Como Um Feixe De Juncos – Dispensáveis, Parte 5

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Capítulo 6: Dispensáveis

Antissemitismo Disfarçado

Embora as atrocidades do Holocausto tenham ajudado o estabelecimento judaico em Israel a ganhar reconhecimento e compaixão, e o Estado Judeu de Israel foi fundado em 1948, ele fez muito pouco para extirpar o antissemitismo. Em vez disso, o antissemitismo adquiriu uma nova forma: “antissionismo”.

Há aqueles que argumentam que o antissionismo difere do antissemitismo. Baal HaSulam, pelo contrário, afirma que o ódio aos judeus é precisamente isso, independentemente da forma que assuma. No seu estilo sucinto e direto, ele escreve, “É um fato de que Israel é odiado por todas as nações, seja por razões religiosas, raciais, capitalistas, comunistas ou cosmopolitas. É assim porque o ódio precede todas as razões, mas cada [pessoa] resolve meramente sua repugnância de acordo com a sua própria psicologia”. [i]

Mas como é frequentemente o caso com os judeus, nossos melhores advogados vêm das nações. Cerca de um ano antes da Guerra dos Seis Dias de 1967, o escritor social americano, Eric Hoffer, a quem foi atribuída a Medalha Presidencial da Liberdade, e em cuja honra o Prémio Eric Hoffer foi estabelecido, publicou uma carta aberta no Los Angeles Times. Talvez fosse o fato de Sr. Hoffer não ser judeu que o permitiu escrever tão candidamente sobre o estado dos judeus no mundo.

“Os Judeus são um povo peculiar”, começa ele. “Coisas permitidas a outras nações são proibidas aos judeus. Outras nações expulsam milhares, até milhões de pessoas, e não há problema de refugiados. A Rússia fez isso, a Polônia e a Checoslováquia fizeram. A Turquia expulsou um milhão de gregos e a Algéria um milhão de franceses. A Indonésia expulsou sabe Deus quantos chineses e ninguém diz uma palavra sobre refugiados. Mas no caso de Israel, os árabes deslocados tornaram-se refugiados eternos. Todos insistem que Israel deve receber todos árabes”.

“[O historiador Britânico] Arnold Toynbee chama o deslocamento dos Árabes de uma atrocidade maior que qualquer uma cometida pelos Nazistas”.

“Outras nações, quando vitoriosas no campo de batalha, ditam os termos de paz. Mas quando Israel é vitorioso, ele deve pedir pela paz. Todos esperam que os Judeus sejam os únicos cristãos verdadeiros neste mundo”.

“Outras nações – quando são derrotadas – sobrevivem e se recuperam, mas se Israel é derrotado, ele seria destruído. Tivesse Nasser [Presidente do Egito durante a Guerra dos Seis Dias de 1967] triunfado junho passado, ele teria apagado Israel do mapa e ninguém levantaria um dedo para salvar os judeus. Nenhum compromisso com os judeus por qualquer governo, incluindo o nosso [Governo Americano], vale o papel em que está escrito”.

“Há um grito de revolta por todo o mundo quando morrem pessoas no Vietnam ou quando dois negros são executados na Rodésia. Mas quando Hitler assassinou judeus, ninguém protestou com ele. Os suecos, que estão prontos para romper relações diplomáticas por causa do que fizemos no Vietnam, não soltaram um pio quando Hitler matava judeus. Eles enviaram à escolha de Hitler minério de ferro e rolamentos de esferas, e serviram às suas tropas comboios para a Noruega”.

“Os judeus estão sozinhos no mundo. Se Israel sobreviver, será somente devido aos esforços e recursos Judaicos. Todavia neste momento Israel é o nosso único aliado confiável e incondicional. Nós podemos contar mais com Israel que Israel pode contar conosco. E um só tem que imaginar o que aconteceria no verão passado se os árabes e seus apoiadores russos tivessem vencido a guerra para perceber quão vital é a sobrevivência de Israel para os EUA e o Ocidente em geral”.

“Eu tenho uma premonição que não me deixará; o que ocorrer com Israel assim será com todos nós. Caso Israel pereça, o holocausto será sobre nós”. [ii]

Outro exemplo marcante de simpatia relata desta vez o debate sobre se aquele que se opõe ao Sionismo também se opõe aos judeus. Abaixo estão as extraordinárias palavras do Reverendo Martin Luther King Jr., que, numa carta a um amigo, defende os judeus em geral, e o estado judeu em particular, com tamanha eloquência constrangedora que o Ministro de Relações Exteriores de Israel só podem invejar.

