Como Um Feixe De Juncos — Viver Num Mundo Integrado, Parte 4

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Capítulo 10: Viver Num Mundo Integrado

Um Mundo Integrado Exige Educação Integral

Mídia Pró-social

Nos Escritos de Baal HaSulam, Ashlag afirma, “O maior de todos os prazeres imagináveis é ser favorecido pelas pessoas. É vantajoso desperdiçar toda a nossa energia e prazeres corpóreos para obter certa quantia dessa coisa deliciosa. Este é o ímã que atraiu os maiores de todas as gerações, e pelo qual eles banalizaram a vida da carne”. [vi]

Desta forma, para alterar nosso comportamento social, nós devemos mudar o nosso meio social de um que promove a individualidade para um que promova a mutualidade. Falando de forma prática, nós podemos usar as mídias para demonstrar como o trabalho em grupo rende melhores resultados que o trabalho individual, e como a competição é prejudicial à nossa felicidade e saúde. Assim que percebemos que há uma recompensa maior na conduta cooperativa que no individualismo, será fácil colaborar e partilhar.

Em seu livro inspirador, A Sabedoria das Equipes: Criar a Organização de Alta-Performance, os autores Jon R. Katzenbach e Douglas K. Smith descrevem uma história de sucesso que vale a pena mencionar no contexto das vantagens do trabalho em equipe. A Burlington Northern Railroad era uma empresa bem sucedida de transportes, e é atualmente parte de uma grande corporação detida pela Berkshire Hathaway, que é controlada pelo investidor Warren Buffett. Em 1981, a Burlington Northern Railroad sofreu uma revolução por sete homens — Bill Greenwood, Mark Cane, Emmett Brady, Ken Hoepner, Dave Burns, Bill Dewitt, e Bill Berry — que usaram a desregulação Americana da indústria ferroviária para acelerar a entrega de fretes e minimizar o custo da entrega. É assim que Katzenbach e Smith descrevem o espírito com o qual eles levaram a cabo essa revolução: “Todas as verdadeiras equipes partilham um compromisso com seu propósito comum. Mas somente membros de equipe excepcionais… também se tornam profundamente dedicados uns aos outros. Os sete homens desenvolveram uma preocupação e compromisso tão profundos um pelo outro como sua dedicação à visão que estavam tentando concretizar. Eles procuraram o bem estar uns dos outros, apoiaram-se uns aos outros quando e como quer que fosse necessário e trabalharam constantemente uns com os outros para fazer o que fosse necessário fazer”. [vii]

Tal história podia ser um advogado poderoso para o caso a favor da unidade sobre a competição. O único problema é que no nosso mundo ultra competitivo, até a unidade é usada para ganhar alavanca pessoal para o grupo que a pratica (ou devemos dizer, que a comete, devido ao seu mau uso). No mundo interligado e interdependente de hoje, este tipo de unidade é insustentável.

Na nossa sociedade egocêntrica, a unidade durará somente enquanto for lucrativa para os indivíduos envolvidos. No capítulo anterior, na secção, “De Eu, a Nós, a Um”, descrevemos os efeitos doentios da competição. Ao mesmo tempo, reconhecemos que “com nosso presente conhecimento da natureza humana, não podemos evitar esta atitude competitiva e alienante porque ela vem de dentro de nós, uma ditadura do quarto nível falante do desejo, e não podemos parar a evolução dos desejos”.

Contudo, já dissemos que não precisamos impedir nossa evolução, só mudar para uma direção construtiva para todos. O meio mais instrumental para concretizar isto é através dos meios de comunicação de massa. Se desenvolvermos um conteúdo de mídia pró-social e nos bombardearmos com ele tanto quanto atualmente nos bombardeamos com anúncios e informativos que visam esgotar nossas contas bancárias, nos encontraremos vivendo numa sociedade muito diferente da atual.

