Textos arquivados em ''

Um Escravo Não Consegue Entender Alguém Que Está Livre

Dr. Michael LaitmanPergunta: Por que Pessach, o êxodo da escravidão egípcia, é reminiscente de nascer de novo? A história começa com o conto do nascimento de Moisés e termina com as pragas do Egito, que são similares às contrações durante o parto. Após isso, eles cruzam o Mar Vermelho (“Mar Final” em hebraico), como se nascendo num mundo novo.

Resposta: A nova vida é concebida e cozida dentro da panela gigante chamada Egito. El aé formada a partir dos nossos discernimentos e tentativas de entender como lidar com a nossa natureza egoísta.

No final, nós percebemos que somos incapazes de resistir ao nosso egoísmo e não temos escolha a não ser fugir dele, ou seja, subir acima dele. Isso requer mudanças qualitativas: a substituição de todos os nossos hábitos, formas de relacionamento, bem como a educação anterior, que recebemos na Babilônia.

Quando começamos a nos unir usando o método de Abraão, adquirimos novos hábitos, uma nova atitude para com o outro, e uma nova perspectiva de vida, percebendo tudo através dos óculos da unidade.

Isso significa um novo nascimento, porque eu me transformar numa nova pessoa, aquela que aprendeu a olhar para si mesma, sua família, sua nação, o mundo, e toda a vida somente através da nossa unidade.

Se eu encontrasse o meu eu anterior, do jeito que eu era antes de ter passado pela formação de acordo com o método de Abraão e unido com os outros, então seriam duas pessoas diferentes que não se entenderiam. Uma delas é escrava e a outra é livre, independente de sua natureza egoísta. Isso porque ela adquiriu uma nova natureza, a natureza do amor em vez da natureza do ódio.

De KabTV “Um Programa Novo”

A Pessoa É Livre Ou Escrava De Sua Natureza?

Dr. Michael LaitmanPergunta: Eu não me sinto escravizado; parece-me que eu sou um homem livre. Portanto, como a instrução no feriado de Pessach me representa como deixando a servidão do Egito a cada ano relevante para mim?

Resposta: Parece que somos livres porque não sentimos que dependemos uns dos outros. Tentamos organizar nossas vidas de modo a não estar associados a ninguém, então ninguém vai nos incomodar. Essa é a nossa natureza.

Por causa dessa independência, nós inventamos novos computadores e telefones celulares. Em cada casa há tantos eletrodomésticos que exigem o mínimo de ajuda de outras pessoas. Isso torna mais fácil para a nossa natureza egoísta, e eu levo a cabo as suas exigências: eu não toco em ninguém e tento não ter ninguém que me toque.

Mas, basicamente, todos nós estamos conectados e somos interdependentes. Torna-se claro que toda a natureza inanimada, vegetal e animal também constitui um sistema único integral onde tudo está conectado com o resto. Assim, a sabedoria da Cabalá nos adverte que dependemos um do outro e vamos ainda descobrir esta dependência no futuro.

Se não atingirmos a unidade, então vai ser muito ruim para nós. Nesse meio tempo, não sentimos a necessidade disso de forma alguma e como a sabedoria da Cabalá não foi revelada na escravidão das gerações anteriores, por milhares de anos ela esteve na clandestinidade. Nós não tínhamos necessidade dela, já que não estávamos prontos para descobrir que somos interdependentes.

Mas hoje o mundo inteiro sente esta dependência mútua. Na medida em que ele descobrir esta conexão negativa, ele vai se voltar ao povo judeu, pois só este povo possui o método que faz com que seja possível se unir acima de todas as diferenças.

Há uma grande demanda por esse método no mundo de hoje. Portanto, se não transmitirmos esse método a outras pessoas, vamos sentir uma pressão muito forte. O antissemitismo vai continuar a crescer e as nações do mundo vão trazer mais e mais reclamações contra o povo judeu, culpando-nos por todos os seus problemas.

Elas não querem saber exatamente a razão para o seu ódio em relação a nós, mas ele é derivado especificamente disso. Essa pressão pode ser expressa de diferentes maneiras, como podemos ver na atitude dos Estados Unidos em relação a Israel se deteriorando dia a dia.

Pergunta: Quando você olha para o mundo de hoje, você definiria o nosso estado como a escravidão?

Resposta: Certamente, estamos escravizados à nossa natureza. Eu estou sempre realizando os comandos da minha natureza interior e obedeço-os sem qualquer esclarecimento, crítica ou oposição. Eu simplesmente não estou preparado para ir contra ele.

Meu desejo egoísta exige que eu tenha êxito e obtenha benefício sem considerar qualquer outra pessoa. E se eu estou numa conexão integral com os outros, como eu não poderia levá-los em consideração? Eu me torno limitada em todas as minhas ações.

Pergunta: Portanto, o problema não está em eu fazer o bem, mas fazê-lo à custa dos outros?

