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Será Que A Divisão Do Mar Vermelho Realmente Aconteceu?

laitman_749_02Pergunta: Já houve o milagre em que o Mar Vermelho se abriu e o povo de Israel atravessou-o quando fugiam do Faraó?

Resposta: A Torá não fala sobre acontecimentos do nosso mundo material. Ela fala apenas sobre o que acontece entre as nossas almas. Neste sentido, nós passamos por um estado espiritual interior chamado “Travessia do Mar Vermelho”.

O êxodo do Egito e a liberdade da escravidão do Egito representam a liberdade do controle do nosso ego, do “Anjo da Morte”. No início, no caminho para essa liberdade, nós passamos por algum tipo de passagem chamada cruzar o Mar Vermelho. Isso simboliza o fim do Egito, o fim do nosso ego, após o qual podemos nos tornar um povo livre.

A força única da unidade está escondida dentro da natureza que é chamada de Criador. Quando investimos esforços para se unir, para se aproximar do outro contra a nossa vontade, através destes esforços o poder superior cria um estado onde “a divisão do Mar Vermelho” será descoberta. Ele nos move da natureza egoísta para uma natureza de doação e amor.

Do Programa na Radio Israelense 103FM, 15/03/15

O Gene Da Liberdade

Dr. Michael LaitmanPergunta: A celebração de Pessach é uma oportunidade especial para aprender algo novo sobre si mesmo, sobre o nosso povo, sobre a nossa sociedade, e fazer uma mudança qualitativa em nossos relacionamentos mútuos.

O Rav Kook escreveu que se o povo de Israel não tivesse feito essa transição da escravidão para a liberdade, o mundo inteiro nunca teria sido capaz de fazer tal mudança. É verdade que o povo de Israel afeta tanto o mundo inteiro?

Resposta: O povo de Israel é um grupo especial de pessoas que foram selecionadas de todo o mundo e que saiu da antiga Babilônia para se unir.

Hoje, o mundo inteiro está no mesmo ódio mútuo, que foi revelado anteriormente somente entre os judeus durante a destruição do Templo. Devido a esse ódio, os judeus caíram da altura da unidade para o nível deste mundo, e isso significa ir para exílio .

Hoje, o povo judeu está misturado com o mundo inteiro, e todos nós estamos no mesmo estado, chamado de Egito ou escravidão do ódio mútuo.

Uma vez que os judeus já saíram essa escravidão, nós temos memórias, os genes (Reshimot) daquele estado anterior. É por isso que temos que tirar todos os outros desse terrível estado em que toda a humanidade existe agora e estabelecer um exemplo para todos, ou seja, ser “uma Luz para as nações do mundo”.

Agora esta tarefa é para o povo de Israel que vive na terra de Israel. É por isso que nós fomos capazes de voltar aqui. Nós temos que entender a nossa missão em benefício do mundo inteiro. Afinal, o propósito da criação é que toda a humanidade se torne um povo, uma família, como está escrito nos profetas.

De KabTV “Uma Nova Vida” 22/03/15

Tudo Sobre A Revelação Do Amor

Dr. Michael LaitmanPergunta: Por que só a sabedoria da Cabalá tem uma resposta sobre o sentido da vida?

Resposta: Nós procuramos respostas de forma clara e científica e não acreditamos no que alguém escreveu em alguns livros. Eu tenho que alcançar a resposta por mim mesmo. A sabedoria da Cabalá é baseada no na realização exata, como se diz, “um juiz só tem o que seus olhos podem ver”. A realização é o entendimento mais claro que uma pessoa pode ter. Essa é a maneira que deve ser.

Portanto, quando nos envolvemos com o método Cabalístico, adquirimos ferramentas de investigação científica e descobrimos tudo até não temos dúvidas. É através da sabedoria da Cabalá que eu descubro as ferramentas, as oportunidades e os atributos dentro de mim, com os quais posso revelar o Criador, a rede que conecta toda a criação e o mundo superior.

Eu vivo em dois mundos. Meu corpo vive neste mundo e, ao mesmo tempo, eu sinto a realidade superior. Mas só eu a sinto, uma vez que apenas eu a atinjo. Quem quiser sentir a mesma coisa tem que passar pelo mesmo caminho de estudo e exercícios, e assim irá gradualmente atingir a revelação da realidade superior.

