Como Um Feixe De Juncos — Eu Quero, Logo Existo, Parte 4

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Capítulo 2: Eu Quero, Logo Existo

A Vida Como Uma Evolução Dos Desejos

O Ponto No Coração

Este é o nível a que o Rabino Nathan Shapiro chamou de “o Divino falante”. É este desejo que nos impulsiona a explorar como esse mundo funciona, o que o faz funcionar do modo como ele o faz, e por que. É o desejo que chamamos de “Israel”, Yashar El (direito ao Criador). Em Abraão, esse desejo apareceu como o anseio de saber “Como era possível que esta roda sempre rodasse sem um condutor? Quem a roda, pois ela não pode rodar a si mesma?” [i]

Baal HaSulam chamou esse desejo de conhecer o Criador de “o ponto no coração”. Na sua “Introdução ao Livro do Zohar”, ele explica que o coração pode ser visto como o todo dos nossos desejos, e que “o ponto no coração” é o desejo dentro de nós que aponta para o Criador. [ii] Meu professor, o Rabino Baruch Shalom HaLevi Ashlag (o Rabash), primogênito e sucessor de Baal HaSulam, explicou que o “ponto no coração” é o desejo chamado “Israel”. Nas suas palavras, “Há também Israel numa pessoa… mas ele é chamado de ‘ponto no coração’”. [iii]

Agora nós podemos ver porque Abraão estava tão determinado a partilhar o que havia descoberto. Ele sabia que os desejos humanos estavam evoluindo, e sabia que quanto mais eles evoluem, mais se voltam para adquirir riqueza, poder, dominação sobre os outros e conhecimento. Era claro para ele que sem adquirir o conhecimento da natureza dos desejos humanos, as pessoas não seriam capazes de gerir a si mesmas e suas sociedades adequadamente.

Assim que Nimrod teve sucesso em impedir os esforços de Abraão de circular seu conhecimento aos Babilônios, esse homem sábio juntou aqueles que o seguiam e saiu da Babilônia para espalhar sua mensagem para fora. Certamente, o legado de Abraão para nós é que aqueles que compreenderam o que ele havia ensinado deviam partilhar o conhecimento com quem quer que estivesse disposto a escutar. Nas palavras de O Livro do Zohar, “Abraão cavou esse poço [Beer Sheba]. Ele o descobriu porque havia ensinado a todas as pessoas no mundo a servir o Criador. E assim que ele o cavou, este emitiu águas vivas que nunca cessaram”. [iv]

O povo de Israel de hoje são os descendentes dos estudantes de Abraão, pessoas com pontos em seus corações, o ponto de Israel dentro delas. Embora esse ponto esteja agora enterrado por baixo de séculos de esquecimento, ele existe e aguarda ser reacendido. Nas palavras do Sagrado Shlah, “Israel é chamado de ‘Assembleia de Israel’, pois embora abaixo eles estejam separados uns dos outros, acima, na raiz de suas almas, eles são uma unidade e estão congregados, pois são a parte do Senhor. Os ramos [o povo de Israel] que desejam regressar às suas raízes devem seguir o exemplo de suas raízes, ou seja, se unir abaixo também. Quando a separação está entre eles, eles aparentemente causam separação e divisão acima; vejam quão longe a questão se prolonga. Desta forma, toda a casa de Israel deve perseguir a paz e ser um, em paz e plenitude, sem um defeito, para se assemelhar a seu Criador [estar em equivalência de forma com Ele], pois assim é o nome do Senhor, ‘Paz’”. [v]

Assim que Israel se unir e se corrigir, eles poderão concretizar sua vocação e ser “Uma luz para as nações” (Isaías 42:6). Nas palavras do Rabino Naftali Tzvi Yehuda Berlin (O NATZIV de Volozin), “A principal razão pela qual a maioria de nós vive em exílio é que o Senhor revelou a Abraão Nosso Pai que seus filhos foram feitos para ser uma luz para as nações, o que é impossível a menos que estejam dispersos no exílio. Assim foi com Jacó, Nosso Pai, quando ele chegou ao Egito, onde estava a maioria do povo. Com isso, Seu nome se tornou grande, quando eles viram Sua providência sobre Jacá e seus descendentes”. [vi]

Falando da evolução dos desejos, a raça humana constitui o quarto e mais alto nível do desejo, o único que permite o livre arbítrio. Mas para tomar as escolhas certas, as pessoas precisam saber como tudo funciona a partir da sua raiz. O povo Israelita representa o desejo de conhecer a raiz; portanto, é sua responsabilidade estudar a raiz, e transmitir seus discernimentos e percepções ao resto da humanidade. Assim, todos saberão como fazer com que suas escolhas funcionem para seu benefício.

Para obter esse conhecimento, Abraão formou um método de estudo que os sábios nutriram e desenvolveram durante eras. O próximo capítulo descreverá a evolução desse método, que desde que foi escrito O Livro do Zohar, tem sido referido como “Cabalá”.

[i] Maimônides, Yad HaChazakah (A Mão Poderosa), Parte 1, “O Livro da Ciência”, capítulo 1, item 1.

[ii] Rabino Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam , “Introdução ao Livro do Zohar“, itens 43-44 (Instituto de Pesquisa Ashlag, Israel, 2009), 444.

[iii] Rabino Baruch Shalom Ashlag (o Rabash), Os Escritos de Rabash, “Na Minha Cama à Noite” (Instituto de Pesquisa Ashlag, Israel, 2008), 129.

[iv] Rabino Shimon Bar Yochai (Rashbi), O Livro do Zohar (com o Comentário Sulam [Ladder] de Baal HaSulam, New Zohar, Parashat Toldot, vol. 19, inciso 31 (Jerusalém), 8-9.

[v] Rabino Isaías HaLevi Horowitz (O Santo Shlah), Masechet Sucá [Tratado Sucá], capítulo, “Torah, Luz” (13).

[vi] Rabino Naftali Tzvi Yehuda Berlin (The NATZIV de Volozin), Haamek Davar [Mergulhar Profundamente na Matéria] sobre Beresheet [Gênesis], capítulo 47:28