Resposta: Eu não posso sequer ter êxito assim. Hoje nem mesmo uma nação inteira pode ter êxito se estiver isolada das outras. Todas estão descobrindo a necessidade de conexão com as demais, mas não podem fazer isso corretamente. Ninguém sabe como estabelecer boas conexões entre si: Estados Unidos, Rússia, China, Europa, judeus e árabes.

Ninguém pode ter êxito e sair em primeiro lugar, se isso não for feito através de uma conexão totalmente boa. Segue-se que o mais exitoso será aquele que com maior precisão levar as nossas conexões mútuas em conta e agir em conformidade. É isso que simboliza a saída da escravidão à liberdade. Todo mundo, toda a humanidade, deve aprender isso.

Do Programa da Radio Israelense 103FM , 15/03/15

Sintonizar-Se Com O Criador

Dr. Michael LaitmanPergunta: Às vezes nós dizemos que o Criador está dentro de nós, outras vezes dizemos que Ele está na conexão entre nós. Como podemos ligar essas duas noções?

Resposta: Não há dilema aqui. Como o Criador pode ser encontrado? Como podemos considerar e avaliar a nós mesmos? O que nos faz nos consideramos bons ou maus, fortes ou fracos? Para isso, precisamos de uma ferramenta de medição externa, um padrão com o qual podemos medir a nós mesmos.

A fim de sermos capazes de medir a nós mesmos, devemos ver as propriedades dos que nos rodeiam e comparar nossas qualidades com a deles. Para nos direcionar corretamente, temos que manter inúmeras ligações: remotas e próximas, odiosas e benevolentes. Devemos lidar com os adversários e simpatizantes, ou seja, toda a humanidade.

Um alvo é insuficiente para atingir a meta. É essencial sintonizar-se em conexão com o Criador. Para isso, precisamos envolver os níveis inanimado, vegetal, animal e falante da natureza. Se conseguirmos definir corretamente nossas mentes e se o nosso comportamento for totalmente certo e positivo, com certeza iremos alcançar o Criador.

Todas essas propriedades estão dentro de nós. Nós só podemos alcançar o Criador nos relacionando positivamente com todos os quatro níveis da natureza, já que o Criador é a soma de bondade, amor e doação.

Pergunta: Quando você fala sobre auto-orientação positiva, eu imagino imediatamente a vastidão da humanidade, da natureza, das pedras, dos céus, e todo o cosmos. Será essa uma tarefa viável?

Resposta: Chegar a uma mentalidade correta é muito fácil. Você tem que convencer todas as suas propriedades internas (inanimada, vegetal, animal e falante), de que tudo o que o rodeia está saturado de amor mútuo e é a melhor maneira possível de existência. Se você tiver êxito, se você conseguir corrigir as propriedades que parecem externas a você, vai atingir o estado desejado.

Pergunta: Será que isso significa que eu deveria trabalhar com coisas ou pessoas que são hostis a mim?

Resposta: Seu inimigo demonstra mais claramente a você suas próprias imperfeições e propriedades negativas. Isso é chamado de ajuda contra você. Com sua ajuda, nós avançamos.

Pergunta: É dito na Torá: se alguém vem matá-lo, mate-o primeiro. Como devemos nos relacionar com isso?

Resposta: Assim que a pessoa encontra uma qualidade que é incapaz de superar, não importa o quanto tenta lidar com ela com amor, compreensão e um senso de unidade, e ainda falha em corrigi-la, é preciso matá-la. Esta é uma correção. Nós matamos nossa própria propriedade que é impossível melhorar quando ela se levanta contra nós.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 10/08/14

Pessach É Um Feriado Que Está Sempre Com Você

Laitman_115_04A fim de chegar ao estado de “Pessach“, nós devemos chegar a tal nível de desenvolvimento em que não somos capazes de trabalhar com o egoísmo; precisamos subir acima dele.

A explosão de egoísmo aconteceu pela primeira vez na Babilônia. Contra essa erupção que ocorreu quando a população não era grande, Abraão, um sacerdote da antiga Babilônia, descobriu o sistema de ascensão acima do egoísmo.

Vários milhares de pessoas aceitaram esse método, e foram junto com ele para a terra de Canaã, atual Israel. Abraão ensinou seus seguidores o que significava estar em amor mútuo, elevando-se acima do ego e constantemente passando por cima do próprio ego: Pessach (da palavra Pasach, “passar”).

O nosso ego está crescendo constantemente, e nós estamos crescendo acima dele, cobrindo-o com a lei do “… o amor cobre todas as transgressões”. As transgressões permanecem, mas, quanto maiores elas são – até o imenso ódio – um amor maior aparece entre nós.

Nós não escondemos nosso ódio, não nos envergonhamos disso, porque entendemos que se trata da natureza humana, e nossa tarefa é identificar na natureza a próxima força positiva que nos dará a oportunidade de cobrir o ódio com o amor.

Então, vamos estar em constante estado de elevação espiritual. No entanto, o ódio vai determinar a altura do amor com o qual nós o cobrimos.

Acontece que nós podemos continuar a crescer constantemente. Isto é, cada transição de fase para fase vai se tornar Pessach, o feriado que está sempre com você.