Pergunta: Você sempre fala sobre a revelação, a revelação da força que envolve tudo, a força única que opera na natureza. Será que isso significa que há algo que existe agora, mas eu simplesmente não o sinto? O que significa revelar?

Resposta: Há muitos fenômenos que você não conhece nem detecta. Você percebe ou recebe ondas de rádio? Não. Há muitos fenômenos que ocorrem em torno de nós, mas nós não os percebemos ou recebemos. Nós simplesmente temos construído diferentes instrumentos com os quais podemos detectar tais fenômenos. Mas, de acordo com a sabedoria da Cabalá, não podemos construir dispositivos externos. Nós somos os únicos que têm que mudar internamente; porque a nossa percepção, nossa mente e nossos sentimentos são limitados, nós temos que expandi-los. Como nós temos que descobrir a força geral da natureza que se chama Criador, que significa Bo-re, (venha e veja), nós temos que atingir o estado em que vamos vê-Lo, ou seja, revelá-Lo e chegar à realização.

Pergunta: O que eu tenho que fazer quando alcanço a revelação da realidade superior?

Resposta: A revelação em si obriga você, assim como qualquer revelação neste mundo que obriga você a se comportar de maneira diferente, porque você realmente muda de acordo com ela. Então, novos conhecimentos e sentimentos o preenchem.

Pergunta: Mas como a revelação da realidade superior, do Criador, me preenche?

Resposta: Você sente que é preenchido com amor ao próximo. É uma imensa mudança que a pessoa sofre. É porque “ama teu amigo como a ti mesmo”, a lei da garantia mútua, é a lei geral da realidade superior, e nós temos que subir todo o caminho até ela e existir dentro dela.

Do Programa na Rádio Israelense 103FM, 18/ 01/15

No Mundo Quântico O Futuro Afeta O Passado

Dr. Michael LaitmanNas Notícias (Hi-news.ru): “Um novo estudo diz que agora nós sabemos tudo sobre partículas quânticas, mas não podemos medi-las com precisão. Em geral, nós podemos calcular a probabilidade estatística dos possíveis resultados. Este fato não é uma medida incorreta em si, mas um fenômeno natural registrado”.

“Não só não sabemos o estado da partícula quântica, mas até medi-la, ela é totalmente indefinida e obscura. O próprio processo de medição direta força as partículas a mudar vagamente o seu estado”.

“Não muito tempo atrás, os físicos estudavam os atributos das partículas somente através de experimentos teóricos, enquanto a observação direta forçava os objetos a esconder seus atributos quânticos”.

“Na década de 80, os cientistas desenvolveram instrumentos especiais que medem esses sistemas sensíveis com muito cuidado, e não levam a seu colapso repentino. Os instrumentos habilitaram os físicos a prever o estado futuro com uma precisão de até 90%, o que significa que eles conseguiram realizar o processo em nove de cada dez casos”.

“A teoria quântica sugere que, no mundo quântico, o tempo muda em duas direções, enquanto que de acordo com a física clássica, assim como no mundo clássico, tudo flui apenas numa direção. O resultado da experiência determinou a simetria do tempo”.

“Os dados que foram recebidos indicam que o estado quântico do sistema combina as informações sobre o passado e o futuro. A ilustração gráfica do tempo no mundo quântico deve ser indicada por uma seta com duas cabeças”.

Meu Comentário: É impressionante que todos os atributos típicos da natureza quântica foram descritos pela sabedoria da Cabalá 5776 anos atrás pelo primeiro Cabalista que descobriu o outro mundo que está além do mundo corpóreo egoísta. Adão (primeiro homem) escreveu sobre isso em seu livro O Anjo Raziel (a força oculta), referindo-se à força geral de conexão, que é amor e doação.

“E Serás Chamado Diante Do Nome Do Criador”

laitman_528_04Pergunta: Como eu posso escolher entre agir a favor do meu ego ou a favor do ambiente? Afinal de contas, às vezes o meu ego me confunde e me convence de que o que é bom para o meio ambiente é diferente do que a sociedade define como bom.

