Não Cave Um Buraco Para Outra Pessoa

laitman_202_0Numa fase particular do seu desenvolvimento, a humanidade finalmente tem a oportunidade de entender a sua natureza egoísta e má. Se olharmos de perto, parece que não há nada de bom em nós. Nós realizamos obras ainda mais sublimes e generosas com o único objetivo de explorar os outros.

Isso também acontece em relação aos nossos filhos amados; nós fazemos tudo só para o nosso próprio benefício e prazer. Uma pessoa é uma grande egoísta, de tal modo que age apenas numa direção: para si mesma. Ela não é capaz de realizar qualquer outra ação. A questão é: por que a natureza nos criou assim?

Em primeiro lugar, cabe a nós estarmos cientes de nosso lugar no enorme mecanismo da criação. Nós estamos nele como crianças que não entendem o que estão fazendo na Terra, a qual é muito pequena em relação às dimensões do universo infinito. Esta Terra é como nossa sala infantil, onde quebramos tudo como crianças desobedientes cujos pais as abandonaram.

De repente, nos lembramos que fora desta sala ainda há uma grande casa e, ao que parece, os pais são aqueles que nos criaram. A natureza não é um ambiente cego e selvagem, porque não pode ser que este mundo surgiu por si só e ao acaso. Parece que existem leis que devemos estudar e sentir, mudando-nos de alguma forma.

O tempo chegou para que deixemos de correr como criancinhas, lutando entre nós o tempo todo. Venham, vamos ao menos parar por um momento e deixar de brigar como inquilinos que vivem no mesmo apartamento. Em vez disso, devemos ver as coisas com uma visão mais ampla, olhando em volta e ver o que está acontecendo. Talvez nós tenhamos sucesso em encontrar mais significado em nossas vidas do que o que fazemos agora.

Afinal de contas, nós estamos sofrendo com os conflitos entre nós e não vemos nada de bom nesta vida. Esta questão ocupa a humanidade cada vez mais e requer uma reflexão. Talvez tenha chegado a hora de abandonar a arrogância e o ódio que não são benéficos para ninguém.

Esta é uma característica típica do nosso tempo. Se anteriormente alguém pensava que poderia alcançar tudo através da força e dominar o mundo inteiro como Gengis Kan, Júlio César, Alexandre da Macedônia, o Faraó ou Nabucodonosor, no nosso tempo não há mais grandes ditadores, nem Hitler nem Stalin.

O homem de hoje vê que não há nada eterno no mundo e que tudo acabou muito rapidamente. Portanto, não há razão para desperdiçar a vida que nos é dada apenas uma vez. A pessoa, inconscientemente, chega a conclusões como essas e entra em desespero.

No entanto, lá no fundo desse desespero, há uma pérola maravilhosa que pode ser tomada; ela é chamada de mês de Elul. É quando nós finalmente começamos a entender que tudo o que está acontecendo é para nos ensinar alguma coisa. Depois de tal descoberta já começamos com um novo desenvolvimento e não permanecemos dentro dos conflitos mútuos que atraem nações inteiras. Em vez disso, subimos para outro nível de existência, um nível sublime.

O mês de Elul é projetado para um pensamento decisivo e renovado sobre as nossas vidas. Nós devemos sentir nosso estado atual como intolerável e entender que não pode ser de outra forma com a nossa natureza egoísta. Cabe a nós ver-nos na estrutura desta enorme e abrangente natureza, que é pura e exaltada, completamente perfeita e infinita, e depois vamos ficar chocados com o nosso estado.

Como é possível que um ser humano com uma emoção e uma inteligência tão desenvolvida, que o coloca acima de toda a criação, se encontra no estado mais baixo, vil e desprezível de todos, prejudicial a si mesmo e ao resto da natureza? Nenhuma outra criatura é tão prejudicial!

Todo o resto não age de acordo com a sua inteligência, mas obedece instintos que estão sempre voltados às melhores situações possíveis. Portanto, um animal não erra. O menor gatinho não vai cair de uma altura porque ele se protege instintivamente, ao passo que uma criança pequena pode cair porque não se sente o perigo.

O que resulta disso é que, juntamente com a nossa emoção e inteligência desenvolvidas, nós também temos liberdade de escolha e a possibilidade de utilizar o nosso maior potencial para nos desenvolvermos correta ou incorretamente. Este é todo o problema.

A natureza inanimada, as plantas e os animais não têm a liberdade de escolha que possibilite a utilização de emoções e inteligência de forma diferente. Com eles, tudo é simplesmente dirigido para o maior benefício pessoal, aqui e agora. Com os seres humanos, não há nada como isso.

Portanto, o ser humano, ao contrário de um cão ou gato, pode prejudicar a si mesmo. Basicamente, isso é o que acontece. Nós possuímos mais inteligência do que o resto das criaturas, e ainda a usamos para o nosso prejuízo e nem sequer conseguimos entender isso. Parece que queremos utilizar essa inteligência para nosso próprio bem e em detrimento de outros. No entanto, em última análise, conclui-se que estamos cavando um poço para nós mesmos.

De KabTV “Uma Nova Vida” 14/09/14