Babilônia Moderna

Dr. Michael LaitmanPergunta: A nação Judaica tem passado por uma transformação especial, a transição da escravidão à liberdade, à qual dedica-se a festa de Pessach (Páscoa Judaica). Qual é o significado desta transformação?

Resposta: O significado da libertação da escravidão é adquirir o poder do amor devido à saída do egoíismo pessoal. Nós estamos sob o controle do sistema que nos avança, especialmente dado sob o poder do nosso egoísmo, que é chamado de Faraó.

Primeiro, nós nos sentimos bem nesta escravidão, mas depois percebemos que estamos no exílio e que somos escravos do egoísmo que nos governa de forma absoluta. Nós não concordamos com essa autoridade e desejamos escapar dela, das más atitudes em relação ao outro, porque vemos que desta forma é impossível seguir em frente e existir.

Depois que muitas tentativas fracassadas, nós nos convencemos de que nada pode ser feito e que só um milagre pode nos salvar. Com efeito, o egoísmo está nos matando na medida em que não vemos sucesso em nada em nossas vidas de forma alguma. Deste modo, a lei do Faraó se manifesta entre nós.

Essa é a situação que vemos hoje em Israel. Existem 23 partidos políticos em um pequeno país, enormes lacunas entre diferentes camadas da população, a crise no sistema de ensino, uma crescente taxa de divórcio e de uso de drogas. Metade dos cidadãos estaria disposta a mudar para outro país se tivesse a chance.

Nossa atitude indelicada para com o outro pode ser vista no comportamento nas estradas e em outros lugares. Nós estamos divididos pela indiferença para com os outros e o orgulho. O egoísmo reina dentro de nós e nos faz agir desta forma. Não é nossa culpa, mas é nossa natureza que joga com a gente.

A pessoa deve perceber que nossa natureza é a inclinação ao mal, que nos escraviza. Se não sairmos dessa situação, nossas vidas vão acabar e não deixaremos para trás nada de bom para nossos filhos. A vida vai se tornar pior e eles não terão nem aquelas migalhas de felicidade que tivemos uma vez.

Isso é escravidão, e a Hagadá de Pessach nos diz como escapar para alcançar a liberdade. Mas, acima de tudo, precisamos entender que estamos na escravidão. Afinal, enquanto você se vê na escuridão do egoísmo que nos separa através do ódio mútuo, é impossível entender a realidade da liberdade deste anjo da morte.

Nós temos que querer nos tornar um povo livre em nosso país, independente da nossa vontade. Nós precisamos querer alcançar o amor, a conexão, a garantia mútua e a unidade entre todos acima da nossa natureza egoísta.

O povo de Israel uma vez escapou de seu egoísmo e subiu a uma altura de unidade e amor, que se chama a construção do Templo. Mas depois não fomos capazes de permanecer naquela altura e caímos dela.

Rabi Akiva ensinou que você não pode deixar o princípio do “ama o próximo como a ti mesmo”; caso contrário, cairemos novamente no ódio infundado. O Egito é o estado de ódio sem causa entre nós. Após a destruição do Segundo Templo há 2000 anos, nós voltamos a esse estado de ódio, que é chamado de Egito.

Após milhares de anos vivendo na unidade e na conexão, o povo Judeu foi novamente ao Egito, ao ódio infundado. Mas hoje o mundo inteiro deve perceber que estamos no Egito.

Uma vez, um pequeno grupo liderado por Abraão deixou a babilônia e se tornou unido no povo de Israel. Mas depois, ele voltou para Babilônia e se misturou com todos os babilônios. Hoje, nós nos encontramos novamente diante da mesma torre de Babel e somos confrontados com o ódio contra os outros e a falta de vontade de conhecer e compreender os outros. Isto é chamado de confusão das línguas.

Mais uma vez, nós temos que realizar a mesma ação como a que foi realizada na antiga Babilônia. É dito que os atos dos pais são um exemplo para seus filhos. Hoje, nós precisamos mais uma vez sair do Egito, mas este será o último exílio antes da libertação final.

De Kab TV “Uma Nova Vida” 22/03/15