Uma Deficiência Digna Do Nosso Esforço

Dr. Michael LaitmanNós temos que tentar dar o nosso melhor ao máximo, a fim de avançar à meta da criação. Afinal de contas, esta estrada é muito mais do que o nosso desenvolvimento natural.

Uma Noz Dura

A natureza nos empurra para frente e desenvolve diferentes desejos e deficiências em nós; e nós, é claro, corremos atrás e buscamos o que nos falta. O que nos falta são prazeres que estão associados à comida, sexo, família, dinheiro, honra e conhecimento.

Esta é também a forma como os macacos constantemente cuidam de suas necessidades, e de sua lista de necessidades semelhantes às nossas. Na verdade, nós temos um estilo de vida comum: estabelecemos a mesma hierarquia social na sociedade humana; amamos o poder, e, além disso, amamos dinheiro. A natureza nos obriga a fazer isso e é assim que avançamos.

Mas nós não temos avançado de forma significativa nesta forma natural e não mudamos a sociedade humana de forma significativa nos últimos 5 a 50000 anos.

Se falamos da meta da criação, no entanto, trata-se de se tornar equivalente ao Criador, aderir-se a Ele. O Criador é uma força oposta à nossa natureza. Nós temos uma ligeira inclinação a ela que está envolta numa variedade de “vestes” muito sutis, cobertas por uma casca como uma noz.

Para alcançar a meta da criação, nós temos que estar equipados com uma nova deficiência não prevista pela natureza. Esta deficiência, o anseio pela meta da criação, não vai crescer em nós por si só; nós precisamos desenvolvê-la dentro de nós por nossos próprios esforços, certamente com a ajuda dos meios que nos foram dados: a sociedade, o método (a Torá), e o professor.

O problema é que muito poucas pessoas querem isso, menos ainda tendem a verdadeira busca, e menos ainda alcançam o que é desejado.

Saindo da Selva

A verdade é que hoje as coisas estão mudando, pois estamos diante de golpes globais que ameaçam toda a humanidade. Esses golpes nos obrigaram a pensar numa nova sociedade que não está organizada de acordo com uma hierarquia ou classes sociais que sempre elevam aqueles que são mais ricos e poderosos.

As coisas estão igualmente dispostas no mundo animal. De um modo geral, esta é a estrutura natural de um grupo, uma nação, uma sociedade, a humanidade: o maior babuíno bate no peito e exige submissão e obediência dos outros. Nós somos iguais: vivemos numa selva geral divididos em bandos.

Mas a nova natureza, a meta da criação, exige uma nova organização e reforma de nós; ela exige que nos tornemos um círculo, conectados, uma sociedade. Ela exige novos valores que não são baseados sequer no desejo de conhecimento, o que também dá um pouco de força, mas no amor e doação, no cuidado mútuo geral.

Ela exige que todos possam estar em pé de igualdade com os outros em vez de tentar dominar o outro. Em contraste com o velho paradigma, quanto mais uma pessoa sai de si mesma em direção ao cuidado do outro, ela pode se tornar mais adaptada à verdadeira meta da nossa evolução, que é o que devemos alcançar.

É hora de ser equipado com uma nova deficiência que se torna um círculo, uma conexão fora de mim, onde eu não tenho interesses próprios.

O Nascimento do Homem

Mas para eu florescer, algo chamado Adão (homem) precisa ser revelado; há a necessidade de um ambiente diferente que me forneça os exemplos corretos dos novos valores. Onde eu posso obter a necessidade disso? A natureza não me equipa com ela porque senão eu permaneceria um babuíno ainda que de outro tipo.

No entanto, um ser humano não é apenas uma estrutura social diferente, nem apenas a igualdade com os outros. Não, é uma atitude, uma inclinação; essa relação, conexão mútua, deve ser consciente de minha parte, para que eu queira a doação por causa de seu valor especial. Além disso, eu não tenho nenhuma inclinação por ela, nenhum poder que me desperte e me obrigue a desejá-la.

Aqui nós devemos de alguma forma estar equipados com um desejo, com uma nova direção, para a qual não temos nenhum desejo. A fim de fazer isso, há a força superior, a natureza, o plano da criação, que prepara uma ajuda para mim de uma maneira oposta, de modo que durante o processo de reconhecimento do mal, eu ainda seja capaz de compreender quem e o que eu sou. Gradualmente, por fases muito difíceis na ordem de causa e efeito, eu vou entender que deficiência eu tenho que desenvolver dentro de mim, a fim de continuar o meu avanço acima dela.

Quando eu entendo o problema que estou enfrentando na construção de um ser humano a partir do estado de um babuíno, eu considero esta nova deficiência como uma coisa muito valiosa. Se ela é revelada em mim, pelo menos até certo ponto, eu estou muito feliz porque é assim que um ser humano nasce, que está pronto para ascender acima da criação.

Exatamente o Oposto

Nós temos que nos relacionar com a deficiência que aparece em nós através da inclinação ao mal que o Criador criou. Ela é chamada por diferentes nomes: Faraó, Bilam, Balak, e Amaleque. Há 70 nomes para a inclinação para o mal, e em todos os níveis e em todos os estados, eles servem como ajuda contra, oposta à meta, e me permite avançar em direção a ela.

Esta ajuda invoca uma inclinação, um desejo em mim, que está focado justamente na meta. Isso me ajuda de forma qualitativa para que eu possa gradualmente entender como é diferente esta nova meta de meus sentimentos e mente atuais. Portanto, nós temos que nos relacionar com todas as perturbações que são invocadas em nós com grande sensibilidade.

Dias Vermelhos no Calendário

A mesma coisa se refere a todos os feriados judaicos e os dias vermelho no calendário. Rosh Hashana, Yom Kipur, Sucot, Simchat Torá, Tu Bishvat, Purim, Pessach, Lag Ba’omer, Shavuot e o dia 9 de Av são todos estados ao longo do caminho em que uma nova deficiência é revelada, uma revelação do novo mal que nos permite usá-lo corretamente, de forma intencional e consciente.

Isso é revelado dentro de nós desta maneira para que possamos ser livres em nosso avanço rumo à meta de uma forma consciente, como seres humanos e não como babuínos que a natureza empurra e que correm à frente apenas pela força do ego. Nós descobrimos diversas forças e equilíbrio entre elas.

A principal coisa que podemos aprender com estes feriados é que deficiências especiais nós precisamos descobrir a fim de ascender a todos os níveis que os feriados e dias especiais representam. Eles exigem uma deficiência que está focada em atingir a meta.

Essa deficiência decorre do nível humano que é externo a nós. Se olharmos corretamente para os problemas que surgem, vamos discernir a ajuda contra a força criativa dentro deles.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 02/03/15, Escritos do Rabash