Resposta: Se o grupo diz algo, é, sem dúvida, um sinal de que essa é a maneira que deve ser. É dito: “Eles têm olhos, mas não podem ver”. Como você pode acreditar em seus próprios olhos? Se o grupo me diz que algo tem que ser feito, eu posso organizar um debate, um workshop, mas, no final, eu tenho que aceitar a decisão do grupo.

A mesma regra se aplica às relações entre o professor e os alunos, como está escrito: “Eduque uma criança segundo os seus caminhos” (Provérbios 22: 6). Se o grupo toma uma determinada decisão no que diz respeito ao seu caminho, eu vou junto e não posso correr na frente, já que não terei mais permissão de descobrir de cima, a menos que seja de acordo com a opinião do grupo, seu desejo, decisões e perspectiva. Eu não posso julgar o grupo e eu mesmo. Eu inclusive me engano no meu autojulgamento e continuamente chego a conclusões erradas. Isso é sem dúvida o que acontece.

Pergunta: Portanto, o que pode alimentar uma pessoa, se ela acredita que o grupo está errado?

Resposta: Claro que eu sempre acredito que o grupo está errado, mas não preciso prestar atenção a esses pensamentos. É claro que eu acho que todo mundo está errado e eu estou certo. Mas, se o Criador me trouxe para o grupo e disse “tome”, eu tenho que aceitar esse destino. Mas como eu posso aceitá-lo se não concordo com a opinião do ambiente, não estou incorporado nele, e não me conecto com os amigos?

Eu não sou objetivo porque julgo tudo com minhas corrupções (“a pessoa julga de acordo com suas próprias falhas”), de acordo com o meu ego. Os amigos também chegam à conclusões egoístas e podem estar estudando tanto quanto eu, podem entender menos, mas se eles têm uma opinião geral, eu tenho que aceitá-la. Este é o meu ambiente e eu tenho que crescer nele, porque não posso crescer sozinho. Eu tenho que aceitar a sua opinião como se fosse a opinião da minha mãe, como um útero ao qual eu tenho que me adaptar, e a força superior vai completar o trabalho.

O ambiente é a forma em relação a qual eu tenho que quebrar meu ego e transformá-lo em doação. Esta é a razão de se dizer “Eduque uma criança segundo os seus caminhos”, o que significa que temos que levar em conta o seu caminho, o seu desejo, o seu progresso, e assim avançar. Isso não pode ser feito de forma diferente.

Caso contrário, não há nada com que eu possa me anular. O Criador não está ao meu lado. O grupo deve ser sempre o Criador para mim, cada vez mais. Por isso se diz: “do amor dos seres criados ao amor do Criador”. Se eu me estabilizar no que diz respeito ao grupo, eu vou começar a ver o Criador através dele, porque a forma do grupo é a forma do superior.

Nós temos que discutir e esclarecer todas estas questões e consultar o professor, mas uma vez que o grupo tome uma decisão, eu tenho que me anular no que diz respeito à sua opinião. Uma pessoa não pode se beneficiar se tem queixas em relação ao grupo e se o deixa e desaparece. Todas as suas queixas, seus desejos e seus pensamentos são inúteis se ela não anular no que diz respeito ao grupo. Esta é a única razão pela qual eles foram dados a ela.

O grupo também me dá o poder de me anular. Eu recebo a Luz que reforma através dele, e é claro que não tenho um poder próprio. Mas eu já entendo que meus miseráveis e temporários pensamentos e desejos, e os pensamentos e desejos do grupo, me foram dados apenas para que eu exija a Luz que Reforma e me apegue a ela cada vez mais.

Um embrião não precisa do útero, mas precisa da força que ele obtém através dela e que formata o seu corpo de forma semelhante ao superior. O superior não é o útero. O útero é apenas o meio temporário para que eu me adapte e me anule no que diz respeito ao superior, mas, ao mesmo tempo, eu não revelo a sua forma.

Quando eu recebo a Luz que Reforma, eu construo a mim mesmo, nasço e continuo crescendo. É assim que eu construo a minha imagem humana, e dessa imagem eu descubro quem é o superior. O Criador não tem forma própria. Minha forma corrigida é chamada de Criador. “E me chame diante do nome do Criador”.

