Líderes Das Proximas Revoluções

laitman_214Cada vez que a sociedade, a espécie humana, quer ascender a um novo nível e melhorar a sua situação, mudanças significativas são realmente feitas através de revoluções: na visão de mundo, na estrutura social, na estrutura política.

Toda revolução nos avança ao próximo estado; quando esse estado também é descoberto como insuficiente, uma nova revolução ajuda a dar mais um passo à frente.

É assim que o nosso desenvolvimento acontece: através de revoluções, de níveis de renovação.

Hoje nós estamos enfrentando a próxima revolução necessária e inevitável que acontecerá na área mais interna das nossas vidas: nas relações entre nós.

Na nova era elas mudarão drasticamente, e em vez de sermos estranhos e estarmos afastadaos um do outro, vamos sentir proximidade e conexão mútua, e vamos começar a viver de acordo com o princípio de reciprocidade e apoio, como irmãos numa família unida. Esta revolução nos relacionamentos influenciará bastante a situação atual.

Venham, vamos nos concentrar na característica única que caracteriza todas as revoluções, tanto as que já ocorreram e as que ocorrerão no futuro: sempre no início do processo, há pessoas únicas que a motivam e atraem outras depois delas.

Líderes Revolucionários, Antes e Depois

Não há revolução sem um revolucionário que se atreva a dizer coisas em voz alta que os outros só pensaram, mas não tinham coragem o suficiente para dizer. Uma pessoa assim faz uma diferença real.

Se considerarmos os revolucionários do século XX, como Lenin, Che Guevara, Martin Luther King ou Nelson Mandela, podemos discernir as características que caracterizaram todos eles. Eles começaram a sua atividade na sua mocidade; eles eram pessoas educadas que sentiam os processos latentes que estavam ocorrendo na sociedade; eles sentiram o povo e sua dor. Eles sofreram injustiças juntamente com eles; eles foram “cozidos” neste fogo; eles amadureceram, e gradualmente moldaram a nova agenda, a ideologia revolucionária.

Como resultado disso, como aprendemos com a história, eles realmente conseguiram realizar grandes mudanças na sociedade e no mundo.

Pergunta: Vamos comparar os líderes revolucionários do século XX e os líderes da revolução que se aproxima. Existe uma diferença entre eles, ou será que estamos esperando que surja o mesmo tipo de líder que levante a bandeira e atraia a humanidade depois dele?

Resposta: Primeiro de tudo, a palavra “revolução” pode ser entendida de forma diferente e nem sempre com precisão.

Em geral, sabemos que a pessoa é um desejo de prazer, vivendo para satisfazer o seu desejo. Com esse objetivo, ela muda a forma das relações sociais e passa de um modelo para outro: da família à aldeia, da aldeia à cidade, da cidade à nação, às relações internacionais. Tudo isso satisfaz a necessidade humana, o desejo de desfrutar e se sentir bem.

É assim que o ego saudável administra o mundo, é assim que nos desenvolvemos de geração em geração, e por isso temos que mudar alguma coisa de vez em quando. E as mudanças que são causadas pelo desenvolvimento do nosso ego não podem ocorrer de forma contínua, em todos os momentos, especialmente à luz do fato de que sequer estamos conscientes da velocidade desses processos. Somente na atual geração o ritmo das mudanças essenciais claramente se aceleraram, enquanto que anteriormente elas ocorriam uma vez em alguns séculos. Assim, mesmo as revoluções derivadas da necessidade de adaptar as relações sociais ao nosso desenvolvimento interior, por vezes, acontecem apenas raramente.

Além disso, é necessário compreender que as revoluções do passado não eram tão poderosas e extremaa. No final, o próximo estado nascia do estado anterior, mesmo que isso acontecesse com lutas, conflitos, discussões tempestuosas que, necessariamente, tipificam a transição da escravidão para a liberdade relativa, do feudalismo ao capitalismo.

Isso causou grandes mudanças, não só no relacionamento entre as pessoas, mas também na relação com o poder superior (religião), e também na indústria e economia. De fato, a Revolução Industrial alterou as relações entre nós, e isso requer, inevitavelmente, mais inovações sociais.

