Como Um Feixe De Juncos — Correções Através Das Eras, Parte 7

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Capítulo 3: Correções Através das Eras

A Evolução do Método de Correção

Agora, Todos Juntos

A última fase na evolução do método de correção começou no princípio de 1900 e está somente agora ganhando ritmo. Como nós somos parte dessa fase, essa é a que tem o maior significado para nós.

Como discutido na Introdução, quando Abraão descobriu pela primeira vez que uma força governa e conduz o mundo, ele começou a espalhar seu conhecimento. Sua meta era circulá-lo a todas as pessoas, sem exceção. Contudo, Nimrod, rei da Babilônia, o impediu de alcançar seu objetivo e Abraão teve que partir, chegando finalmente à terra de Canaã, que ele tornou Israel (segundo o desejo de alcançar Yashar El, direto ao Criador).

Esse objetivo não mudou durante os séculos. “Noé foi criado para corrigir o mundo no estado em que ele estava naquela altura …e eles [seus contemporâneos] também receberam correção dele”, escreve o Ramchal. [i] No seu comentário sobre a Torá, o Ramchal também escreve, “Moisés desejava completar a correção do mundo nessa altura. Foi por isso que ele tomou a multidão misturada, pois pensava que assim seria a correção do mundo que será feita no fim da correção… Contudo, ele não teve sucesso devido às corrupções que ocorreram no caminho”. [ii]

Depois da ruína do Segundo Templo, os Cabalistas escolheram esconder a sabedoria de todos, judeus e não-judeus da mesma forma, até o tempo do ARI, quando começaram a sentir que chegara o momento de revela-la a todos. Nesse ponto, eles começaram a ensinar e a circular a sabedoria de forma que ela se tornou mais direta e explícita a cada geração.

No início do século XX, todas as inibições haviam acabado, e os Cabalistas exigiam abertamente disseminar a sabedoria e ensiná-la a todas as nações. Rav Kook exprimiu esta mentalidade muito claramente numa de suas cartas: “Eu concordei em divulgar todos os segredos do mundo, uma vez que é hora de fazer pelo Criador, como é necessário nesta altura. Maiores e melhores que eu, sofreram por toda a nação escárnio por tais questões, pois seus espíritos puros os pressionaram pelo bem de corrigir a geração para falar novas palavras e revelar o oculto, ao qual o intelecto das massas não estava acostumado”. [iii]

Durante a Primeira Guerra Mundial, Rav Kook sentiu-se forçado a delinear a ligação que ele viu entre os problemas do mundo e o reacender da força espiritual de Israel através da união. No seu livro, Orot (Luzes), ele escreveu, “A construção do mundo, que atualmente é amassado pelas tempestades terríveis de uma espada cheia de sangue, requer a construção da nação israelense. A construção da nação e a revelação de seu espírito são a mesma coisa, e é um com a construção do mundo, que está sendo amassado na expectativa pela força total da unidade e da sublimidade, e tudo o que está na alma da Assembleia de Israel”. [iv]

Seu contemporâneo, Baal HaSulam, escreveu profusamente e muitas vezes abertamente, sobre a necessidade de divulgar a sabedoria da Cabalá a todos, especialmente hoje. No seu ensaio, “O Shofar do Messias“, ele escreveu, “Saiba que isto é o que significa que os filhos de Israel são redimidos somente após a sabedoria do oculto ser revelada em grande parte, como está escrito em O Zohar, ‘Com esta composição, os filhos de Israel são redimidos do exílio’.

“…Na minha avaliação, nós estamos numa geração que se encontra precisamente no limiar da redenção, se apenas soubermos como espalhar a sabedoria do oculto às massas.

“…Há outra razão para isso: nós aceitamos que há uma condição prévia para a redenção – que todas as nações do mundo reconheçam a lei de Israel [de doação], como está escrito, ‘E a terra estará cheia do conhecimento’. É como no exemplo do êxodo do Egito, onde houve uma condição prévia de que o Faraó, também, reconheceria o verdadeiro Deus e Suas leis, e os permitiria partir.

“…Você deve compreender de onde as nações do mundo chegariam com tamanha noção e desejo. Saiba que é através da verdadeira sabedoria, para que elas vejam evidentemente o verdadeiro Deus e a verdadeira lei [da doação]. E a disseminação da sabedoria nas massas é chamada ‘um Shofar [uma trombeta ou um festivo chifre de carneiro]’. Como o Shofar, cuja voz viaja uma grande distância, o eco da sabedoria se espalhará pelo mundo”. [v]

Certamente, o legado desses titãs espirituais foi concretizado, e hoje qualquer pessoa que deseje pode estudar “a sabedoria do oculto” independentemente de religião, idade, ou gênero, pois ela não está mais escondida. Como Abraão previu, nossa Babilônia global pode agora estudar a lei fundamental da vida que a cria e sustenta, e não há quaisquer limitações.

Mas se tudo está certo, por que há tanta coisa errada no mundo? Porque há tantas pessoas sofrendo, e por que o número de pessoas na miséria parece crescer? Se a lei fundamental da vida pode ser conhecida por todos, como tão poucos a conhecem, especialmente agora que estamos num prejuízo sobre como lidar com as múltiplas crises que engolem a sociedade humana? Se essa lei é o Criador, e pode deste modo concertar tudo, porque não estão todos correndo para aprender?

Para responder a estas perguntas nós precisamos compreender as rotas pelas quais a sabedoria se espalha, e especificamente o papel do povo judeu em espalhar a Cabalá, e o que significa ser uma luz para as nações. Correspondentemente, o próximo capítulo discutirá o papel do povo judeu através dos olhos da Cabalá.

[i] Rav Moshe Chaim Luzzatto (Ramchal), Adir BaMarom [O Poderoso Nas Alturas], “Explicação do Sonho de Daniel” (Varsóvia, 1885).

[ii] Rav Moshe Chaim Luzzatto (Ramchal), O Comentário de Ramchal sobre a Torá, Bamidbar [Números].

[iii] Rav Yitzhak HaCohen Kook (o Raiah), Cartas a Raiah vol. 2, 34.

[iv] Rav Yitzhak HaCohen Kook (o Raiah), Orot [Luzes], 16.

[v] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam, “Shofar do Messias” (Instituto de Pesquisa Ashlag, Israel, 2009), 457