Destinados A Unir

Laitman_931-01O Governo do Indefeso

A história de Purim é uma metáfora que nos fala sobre o papel da nação judaica e sobre o seu último avanço rumo à plenitude. Mordecai parece fraco e indefeso no início. Ele se senta à porta do Rei e parece impotente, um típico judeu na diáspora. Em frente a ele está o respeitável ministro, Hamã, que vê que pode aniquilar os judeus que estão no exílio.

Pergunta: Por que ele deveria aniquilar os judeus?

Resposta: Hamã sente que eles interrompem o seu governo. É verdade que os judeus estão no exílio sob a dominação estrangeira e qualquer um pode humilhá-los, mas, apesar do fato deles serem indefesos, eles têm um enorme atributo oculto que as nações do mundo não podem suportar.

Todo mundo ao redor deles sente que elas não têm o grande trunfo que os judeus têm e que elas nunca terão. Elas sentem que nós compreendemos melhor e estamos mais fortemente conectados a algum santo segredo da criação.

Eu me lembro que décadas atrás uma mulher idosa na Sibéria, onde ninguém tinha visto judeus, disse-me, “o Criador te ama”. Acontece que durante a Segunda Guerra Mundial, quando sua mãe lhe contou sobre as intenções dos fascistas, ela disse, “Hitler não ganhará uma vez que está agindo contra os judeus”.

Este sentimento está vivo entre as nações do mundo. Esta é a razão que Assuero (Xerxes), e  especialmente Hamã, queria nos aniquilar. Esta é a razão para o Holocausto, embora pareça não incomodávamos os nazistas. A nossa existência é dolorosa e prejudica aqueles ao nosso redor, como se nós estivéssemos impedindo-os de alcançar a plenitude.

Nós demos à humanidade a Torá, a fonte das duas principais religiões. Nós lançamos as bases para a educação e cultura. Nós somos uma nação que parece governar o mundo não pelo poder, mas pela sabedoria, pela profundidade, pela proximidade com as fontes secretas e ocultas da criação, que os outros não podem alcançar. Este é um fardo pesado para as nações.

Um Fator Ameaçador

No entanto, nós só podemos chegar à Divindade por meio do reconhecimento do mal. Esta é a razão de precisarmos de Hamã, que invoca o mal em nós, de modo que o conflito com ele nos empurre à bondade. Sem este fator não teríamos retornado à terra de Israel a partir do exílio. Hamã invoca nos judeus, um medo existencial muito sério. Então, Mordecai envia Ester para pedir ajuda ao Rei para que ele pudesse anular a sentença.

Em resposta, ela diz, “Eu não posso. Com quem eu devo ir? Eu preciso de um desejo, uma deficiência. Eu preciso de uma necessidade. Eu preciso levar o clamor do povo ao Rei. Eu não tenho nada meu para contar a ele. Reúna os judeus na capital e diga-lhes para jejuar e orar ao Criador por três dias”. Ester não pode vir ao Rei de mãos vazias. Ela precisa de um pedido que só pode nascer como resultado do jejum, quando os judeus não querem nada, exceto a conexão e unidade entre eles. Isto é o que Mordecai deve explicar aos seus irmãos, que apenas conexão e unidade entre eles pode salvá-los, e se não, eles vão morrer. É um dos dois.

Duas Faces Reais

Então, os judeus ouviram e viram que não estavam unidos, e eles queriam estar. É com esse desejo que Ester foi ao Rei, e ele ajudou, mas esse já é o Rei superior. Assuero é apenas um lado do Criador, a liderança com o atributo de Din (julgamento). Além disso, há o lado da misericórdia.

Os judeus devem tentar chegar à unidade e ver que não podem fazer isso. Na verdade, não está em nosso poder realmente se unir. Ainda assim, como o livro de Ester nos diz, se pedirmos ajuda de Cima com a deficiência correta, nós a obtemos. Assim, em vez de Hamã, Mordecai monta o cavalo, e nós alcançamos o sucesso, o nosso estado mais elevado, e uma vida feliz.

Do Programa da Rádio Israelense 103FM, 01/02/15