Compreensivelmente, sempre houve pessoas que expressaram a aspiração comum. Além disso, vários setores da sociedade sempre se relacionaram de forma diferente às mudanças. Muitas circunstâncias e fatores contribuíram para esse processo. No entanto, em geral, o desenvolvimento é condicionado à sociedade alcançar um acordo com as condições globais, com a natureza.

No passado, nós avançávamos devido ao fato de que a natureza causava certo progresso em nós. Eles moldavam e causavam reações e modificações internas. Seguindo essa reação nós tínhamos que mudar alguma coisa.

Em geral, é interessante que quanto mais perto de nossa época na escala das gerações, as mudanças que ocorreram tornaram-se mais nítidas e têm exigido mais entendimento, acordo, e participação das pessoas.

Por exemplo, no passado, na transição da era pré-histórica para a era da escravidão não houve guerras ou revoluções, porque as inovações foram relativamente favoráveis tanto para os senhores como para os seus escravos. Então essa transformação se tornou um processo social e levou à criação do novo regime no poder com leis e sistemas de aplicação específicos.

Mas isso não era resultado de uma análise consciente e conclusões posteriores; era simplesmente a própria vida exigindo uma subida ao próximo nível. Sob a influência da natureza nós entendemos que a escravidão já não compensava e não podia continuar. Condições que foram criados no comércio e na indústria exigiam que os escravos estivessem interessados em seu trabalho e eles foram libertados do estado de absoluta falta de direitos, porque isso permitia obter maior lucro deles.

Assim, no decorrer do tempo, o escravo se tornou um trabalhador subordinado ao seu patrão, e depois disso se tornou completamente livre. De uma forma ou de outra, neste processo tudo dependia do desejo de prazer, o grau de benefício que eu posso obter de alguém e ele de mim.

E assim a natureza desperta mudanças em nós durante nosso desenvolvimento interior, e constantemente nos obriga a digerir, entender e sentir essas mudanças, a concordar com o processo geral, com as alterações nela, com a sua adaptação e absorção na sociedade humana.

A nossa contribuição, nossa participação, encontra-se especificamente nisso. Nós temos que nos manter no meio: mesmo que a natureza nos obrigue a mudar, apesar disso, todos nós temos que fazer as mudanças.

É assim que a evolução e revolução são integradas. A humanidade passa por um processo interno de desenvolvimento e junto com isso o processo social é o início de inovações nas relações sociais. E apesar de tudo isso ser causado pela natureza, é preciso compreensão, consciência e realização de nossa parte.

Pergunta: Qual é o lugar aqui para um líder, um revolucionário, que vai sair à frente e atrair os outros depois dele?

Resposta: Este é sempre o caso: o líder reúne um grupo de amigos e outras pessoas de círculos mais externos ao seu redor, até atingir as massas, muito passivas, mas envolvidas no processo de mudanças.

Pergunta: De que forma o revolucionário se destaca no ambiente passivo geral?

Resposta: Ele tem a capacidade de inflamar os outros. Afinal de contas, a necessidade, o desejo, por uma mudança para melhor existe também entre eles, e ele deve, portanto, “compra-los” através de promessas. Junto com isso, o revolucionário é, geralmente, mais desenvolvido, entende e sente mais, de modo que vê o mundo de uma forma um pouco diferente. Além disso, ele sabe como transformar as pessoas e de que forma proporcionar-lhes a necessidade da revolução, ou seja, o imperativo para as alterações na estrutura social. Se a pessoa for bem-sucedida, se age no momento certo e nas circunstâncias certas, ela realiza seu objetivo.

Os revolucionários sempre foram pessoas educadas; eles entendiam o que estava acontecendo, sabiam ler a grande imagem, e também possuíam carisma especial. Além disso, eles tinham ajudantes ao seu lados que estavam prontos para despertar as massas. Dessa forma, eles lideravam o desenvolvimento.