Aqui está a “Carta a um Amigo Antissionista” de Martin Luther King: “…Tu declaras, meu amigo; que não odeias os judeus, que és meramente ‘antissionista’. E eu digo, deixa que a verdade soe dos altos cumes das montanhas, deixa que ela ecoe através dos vales da terra verde de Deus: quando as pessoas criticam o Sionismo, elas querem dizer judeus – esta é a própria verdade de Deus”.

“Antissemitismo, o ódio ao povo Judeu, foi e permanece uma mancha na alma da humanidade. Nisto estamos completamente de acordo. Portanto, saiba também isto: antissionismo é inerentemente antissemita, e sempre o será”.

“Por que isso? Tu sabes que o sionismo é nada menos que o sonho e ideal do povo judeu de voltar a viver na sua própria terra. O povo judeu, as Escrituras nos contam, desfrutava antigamente de uma riqueza comum florescente na Terra Santa. Disto eles foram expulsos pela tirania Romana, os mesmos Romanos que cruelmente assassinaram nosso Senhor. Empurrados de sua pátria, sua nação em cinzas, forçados a vaguear pelo globo, o povo judeu repetidamente sofreu o chicote de qualquer que fosse o tirano que governasse sobre eles”.

“…Quão fácil seria, para qualquer um que tenha como caro este direito inalienável de toda a humanidade, compreender e apoiar o direito do povo judeu a viver na sua antiga Terra de Israel. Todos os homens de boa vontade exultarão a concretização da promessa de Deus que Seu povo deve regressar com alegria para reconstruir sua terra saqueada. Isto é sionismo, nada mais, nada menos”.

“E o que é antissionismo? É a negação ao povo judeu de um direito fundamental que justamente reivindicamos para o povo da África e livremente concordamos com todas as outras nações do mundo. É a discriminação contra Judeus, meu amigo, porque eles são Judeus. Em resumo, é antissemitismo”.

“O antissemita se rejubila com qualquer oportunidade de desafogar esta malícia. Os tempos tornaram impopular no Ocidente proclamar abertamente o ódio aos judeus. Sendo este o caso, o antissemita deve constantemente procurar novas maneiras e fóruns para seu veneno. Como ele deve se deleitar no novo baile de máscaras! Ele não odeia os judeus, ele é apenas ‘antissionista!’”.

“Meu amigo, eu não te acuso de antissemitismo intencional. Sei que sentes, tanto quanto eu, um profundo amor pela verdade e a justiça, e repulsa pelo racismo, preconceito e discriminação. Mas sei que foste enganado – como outros foram – a pensar que podes ser ‘antissionista’ e ainda permanecer verdadeiro àqueles princípios sinceros que tu e eu partilhamos. Deixa que minhas palavras ecoem nas profundezas de tua alma: Quando as pessoas criticam o sionismo, elas querem dizer judeus – não te enganes nisso”. [iii]

Aproximadamente desde a virada do século, nós temos testemunhado um aumento no antissemitismo por todo o mundo. Um relatório executivo emitido pelo Departamento de Estado dos EUA confirma que “A crescente frequência e severidade dos incidentes antissemitas desde o começo do século XXI … obrigou a comunidade internacional a se concentrar no antissemitismo com vigor renovado. …Em recentes anos, incidentes foram mais direcionados na natureza com os infratores parecendo ter intenção especifica de atacar os judeus e o judaísmo”. [iv]

Em alguns casos, há antissemitismo onde não há judeus! Um relatório intitulado, “Antissemitismo sem Judeus”, pela escritora, editora e fotografa Ruth Ellen Gruber, detalha a prevalência do antissemitismo na Europa, até onde não há quaisquer judeus. De acordo com Gruber, “Foi-me pedido para discutir o fenômeno do ‘antissemitismo sem judeus’ em termos históricos, mas também dentro do contexto do que foi chamado o ‘novo antissemitismo’ que se manifestou na Europa – e, certamente, em outro lugar… Eu tenho que dizer que não estou realmente confortável com o termo ‘novo antissemitismo’. Como o London Jewish Chronicle colocou num editorial no ano passado, o antissemitismo tem o ‘sono leve’, fácil de despertar. É também frequentemente referido como um vírus, um vírus proteico que, como as viroses causadoras de doenças no corpo humano, é capaz de sofrer mutações de uma maneira oportunista para derrotar quaisquer defesas ou anticorpos que possam ser edificados contra ele. Isso foi feito tantas vezes, até em países pós-Holocausto cuja população judaica é praticamente invisível. E está fazendo isso agora”.[v]