Os meios domésticos contemporâneos das pessoas contêm uma grande dose de entretenimento das mídias, seja através da TV ou via a Internet. Uma publicação pelo Departamento de Educação Americano intitulada, “Guia das Mídias – Como Ajudar Seus Filhos No Começo da Adolescência”, afirmou, “É difícil compreender o mundo dos jovens adolescentes sem considerar o enorme impacto dos meios de comunicação de massa nas suas vidas. Eles competem com a família, amigos, escolas, e comunidades na sua habilidade de moldar os interesses, atitudes e valores dos jovens”. [viii] Lamentavelmente, a maioria dos interesses que a mídia molda é antissocial.

Por exemplo, uma publicação online da Universidade do Sistema de Saúde de Michigan declara que “Literalmente milhares de estudos desde os anos 1950 questionaram se há um elo entre a exposição à violência da mídia e o comportamento violento. Todos senão 18 responderam, ‘Sim’. …De acordo com a AAP (Academia Americana de Pediatras), ‘Extensiva evidência de pesquisas indica que a violência da mídia pode contribuir para o comportamento agressivo, dessensibilização à violência, pesadelos e medo de ser magoado’”. [ix]

Para compreender quanto a violência as jovens mentes absorvem, considere esta informação da publicação mencionada acima: “Uma criança mediana Americana verá 200.000 ações violentas e 16.000 assassinatos na TV pelos 18 anos de idade”. [x] Se este número não parece alarmante, considere que há 6.570 dias em dezoito anos. Isto significa que em média, pelos dezoito anos de idade uma criança terá sido exposta a um pouco mais de trinta ações de violência na TV, 2.4 das quais são assassinatos, todos os dias da sua jovem vida.

Na mesma nota, no seu livro, Desenvolvimento Durante a Vida: Uma Abordagem Psicológica, publicado em 2008, Barbara M. Newman, PhD e Philip R. Newman descrevem como a “Exposição a muitas horas de violência na televisão aumenta o repertório de comportamento violento das jovens crianças e aumenta a prevalência de sentimentos de cólera, pensamentos e ações. Estas crianças são apanhadas na fantasia violenta, participando da situação televisiva enquanto assistem”. [xi] Se nos recordarmos dos neurônios-espelho, e considerarmos quanto nós, e especialmente as crianças, aprendem por imitação, podemos imaginar que dano irreversível a violência lhes causa, e nós já estamos sentindo os efeitos desta educação enferma.

Desta forma, desenvolver mídias que sejam pró-sociais e de pró-responsabilidade mútua é imperativo para nossa sobrevivência enquanto sociedade habitável. Isso deve desempenhar um papel chave na mudança da atmosfera pública de alienação para camaradagem. As mídias nos fornecem praticamente tudo o que sabemos sobre o nosso mundo. Até a informação que recebemos de amigos e da família frequentemente chega via mídias — a versão moderna da parreira.

Mas as mídias não nos fornecem simplesmente informação. Também nos oferecem petiscos sobre pessoas que aprovamos ou desaprovamos, e nós formamos nossas visões baseadas no que vemos, escutamos ou lemos. Como seu poder sobre o público não tem rival, se as mídias mudarem para a convergência e a unidade, também mudarão a visão mundial da maioria das pessoas para esses valores.

Atualmente, as mídias se concentram em indivíduos bem sucedidos, magnatas da media, mega estrelas pop, e indivíduos ultra bem sucedidos que ganharam milhões nas costas dos seus rivais. Em tempos de crise, tais como depois do Furacão Sandy, ou durante inundações, as pessoas se unem em prol de se ajudarem. Em tais tempos estas histórias, que as mídias transmitem abundantemente, ajudam a levantar a moral e nos dão esperança de que o espírito humano não seja de todo mau. Mas, assim que o próximo item de notícias aparece, as mídias correm atrás dessa história e desaparecem, levando com elas a fé no espírito humano. Em vez disso, sensações de suspeita e alienação ressurgem no horário nobre.

Para instalar uma mudança duradoura e fundamental na nossa visão mundial, para nos fazer desejar a qualidade de doação, as mídias devem apresentar a imagem completa da realidade, e nos informar a sua estrutura interligada e interdependente. Para este fim, elas devem produzir programas que demonstrem como essa qualidade afeta todos os níveis da Natureza — inanimado, vegetal, animal e falante — e encorajar as pessoas a emulá-la com o objetivo de equalizar nossa sociedade com os traços da Natureza ou seja, mutualidade e homeostase. Em vez de programas de entrevistas que idolatram pessoas que têm sucesso, estes programas devem louvar pessoas que ajudaram outras a ter sucesso.