Por outro lado, a palavra “revolução” nem sempre é apropriada. Claramente estamos falando de mudança; no entanto, mudanças como estas já se encontram cozinhando na sociedade; só é necessário trazê-las para fora, desenvolvê-las e passá-las do potencial para a ação.

A história nos dá exemplos de várias gerações: os líderes eram sempre pessoas inteligentes e educadas, de classe média ou alta, e não “pessoas comuns”, e, ao mesmo tempo, eles eram capazes de se conectar às massas e levá-las à transformação. Esse fenômeno nunca era confinado à elite, mas de lá se espalhava ao público em geral.

A revolução que hoje nós enfretamos é excepcional. Ela será única.

Em princípio, o processo é o mesmo: a natureza age em nós e nos empurra para a mudança. Mas desta vez as mudanças não são causadas ​​porque o desejo já mudou e somente o ambiente ainda foi organizado de maneira apropriada, como foi o caso em transições de uma formação para outra em épocas anteriores. Não, hoje nós só devemos mudar a nós mesmos. Antes da revolução mudar a face da nossa sociedade, é necessário mudar a pessoa. Portanto, isso exige um trabalho avançado de nós, a base sem a qual nada será bem sucedido.

Portanto, nós temos que sair às pessoas e ensiná-las a construir novas relações, novas leis, de acordo com o que vamos viver. A natureza está nos empurrando especificamente para isso; isto é o que ela insere em nós. Então, primeiro uma revolução “educacional” é necessária: nós devemos fazer de tudo para sair às pessoas e educá-las.

De acordo com os sinais exteriores isso é um pouco parecido com o que os bolcheviques, com Lenin como cabeça, queriam fazer na Rússia. Eles também disseminavam material impresso, comunicando-se com as massas de trabalhadoras nas fábricas, e em cada esquina explicavam sua mensagem. Embora essa não tenha sido uma mudança na pessoa e na sociedade, eles estavam agitando o público e explicando o que precisava ser feito.

Ao longo do caminho eles se adaptaram às pessoas e realmente apelara aos pobres, aos plebeus, que estavam muito longe da revolução industrial que o país precisava desenvolver e não ser um apêndice agrário da Europa.

Pergunta: Assim, a próxima revolução será uma revolução na educação e exigirá uma publicidade avançada em todos os estratos da sociedade. Só depois disso que vai ser preparado o solo para a fase decisiva: a mudança da pessoa. Nesse caso, que características devem caracterizar os líderes da próxima revolução?

Resposta: Em primeiro lugar, eles serão guias, um “exército” de guias. Eles devem se voltar às pessoas, especialmente através de redes virtuais, por meio da Internet, uma vez que isso abrange o mundo inteiro e faz com que seja possível chegar a todos, sem estar envolvido com material impresso.

Em geral, a verdadeira revolução atual não é nas capitais. Há uma situação diferente: a revolução penetra internamente, e na primeira etapa ela ocorre principalmente dentro da pessoa.

Pergunta: O que é essa revolução interna?

Resposta: Como em todas as revoluções, a pessoa deve estar em desespero com a situação atual. Mas, ao mesmo tempo, deve compreender as razões para a situação: isso não depende das elites predatórias que estão apenas preocupadas com elas, e nem do governo que não faz nada prático. Aqui a coisa toda é na natureza humana.

Ninguém é culpado, e não tínhamos a intenção de queimar, destruir ou derrubar ninguém; afinal, o próximo funcionário será o mesmo, se não pior. Não, nós vemos que o nosso inimigo é a nossa natureza. É o predador que fica dentro de nós, o ego que se preocupa apenas com ele. Dentro de mim e em cada um de nós se senta um animal selvagem que só pensa em si mesmo. Ele olha para o mundo desde dentro de uma pessoa e faz um cálculo: “Como posso ter prazer? Como posso usar todos apenas para o meu próprio bem? Como posso humilhar os outros? Afinal de contas, este também é prazer… “.

Portanto, primeiro a pessoa exige uma revolução na compreensão de seu destino: “É lógico que eu sou totalmente dependente do animal selvagem que está se escondendo dentro de mim; eu sou subordinado a ele”.