De KabTV “Conversas sobre Pessach“, 18/03/15

Montando O “Quebra-Cabeça” Da Criação

Dr. Michael LaitmanPergunta: Até onde eu entendo, uma pessoa deve descobrir algo eterno, a força superior, durante sua vida. Como se considera isso?

Resposta: Considera-se que a pessoa descobre uma rede que conecta todos nós juntos, o que significa os seres humanos e as coisas abaixo deles, os níveis inanimado, vegetal e animal da natureza, toda a realidade que é conhecida e desconhecida para nós, o sistemas e setores de toda a criação, a totalidade da natureza. Ela descobre como essa realidade existe de acordo com a lei única de equivalência de forma, reciprocidade, unidade, Arvut (garantia mútua) como um único sistema global. E a lei que opera dentro desse sistema chama-se Criador.

Essa é realmente uma descoberta científica e não há fé aqui, como há entre as religiões, ou curvar-se diante de uma força superior que nos domina, e isso é tudo. Pelo contrário, nós devemos reconhecer e alcançá-la.

Essa força superior que nos criou quer ser encontrada científica e conscientemente, para que possamos nos tornar seus parceiros na criação. O Criador deixa um trabalho para nós dentro desse imenso e poderoso sistema que nós descobrimos de modo que possamos conclui-lo por meio de nossos esforços.

Isto é semelhante à forma como damos um quebra-cabeça a uma criança. Nós montamos a imagem junto com ela, o que lhe possibilita adicionar essas ou outras peças à imagem. Assim, uma imagem completa emerge para nós.

O mesmo ocorre com o Criador; a força global da natureza nos deixa esse “quebra-cabeça” com poucos espaços vazios. À medida que os completamos, começamos a compreender a profundidade de toda a criação, a sua essência e eternidade. Essa é a coisa mais básica; nós nos elevamos acima da existência temporal e de nossa miséria até o nível da vida perfeita e infinita.

É exatamente o que a sabedoria da Cabalá nos ensina, como se tornar consciente e alcançar a força superior e se tornar parceiros com Ele.

Do Programa na Radio Israelense 103FM, 18/01/15

O Futuro Da Europa Está Em Nossas Mãos!

laitman_426Pergunta: Qual é o futuro da Europa, como você o vê e qual será a solução para o problema iminente da imigração que a população local encontra?

Resposta: A Europa tem sido tolerante com o grande número de imigrantes sem exigir a sua integração na sua nova casa. Consequentemente, a identidade nacional desapareceu, e agora a diversidade étnica na Europa é muito grande.

Existem duas abordagens para este problema: uma sociedade multicultural ou assimilação.

Eu vejo o problema na destruição completa dos laços sociais. A sociedade se torna global e integral, mas, ao mesmo tempo, cada vez mais egoisticamente separada. A alienação social é típica de toda a sociedade, e eles não serão capazes de restaurar a antiga sociedade civil.

Ela só pode ser construída, mantendo-se a diversidade e estabelecendo uma cobertura geral de amor acima dela. Isso só é possível por meio do método da sabedoria da Cabalá, e nós podemos chegar a isso, quer pelo caminho do sofrimento ou pelo caminho da Luz. A escolha que fizermos vai determinar o sucesso da nossa disseminação da educação integral (da sabedoria da Cabalá).

Como Um Feixe De Juncos — Pluralmente Falando, Parte 7

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Capítulo 9: Pluralmente Falando

Afetando a Coesão Social Através do Ambiente Social

Coesão Numa Escala Global

Regressando por um momento ao nosso antepassado comum monoteísta, depois da expulsão da Babilônia, Abraão estabeleceu uma sociedade isolada que se movimentou como um grupo e agia em garantia mútua. Ele criou um meio social que reforçava a conexão, a união e a coesão, e anexava todos esses elementos à aquisição da qualidade de doação, o Criador. Nossa tarefa hoje é fazer exatamente isso, mas numa escala global.

Como nós realmente temos que nos tornar conscientes de que somos um superorganismo, certamente temos que agir como um: em reciprocidade e responsabilidade mútua. Mas, uma vez que não conseguimos ensinar ao mundo inteiro como agir desta maneira, nós precisamos mostrar ao mundo um exemplo, e o mundo fará o resto através de nossa capacidade de ter empatia, ou como o Dr. Herrero colocou, pela “imitação e influência”. Afinal de contas, quando as pessoas veem uma boa ideia, elas a abraçam naturalmente.

Desta forma, quando as pessoas virem que os Judeus têm algo que pode funcionar também para elas, e que os Judeus desejam partilha-la, elas não só nos apoiarão, mas se juntarão a nós. Foi assim, como mencionado na Introdução, que Abraão reuniu mais e mais pessoas para sua companhia enquanto viajava da Babilônia a Canaã, na medida em que “milhares e dezenas de milhares se reuniram ao seu redor, e eles são o povo da ‘casa de Abraão’”. [i]

[I] Maimonides, Yad HaChazakahA Mão Poderosa), Parte 1, “O Livro da Ciência”, Capítulo 1, Item 3.