Talvez menos surpreendente, mas ainda assim inquietante, é o fenômeno do antissemitismo formal da Malásia. Em 6 de Outubro de 2012, Robert Fulford do Canadian National Post, publicou uma história sobre o antissemitismo na Malásia, afirmando que na Malásia, “Políticos e funcionários públicos devotam uma quantidade de tempo surpreendente pensando em Israel, a 7.612 km [4730 milhas] de distância. Por vezes parecem obcecados com isso. A Malásia nunca teve uma disputa com Israel, mas o governo encoraja os cidadãos a odiarem Israel e também a odiarem os judeus, sejam eles Israelitas ou não”. [vi]

“Poucos Malaios puseram olhos num judeu; a minúscula comunidade judaica emigrou há décadas atrás”, escreve Fulford. “Independentemente, a Malásia tornou-se um exemplo de um fenômeno chamado ‘Antissemitismo sem judeus’. Em Março passado, por exemplo, o Departamento Federal de Assuntos Islâmicos enviou um sermão oficial para ser lido em todas as mesquitas, afirmando que ‘Muçulmanos devem entender que os judeus são o maior inimigo dos muçulmanos como provado pelo seu comportamento egoísta e assassinatos realizados por eles’.

“Em Kuala Lumpur, é rotina culpar os judeus por tudo, desde fracassos econômicos à má imprensa que a Malásia recebe em jornais estrangeiros (‘Mantidos por Judeus’)”. [vii]

Evidentemente, até o Holocausto não mudou as mentes das pessoas em relação aos judeus. Como escrevi no Prefácio a este livro, “desde a virada do século, o antissemitismo tem aumentado uma vez mais, desta vez por todo o mundo. O espectro do ódio aos judeus enraizou-se mundialmente”. A simpatia que tivemos após a 2ª Guerra Mundial foi evidentemente de pouca duração, e agora uma nova onda, ainda mais ampla de antissemitismo está aumentando.

No Capítulo 2 citamos as palavras de Rabi Nathan Shapiro: “Há quatro forças no homem – inanimada, vegetal, animal e falante – e Israel têm ainda outra quinta parte, pois eles são o Divino falante”. [viii] Se mantivermos em mente que a meta da criação é que todos alcancem o último grau, que somente Israel tem, e que Abraão havia pretendido dar a todos os seus conterrâneos Babilônios, veremos que o que precisamos dar ao mundo é uma coisa muito simples: a qualidade de doação, incorporada na máxima, “Ama teu próximo como a ti mesmo”. Quando o egoísmo prospera pelo mundo, esta qualidade é o único remédio que consegue compensar uma colisão global de proporções sem precedentes.

Os judeus, desta forma, devem reacender esse traço dentro deles enquanto indivíduos e enquanto nação, e conduzir o caminho para o todo da humanidade. Certamente, adquirir a qualidade de doação é comparável à revelação do Criador através da equivalência de forma. Lamentavelmente, como o próximo capítulo irá demonstrar, nós frequentemente tentamos evitar essa missão, seja porque não estamos conscientes disso, ou porque não temos desejo por isso. Assim, em vez de abraçar nossa vocação e pavimentar o caminho para a luz para toda humanidade, tentamos nos assimilar até à extinção e ser como todas as outras nações.

[i] Baal HaSulam, Os Escritos do Baal HaSulam , “Os Escritos da Última Geração”, 832-833.

[ii] Eric Hoffer, Los Angeles Times, 26 de maio de 1968.

[iii] De ML King Jr., “Carta a um Amigo Antissionista”, Saturday Review XLVII (agosto de 1967), p. 76. Reproduzido no ML King Jr., “Isso Eu Acredito: Seleção dos Escritos de Dr. Martin Luther King Jr.”), url: http://www.internationalwallofprayer.org/A-022-Martin-Luther-King- Zionism.html

[iv] Departamento de Estado, “Relatório Global do Antissemitismo (5 de janeiro de 2005) dos Estados Unidos, url: http://www.state.gov/j/drl/rls/40258.htm

[v] Ruth Ellen Gruber, “Antissemitismo Sem Judeus”, url: http://www.annefrank.org/ImageVaultFiles/id_11774/cf_21/Gruber.pdf

[vi] Robert Fulford, “Antissemitismo Sem judeus na Malásia”, National Post (6 de Outubro de 2012), url: http://fullcomment.nationalpost.com/2012/10/06/robert-fulford-anti-semitism-without-jews-in-malaysia/

[vii] ibid.

[Viii] Rabino Nathan Neta Shapiro, Revela Coisas Profundas, Parashat Shemot [Êxodo].