Da Preparação para a Lição Diária de Cabalá 14/02/14

Como Um Feixe De Juncos — Viver Num Mundo Integrado, Parte 4

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Capítulo 10: Viver Num Mundo Integrado

Um Mundo Integrado Exige Educação Integral

Mídia Pró-social

Nos Escritos de Baal HaSulam, Ashlag afirma, “O maior de todos os prazeres imagináveis é ser favorecido pelas pessoas. É vantajoso desperdiçar toda a nossa energia e prazeres corpóreos para obter certa quantia dessa coisa deliciosa. Este é o ímã que atraiu os maiores de todas as gerações, e pelo qual eles banalizaram a vida da carne”. [vi]

Desta forma, para alterar nosso comportamento social, nós devemos mudar o nosso meio social de um que promove a individualidade para um que promova a mutualidade. Falando de forma prática, nós podemos usar as mídias para demonstrar como o trabalho em grupo rende melhores resultados que o trabalho individual, e como a competição é prejudicial à nossa felicidade e saúde. Assim que percebemos que há uma recompensa maior na conduta cooperativa que no individualismo, será fácil colaborar e partilhar.

Em seu livro inspirador, A Sabedoria das Equipes: Criar a Organização de Alta-Performance, os autores Jon R. Katzenbach e Douglas K. Smith descrevem uma história de sucesso que vale a pena mencionar no contexto das vantagens do trabalho em equipe. A Burlington Northern Railroad era uma empresa bem sucedida de transportes, e é atualmente parte de uma grande corporação detida pela Berkshire Hathaway, que é controlada pelo investidor Warren Buffett. Em 1981, a Burlington Northern Railroad sofreu uma revolução por sete homens — Bill Greenwood, Mark Cane, Emmett Brady, Ken Hoepner, Dave Burns, Bill Dewitt, e Bill Berry — que usaram a desregulação Americana da indústria ferroviária para acelerar a entrega de fretes e minimizar o custo da entrega. É assim que Katzenbach e Smith descrevem o espírito com o qual eles levaram a cabo essa revolução: “Todas as verdadeiras equipes partilham um compromisso com seu propósito comum. Mas somente membros de equipe excepcionais… também se tornam profundamente dedicados uns aos outros. Os sete homens desenvolveram uma preocupação e compromisso tão profundos um pelo outro como sua dedicação à visão que estavam tentando concretizar. Eles procuraram o bem estar uns dos outros, apoiaram-se uns aos outros quando e como quer que fosse necessário e trabalharam constantemente uns com os outros para fazer o que fosse necessário fazer”. [vii]

Tal história podia ser um advogado poderoso para o caso a favor da unidade sobre a competição. O único problema é que no nosso mundo ultra competitivo, até a unidade é usada para ganhar alavanca pessoal para o grupo que a pratica (ou devemos dizer, que a comete, devido ao seu mau uso). No mundo interligado e interdependente de hoje, este tipo de unidade é insustentável.

Na nossa sociedade egocêntrica, a unidade durará somente enquanto for lucrativa para os indivíduos envolvidos. No capítulo anterior, na secção, “De Eu, a Nós, a Um”, descrevemos os efeitos doentios da competição. Ao mesmo tempo, reconhecemos que “com nosso presente conhecimento da natureza humana, não podemos evitar esta atitude competitiva e alienante porque ela vem de dentro de nós, uma ditadura do quarto nível falante do desejo, e não podemos parar a evolução dos desejos”.

Contudo, já dissemos que não precisamos impedir nossa evolução, só mudar para uma direção construtiva para todos. O meio mais instrumental para concretizar isto é através dos meios de comunicação de massa. Se desenvolvermos um conteúdo de mídia pró-social e nos bombardearmos com ele tanto quanto atualmente nos bombardeamos com anúncios e informativos que visam esgotar nossas contas bancárias, nos encontraremos vivendo numa sociedade muito diferente da atual.