Se as mídias mostrarem pessoas se preocupando umas com as outras e as colocarem num pedestal principalmente porque suas ações coincidem com a lei da Natureza, a Lei da Doação, isso gradualmente mudará o desejo do público de egocêntrico para a camaradagem. As pessoas começarão a sentir que há ganho pessoal em ser altruísta, possivelmente muito mais do que o ganho onde há egoísmo, se é que há algum ganho nele.

Hoje, a mensagem predominante que as mídias devem retratar é, “Unidade é divertida, e ela também é boa para você, junte-se”! Há várias e amplas maneiras pelas quais podemos demonstrar que a unidade é uma dádiva.

Embora todo o cientista saiba que nenhum sistema na Natureza opera em isolamento, e que a interdependência é o nome do jogo, a maioria de nós está inconsciente disso. Quando virmos como cada órgão físico funciona para beneficiar o corpo inteiro, como as abelhas colaboram em colmeias, como um cardume de peixes nada em uníssono que pode ser confundido com um único peixe gigante, e como os chimpanzés ajudam outros chimpanzés, ou até humanos, sem qualquer recompensa em retorno, saberemos que a principal lei da Natureza é a da harmonia e coexistência.

As mídias devem nos mostrar tais exemplos muito mais frequentemente que o fazem. Quando percebermos que é assim que a Natureza funciona, espontaneamente examinaremos nossas sociedades e nos esforçaremos em emular essa harmonia entre nós. Se nossos pensamentos começarem a mudar nesta direção, eles criarão uma atmosfera diferente e introduzirão um espírito de esperança e força nas nossas vidas, até antes deles implementarem esse espírito na realidade, uma vez que estaremos alinhados com a força da vida da Natureza — o Criador.

Porque, tal como acabamos de afirmar, nosso maior prazer é o de ganhar a aprovação das pessoas, se outros aprovarem nossas ações e visões nos sentiremos bem acerca de nós mesmos. Se eles desaprovam o que fazemos ou dizemos, nos sentimos mal acerca de nós mesmos e tendemos a esconder ou modificar nossas ações para nos ajustarmos à norma social. Em outras palavras, como é tão importante para nós nos sentirmos bem conosco mesmos, as mídias estão numa posição única para mudar as ações e visões das pessoas.

Não surpreendentemente, os políticos são as pessoas mais dependentes de votos na sociedade, pois suas carreiras e a própria vivacidade dependem da sua popularidade. Se lhes mostrarmos que mudamos nossos valores, eles mudarão os seus para seguir nossa conduta. E uma das maneiras mais fáceis e mais eficazes de lhes contarmos o que valorizamos é mostrar-lhes o que queremos ver na TV! Se dermos elevadas classificações a programas que promovem unidade e camaradagem, os políticos irão se sintonizar nesse espírito e legislarão correspondentemente. Como os políticos querem manter sua posição, precisamos lhes mostrar isso, reter suas posições, eles têm que promover o que nós queremos que eles promovam: unidade.

Quando formos capazes de criar uma mídia que promova unidade e colaboração em vez da glorificação de celebridades, criaremos um meio que nos persuada que a unidade e a responsabilidade mútua são boas.

[vi] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam, 44.

[vii] Jon R Katzenbach e Douglas K Smith, The Wisdom of Teams: Creating the High-Performance Organization (US: Harvard Business School Press, January 1, 1992), 37-38.

[viii] U.S. Department of Education, “Media Guide—Helping Your Child Through Early Adolescence,” http://www2.ed.gov/parents/academic/help/adolescence/index.html

[ix] University of Michigan Health System, “Televisão e as Crianças”, http://www.med.umich.edu/yourchild/topics/tv.htm

[x] ibid.

[xi] Barbara M. Newman e Philip R. Newman, Development Through Life: A Psychosocial Approach (Belmont, CA: Wadsworth Cengage Learning, 2008), 250