residentes da aldeia Sueca isolada de Norrbotten. Contudo, Dr. Bygren observou não só os efeitos das oscilações dietéticas tinham sobre as pessoas que as realizaram. Ele também examinou “se esse efeito podia começar ainda antes [ênfase acrescentada] da gravidez: Podiam as experiências dos pais no princípio de suas vidas de algum modo mudar os traços que eles passavam a seus descendentes?” [iii] “Era uma ideia herege”, escreve Sr. Cloud. “Afinal, tivemos um acordo prolongado com a biologia: sejam quais forem as escolhas que tomemos durante nossas vidas que arruínem nossa memória a curto-prazo ou nos tornem gordos ou acelerem a morte, elas não mudarão nossos genes — o nosso próprio DNA. Isso significava que quando todos tivéssemos filhos nossos, a lousa genética estaria limpa.

“Além disso, quaisquer efeitos da criação (ambiente) sobre a natureza de uma espécie (genes) não era suposto acontecer tão rapidamente. Charles Darwin, cujo Sobre a Origem das Espécies… nos ensinou que as mudanças evolucionárias tomam lugar durante muitas gerações e durante milhares de anos de seleção natural. Mas Bygren e outros cientistas agora haviam amassado a evidência histórica sugerindo que condições ambientais mais poderosas … conseguem de algum modo deixar uma impressão sobre o material genético em ovos e esperma. Estas impressões genéticas conseguem dar um curto-circuito na evolução e transmitir novos traços numa única geração”. [iv]

Baal HaSulam, regressando ao seu ensaio, “A Liberdade”, sugeriu um conceito muito semelhante que se alinha com os achados do Dr. Bygren. Na seção, “O Ambiente como um Fator”, ele escreve (ênfase acrescentada), “É verdade que o desejo não tem liberdade. Em vez disso, ele é operado pelos mencionados quatro fatores [Genes; como eles se manifestam, ambiente direto, ambiente indireto]. E a pessoa está obrigada a pensar e a examinar como eles sugerem, desprovida de qualquer força para criticar ou mudar”… [v]

Na seção subsequente, “A Necessidade de Escolher um Bom Ambiente”, Baal HaSulam acrescenta, “Como nós vimos, é uma coisa simples, e deve ser observada por todo e cada um de nos. Pois embora cada um tenha a sua própria origem, as forças são reveladas abertamente somente através do ambiente em que a pessoa se encontra”. [vi]

Isto pode soar determinista porque se somos completamente governados pelos nossos ambientes, pareceria que não teríamos livre arbítrio. Todavia, escreve Baal HaSulam, nós podemos e devemos escolher nosso ambiente muito cuidadosamente. Nas suas palavras, “Há liberdade para a vontade de inicialmente escolher tal ambiente … que concede à pessoa bons conceitos. Se ela não fizer isso, mas está disposta a entrar em qualquer meio que apareça…, esta pessoa está destinada a cair num mau ambiente… Como consequência, será forçada a conceitos imundos…” Tal pessoa, conclui ele, “certamente será punida, não devido aos seus maus pensamentos ou ações, nos quais não tem livre arbítrio, mas por não escolher estar num bom ambiente, pois nisso há definitivamente uma escolha. Desta forma, aquele que almeja continuamente escolher um ambiente melhor é digno de louvor e recompensa. Mas aqui, também, não é devido aos seus bons pensamentos e ações, …mas devido aos seus esforços para adquirir um bom ambiente, que traz … bons pensamentos”. [vii]

Desta forma, nós vemos que todos somos potencialmente demoníacos, da mesma forma que somos potencialmente angélicos. A escolha de agirmos de um extremo ou outro, ou qualquer mistura dos dois, não depende se escolhemos ser de uma maneira ou da outra, mas do ambiente social no qual nos colocamos, ou que formamos para nós mesmos.

Como pais, nós instintivamente alertamos nossos filhos a se afastarem de crianças maldosas no bairro, e de maus estudantes na escola. Assim, a consciência da influência do ambiente é inerente nos nossos genes parentais, por assim dizer. Agora devemos expandir essa consciência e perceber que não basta ver que nossos filhos andam com as crianças “certas”. Nós devemos começar a desenhar um novo paradigma de pensamento para nós mesmos, bem como para nossos filhos. É um paradigma no qual a responsabilidade mútua representa o papel principal, preocupação mútua e camaradagem assumem a ribalta, e o discurso público muda correspondentemente.

Em outras palavras, a máxima conhecida do Rabi Akiva, “Ama teu próximo como a ti mesmo” deve tomar forma e ser moldada como um modo de vida para a sociedade. Esse paradigma social é o DNA do nosso povo, nosso legado para o mundo, e é o que o mundo, até inconscientemente, espera que transmitamos.

Numa era de consecutivas e sobrepostas crises globais, o mundo está numa necessidade desesperada de uma corda salva-vidas, uma lasca de esperança. Nós Judeus somos os únicos que lhes podemos oferecer essa esperança, que é chamada “garantia mútua”. O próximo capítulo esboçará os conceitos básicos da implementação da garantia mútua como o paradigma social predominante.

[i] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam , “A Liberdade” (Israel: Instituto de Pesquisa Ashlag, 2009), 414.

[ii] “A Evolução Pode Ocorrer em Menos de Dez Anos”, Science Daily (15 de Junho de 2009), http://www.sciencedaily.com/releases/2009/06/090610185526.htm

[iii] John Nuvem, “Por que seu DNA não é o Seu Destino”, Time Magazine (06 de janeiro de 2010), url: http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,1952313, 00.html.

[iv] ibid.

[v] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam , “A Liberdade”, 419.

[vi] ibid.

[vii] ibid.