Os meios domésticos contemporâneos das pessoas contêm uma grande dose de entretenimento das mídias, seja através da TV ou via a Internet. Uma publicação pelo Departamento de Educação Americano intitulada, “Guia das Mídias – Como Ajudar Seus Filhos No Começo da Adolescência”, afirmou, “É difícil compreender o mundo dos jovens adolescentes sem considerar o enorme impacto dos meios de comunicação de massa nas suas vidas. Eles competem com a família, amigos, escolas, e comunidades na sua habilidade de moldar os interesses, atitudes e valores dos jovens”. [viii] Lamentavelmente, a maioria dos interesses que a mídia molda é antissocial.

Por exemplo, uma publicação online da Universidade do Sistema de Saúde de Michigan declara que “Literalmente milhares de estudos desde os anos 1950 questionaram se há um elo entre a exposição à violência da mídia e o comportamento violento. Todos senão 18 responderam, ‘Sim’. …De acordo com a AAP (Academia Americana de Pediatras), ‘Extensiva evidência de pesquisas indica que a violência da mídia pode contribuir para o comportamento agressivo, dessensibilização à violência, pesadelos e medo de ser magoado’”. [ix]

Para compreender quanto a violência as jovens mentes absorvem, considere esta informação da publicação mencionada acima: “Uma criança mediana Americana verá 200.000 ações violentas e 16.000 assassinatos na TV pelos 18 anos de idade”. [x] Se este número não parece alarmante, considere que há 6.570 dias em dezoito anos. Isto significa que em média, pelos dezoito anos de idade uma criança terá sido exposta a um pouco mais de trinta ações de violência na TV, 2.4 das quais são assassinatos, todos os dias da sua jovem vida.

Na mesma nota, no seu livro, Desenvolvimento Durante a Vida: Uma Abordagem Psicológica, publicado em 2008, Barbara M. Newman, PhD e Philip R. Newman descrevem como a “Exposição a muitas horas de violência na televisão aumenta o repertório de comportamento violento das jovens crianças e aumenta a prevalência de sentimentos de cólera, pensamentos e ações. Estas crianças são apanhadas na fantasia violenta, participando da situação televisiva enquanto assistem”. [xi] Se nos recordarmos dos neurônios-espelho, e considerarmos quanto nós, e especialmente as crianças, aprendem por imitação, podemos imaginar que dano irreversível a violência lhes causa, e nós já estamos sentindo os efeitos desta educação enferma.

Desta forma, desenvolver mídias que sejam pró-sociais e de pró-responsabilidade mútua é imperativo para nossa sobrevivência enquanto sociedade habitável. Isso deve desempenhar um papel chave na mudança da atmosfera pública de alienação para camaradagem. As mídias nos fornecem praticamente tudo o que sabemos sobre o nosso mundo. Até a informação que recebemos de amigos e da família frequentemente chega via mídias — a versão moderna da parreira.

Mas as mídias não nos fornecem simplesmente informação. Também nos oferecem petiscos sobre pessoas que aprovamos ou desaprovamos, e nós formamos nossas visões baseadas no que vemos, escutamos ou lemos. Como seu poder sobre o público não tem rival, se as mídias mudarem para a convergência e a unidade, também mudarão a visão mundial da maioria das pessoas para esses valores.

Atualmente, as mídias se concentram em indivíduos bem sucedidos, magnatas da media, mega estrelas pop, e indivíduos ultra bem sucedidos que ganharam milhões nas costas dos seus rivais. Em tempos de crise, tais como depois do Furacão Sandy, ou durante inundações, as pessoas se unem em prol de se ajudarem. Em tais tempos estas histórias, que as mídias transmitem abundantemente, ajudam a levantar a moral e nos dão esperança de que o espírito humano não seja de todo mau. Mas, assim que o próximo item de notícias aparece, as mídias correm atrás dessa história e desaparecem, levando com elas a fé no espírito humano. Em vez disso, sensações de suspeita e alienação ressurgem no horário nobre.

Para instalar uma mudança duradoura e fundamental na nossa visão mundial, para nos fazer desejar a qualidade de doação, as mídias devem apresentar a imagem completa da realidade, e nos informar a sua estrutura interligada e interdependente. Para este fim, elas devem produzir programas que demonstrem como essa qualidade afeta todos os níveis da Natureza — inanimado, vegetal, animal e falante — e encorajar as pessoas a emulá-la com o objetivo de equalizar nossa sociedade com os traços da Natureza ou seja, mutualidade e homeostase. Em vez de programas de entrevistas que idolatram pessoas que têm sucesso, estes programas devem louvar pessoas que ajudaram outras a ter sucesso.

