Um Porão Para O Filho Amado

Dr. Michael LaitmanO que é necessário para se descobrir o bem? Por que alguém que nasce com grande abundância não a aprecia? Você diz aos filhos: “Veja o quanto vocês têm! Quanto eu tenho dado a vocês! Quando eu era criança, não tinha isso”. No entanto, eles rejeitam você e não querem ouvir isso.

Eles não podem apreciar a sua bondade, uma vez que não têm nada com que compará-la. Então, eles não entendem que tipo de gratidão você precisa deles. Eles querem ir ao cinema, podem ir; eles querem um computador, ganham; um novo telefone celular para sair de férias, o que quiserem. Eles têm tudo, e, portanto, também não têm nenhum desejo por nada.

Você lhes diz que quando tinha sua idade, você construía um carro para si mesmo de uma caixa de sapatos e brincava com este carro por dois anos, e eles riem de você. Eles estão certos, porque tudo é medido de acordo com o desejo.

Eles se sentem num determinado nível de saciedade e não se moverão dele em nenhuma direção. Em primeiro lugar a pessoa deve descer para o “menos infinito” para ser capaz de sentir o “mais infinito” posteriormente.

Sobre isso foi dito em “Levítico” 26:26: Quando eu lhes cortar o suprimento de pão, dez mulheres assarão o pão num único forno e repartirão o pão a peso. Vocês comerão, mas não ficarão satisfeitos, ou seja, que nada no mundo muda, exceto a nossa consciência. Mesmo agora, você se encontra em Olam Ein Sof (o Mundo do Infinito), mas, em vez disso, você sente este mundo, porque não tem os Kelim para perceber Ein Sof.

De um lado, há um saco de moedas de ouro, e, do outro lado, há uma montanha de diamantes. Na frente de você está uma mesa posta com várias iguarias, ainda que você esteja morrendo de fome e sofra com o mau cheiro.

Tudo depende do seu Kli de percepção. Você está em Olam Ein Sof, que nunca muda. Tudo depende apenas do desejo, e o desejo é construído acima de um abismo que é constantemente revelado num grau maior.

Por isso, é difícil para os nossos filhos sentirem uma razão para viver, especificamente, porque eles têm tudo. Baal HaSulam conta uma parábola sobre um rei que colocou seu filho num porão por 20 anos e causou-lhe angústia mental mostrando-lhe como todos os outros eram bem sucedidos. Os outros estão sentados num bar ou assistindo a Copa do Mundo, enquanto você está sentado num porão escuro cheio de ratos, amaldiçoando o seu pai.

Isto continuou até que o filho descobriu que seu pai estava agindo com bondade em seu coração e grande amor. Seu pai estava sofrendo porque tinha dado tristeza a seu filho. Enquanto que, se você dá aos seus filhos tudo o que eles querem pela bondade de seu coração, isso significa que você os odeia.

Pergunta: Segue-se que eu devo machucar intencionalmente uma criança, a fim de educá-la?

Resposta: Você a limita porque quer que as coisas sejam boas para ela, e você está disposto a sofrer por fazer isso. Você faz isso por amor a ela, para que ela se beneficie no futuro. Não vai ser bom para ela agora, como seu ego deseja, mas irá beneficiá-la ao longo de sua vida.

Ou você quer se sentir bem com o pensamento do quanto você tem lhe dado. Você pensa consigo mesmo: “Eu não podia pagar nada disso na minha infância, por isso o meu filho deve apreciá-lo”. É isso que você chama de amor?

Amanhã você vai ter que dar-lhe muitas vezes mais porque senão ela não vai sentir que está viva. Você deve construir um “porão” com grande sabedoria e colocar o seu amado filho lá, e você vai sofrer muitas vezes mais do que ele quer. Desta forma, você estará preparando-o para uma vida boa.

Portanto, nós temos um método através do qual é possível avançar no sentido da satisfação, do bem, não por se sentir mal, mas por estar ciente disso. Esta é uma patente muito especial. É necessário apenas entender o princípio e isso é suficiente. Então, não haverá mais necessidade de sofrer. Nós não estamos prontos para percorrer o caminho do sofrimento difícil.

O Criador fez um sistema especial em que é suficiente para nós estarmos cientes do mal que existe em contraste com o bem, a fim de aceitá-lo como uma ferramenta e sentir satisfação com ele. Afinal, não estamos prontos para descer a “menos infinito”.

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá 12/06/14, Escritos do Baal HaSulam