E assim nós chegamos à conclusão de que é necessário construir um sistema para a nossa correção interna. Ele vai nos mostrar o que é esta “besta”: nossa natureza, a inclinação ao mal, o ego, que destrói toda a iniciativa e não possibilita controlá-la e relaxá-la. Pelo contrário, ela sempre nos domina e até sai do seu caminho; apesar de tudo isso ainda está no comando. Por mais que eu queira sair de sua autoridade, dominá-la, no final eu vou descobrir o mesmo rosto bestial que me governa, embora em outro vestido. Eu simplesmente não tenho outra natureza além desse ego.

Este processo é chamado de “reconhecimento do mal”: eu aprendo a reconhecer a besta em mim e vejo o quão louca ela é, seu total controle sofisticado, e nada é deixado para mim.

Só uma coisa pode me salvar: se eu me conectar com os outros. Então nós encontramos o ponto de conexão entre nós e agimos a partir daí. Então, nós podemos estreitar cada vez mais a conexão entre nós, dominar a besta dentro de nós, a inclinação ao mal, jogá-la fora, e nos distanciar dela. Esta é a única forma.

O trabalho neste sentido, é educação integral, ou a sabedoria da conexão. O nome não é tão importante. O que importa é a forma como percebemos a primeira etapa da revolução.

Assim, segue-se que o próximo revolucionário é um líder, um professor, um guia. Ele não resiste contra qualquer pessoa; ele não incita uma parte do povo contra a outra parte, ou uma nação contra outra nação. Os bolcheviques especificamente precisaram de uma guerra com a ajuda da qual poderiam dominar as elites que estavam enfraquecidas. Não há nada como isso aqui, porque estamos diante do homem. E não faz diferença se ele trabalha a terra ou é um rei; isto não importa. Afinal de contas, todos, desde o menor até o maior, estão doentes com uma doença única, todos nós somos dominados pela inclinação ao mal e todos somos seus servos.

Por isso, todos devem passar por mudanças através do estudo para estar cientes do que está acontecendo, para entender o modo de desenvolvimento da espécie humana, o nível atual e o próximo nível para o qual nós temos que subir. Quem é sábio, vê, já adquiriu inteligência e sensibilidade. Assim, de acordo com as mudanças internas, vamos começar a realizar mudanças na sociedade.

Essa não é uma revolta, não é terror; isso deve vir de dentro, de acordo com o nível de desenvolvimento, de acordo com o entendimento e a consciência, de acordo com a profundidade do desejo humano. Assim, apenas o método de publicidade, explicação e educação, quando o poder de uma sociedade sobre a pessoa a transforma, vai funcionar. Só assim é possível avançar. E a imagem do próximo revolucionário é criada a partir disso.

Pergunta: Isto é, ele é um guia, um professor, e seu papel é o de trazer a pessoa e toda a sociedade, todos, todos os setores, para o reconhecimento da natureza humana que nos traz problemas e destrói nossas vidas. Isso não possibilita que possamos construir um bom relacionamento com os outros. É o inimigo interno que se esconde dentro de nós. Assim, segue-se que uma pessoa ou grupos de pessoas que se levantam no comando da próxima revolução são educadores cujos método é completamente oposto da abordagem agressiva, de conflitos e confrontos?

Resposta: Certo. A violência não tem lugar aqui, porque toda essa revolução é baseada especificamente na igualdade. Nós atraímos a força para mudar a partir da unidade, e a verdadeira unidade só é possível entre iguais.

O guia é grande, alto, compreensível e forte: isso é correto. Mas em relação aos outros ele é especificamente menor do que tudo: ele os apóia, ensina e serve. Não há espaço aqui para uma nova elite.

Depois, seus emissários começam a aparecer, pessoas que estão prontas para trabalhar no campo. E depois disso, enquanto as pessoas estão passando por mudanças, chega a vez dos organizadores, organizando a nova sociedade que está adaptada às mudanças internas que as pessoas estão passando.

Assim, segue-se que a revolução acontece dentro da pessoa – e de acordo com isso define a nova imagem da sociedade.

De KabTV “Uma Nova Vida” 03/04/14