Se as mídias mostrarem pessoas se preocupando umas com as outras e as colocarem num pedestal principalmente porque suas ações coincidem com a lei da Natureza, a Lei da Doação, isso gradualmente mudará o desejo do público de egocêntrico para a camaradagem. As pessoas começarão a sentir que há ganho pessoal em ser altruísta, possivelmente muito mais do que o ganho onde há egoísmo, se é que há algum ganho nele.

Hoje, a mensagem predominante que as mídias devem retratar é, “Unidade é divertida, e ela também é boa para você, junte-se”! Há várias e amplas maneiras pelas quais podemos demonstrar que a unidade é uma dádiva.

Embora todo o cientista saiba que nenhum sistema na Natureza opera em isolamento, e que a interdependência é o nome do jogo, a maioria de nós está inconsciente disso. Quando virmos como cada órgão físico funciona para beneficiar o corpo inteiro, como as abelhas colaboram em colmeias, como um cardume de peixes nada em uníssono que pode ser confundido com um único peixe gigante, e como os chimpanzés ajudam outros chimpanzés, ou até humanos, sem qualquer recompensa em retorno, saberemos que a principal lei da Natureza é a da harmonia e coexistência.

As mídias devem nos mostrar tais exemplos muito mais frequentemente que o fazem. Quando percebermos que é assim que a Natureza funciona, espontaneamente examinaremos nossas sociedades e nos esforçaremos em emular essa harmonia entre nós. Se nossos pensamentos começarem a mudar nesta direção, eles criarão uma atmosfera diferente e introduzirão um espírito de esperança e força nas nossas vidas, até antes deles implementarem esse espírito na realidade, uma vez que estaremos alinhados com a força da vida da Natureza — o Criador.

Porque, tal como acabamos de afirmar, nosso maior prazer é o de ganhar a aprovação das pessoas, se outros aprovarem nossas ações e visões nos sentiremos bem acerca de nós mesmos. Se eles desaprovam o que fazemos ou dizemos, nos sentimos mal acerca de nós mesmos e tendemos a esconder ou modificar nossas ações para nos ajustarmos à norma social. Em outras palavras, como é tão importante para nós nos sentirmos bem conosco mesmos, as mídias estão numa posição única para mudar as ações e visões das pessoas.

Não surpreendentemente, os políticos são as pessoas mais dependentes de votos na sociedade, pois suas carreiras e a própria vivacidade dependem da sua popularidade. Se lhes mostrarmos que mudamos nossos valores, eles mudarão os seus para seguir nossa conduta. E uma das maneiras mais fáceis e mais eficazes de lhes contarmos o que valorizamos é mostrar-lhes o que queremos ver na TV! Se dermos elevadas classificações a programas que promovem unidade e camaradagem, os políticos irão se sintonizar nesse espírito e legislarão correspondentemente. Como os políticos querem manter sua posição, precisamos lhes mostrar isso, reter suas posições, eles têm que promover o que nós queremos que eles promovam: unidade.

Quando formos capazes de criar uma mídia que promova unidade e colaboração em vez da glorificação de celebridades, criaremos um meio que nos persuada que a unidade e a responsabilidade mútua são boas.

[vi] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam, 44.

[vii] Jon R Katzenbach e Douglas K Smith, The Wisdom of Teams: Creating the High-Performance Organization (US: Harvard Business School Press, January 1, 1992), 37-38.

[viii] U.S. Department of Education, “Media Guide—Helping Your Child Through Early Adolescence,” http://www2.ed.gov/parents/academic/help/adolescence/index.html

[ix] University of Michigan Health System, “Televisão e as Crianças”, http://www.med.umich.edu/yourchild/topics/tv.htm

[x] ibid.

[xi] Barbara M. Newman e Philip R. Newman, Development Through Life: A Psychosocial Approach (Belmont, CA: Wadsworth Cengage Learning, 2008), 250