A História Da Humanidade: O Desenvolvimento Da Garantia Mútua (Arvut) – Parte 4

laitman_220As Aventuras de Abraão

Depois que Abraão alcançou tudo isso, ele começou a trabalhar com as pessoas. Ele explicou o verdadeiro bem-estar e como viver como uma família novamente, em vez do princípio do”seguro nacional”. Mas Abraão descobriu que apenas um pequeno número de pessoas o entendia. As pessoas foram atingidas pelo egoísmo que, de repente acendeu dentro delas; elas não eram capazes de entender que este egoísmo não era delas, que era, na verdade, uma força estranha no interior do homem.

Elas começaram a percebê-lo como sua própria natureza, da mesma forma que fazemos hoje. Se eu penso que alguém é ruim, então ele é ruim e eu sou bom; é isso aí. Eu não sinto que algo está me controlando desde dentro, fazendo-me pensar mal de alguém. Eu sou incapaz de me ver de fora e entender como essa força “alienígena” me move. Eu não tenho um ponto de vista objetivo. Eu não posso me isolar dos meus pensamentos e sentimentos, “afastar” e olhar para o meu comportamento, o meu caráter, a minha natureza, ou a mim mesmo de fora.

As pessoas são incapazes de se ver objetivamente de fora, como fazemos com os outros. A pessoa deve analisar criticamente a si mesma, tornar-se o seu próprio juiz. Abraão explicou esta abordagem “independente” para as pessoas: vamos sair de nós mesmos e olhar para o que está acontecendo conosco. Esta inclinação ao mal, que se tornou mais evidente, está me mostrando que eu estou separado dos demais. Então, por que não posso me separar da mesma forma e me reconectar com os outros? Hoje em dia, essas técnicas são adotadas pela psicologia moderna.

Quando ele começou a ensinar os babilônios o que é em essência a psicologia materialista aplicada, Abraão encontrou apenas alguns milhares de pessoas que estavam prontas para ouvi-lo. As pessoas não viam nenhum mal no ego desenvolvendo-se dentro delas; elas ainda não se sentiam mal, só viam como podiam usar o ego para ganhar dinheiro, ter sucesso e prosperar através da construção de uma sociedade melhor, que era mais bem sucedida e próspera, que iria permitir que todos pudessem ser bem sucedidos, ter sua próprio “Torre de Babel” para os céus.

Então Abraão e seus seguidores que compartilhavam a ideia da garantia mútua, partíram e foram embora. Josephus nogrande Midrash menciona isso. Maimônides (século XII) diz que milhares de pessoas partiram com Abraão. É assim que chegaram a Canaã, hoje Israel.

Em seu grupo, Abraão continuou a construir a garantia mútua. Embora seu egoísmo crescesse continuamente, eles fizeram esforços para se manter conectados acima dele. Eles ensinavam a garantia mútua aos filhos desde tenra idade. É assim que eles apoiavam a unidade entre si e o equilíbrio com a natureza.

Isso continuou até que o egoísmo cresceu novamente dentro deles, e isso foi tão repentino que eles não poderiam evitar cair sob a sua autoridade. Isso é chamado de descida ao Egito. Eles desceram ao Egito, porque não podiam se alimentar mais em Canaã: nem terra, nem gado lhes dava comida por causa de sua separação; sem a garantia mútua, eles não poderiam alcançar a reciprocidade que antes permitia que sociedade florescesse, e a fome os levou ao Egito.

No Egito, eles experimentaram um crescimento adicional do ego até o ponto onde quase desistiram de sua reciprocidade. Quanto mais se separavam da garantia mútua e se afastavam um do outro, mais pressão sentiam dos egípcios e desde dentro. Cada pessoa sentia ódio por todos, bem como o infortúnio, já que cada um se sentia como um solitário, em vez de parte da nação, e foi difícil para todos, porque em vez de um ambiente de amor, todos se viram cercados por pessoas que odiavam. Além desta separação entre todos na nação, os egípcios os escravizaram, e encheram suas vidas com amargura. Isso fez com que eles sentissem uma escravidão dupla: sua separação dolorosa e sua escravidão aos egípcios.

Finalmente, o seu sofrimento tornou-se tão grande que eles estavam dispostos a pagar qualquer preço para se livrar dele, para voltar à garantia mútua, porque essa era a única maneira deles se sentir como uma família novamente. Eles sabiam que se eles se conectassem riam obter energia suficiente para deixar o Egito. Eles tomaram a decisão de partir, já que sua vida havia se tornado a escuridão egípcia.

Seu líder era Moisés. Ele era um homem que tinha a qualidade da misericórdia, como Abraão, que lhes ensinou essa qualidade. Uma vez Moisés levava um cordeiro perdido em seus ombros para seu rebanho do outro lado do deserto e salvou sua vida. Esta é exatamente a qualidade que o líder de uma nação deve ter.

Moisés foi criado no palácio do Faraó até a idade de 40 anos, e, depois, na casa de Jetro, sacerdote de Midiã até a idade de 80 anos. Ele não tinha quaisquer motivos religiosos ou nacionais para se tornar um líder; foi apenas devido à sua qualidade da misericórdia. Nós podemos ver a partir disso que a qualidade da misericórdia é o suficiente para seguir o caminho certo e liderar o povo.

Moisés levou a nação ao Monte Sinai, que significa “a montanha de ódio”, para fazer um acordo, a garantia mútua. Eles morreram porque estavam em frente às leis da natureza, que exigia que eles fossem iguais a ela. Eles tiveram que criar um “guarda-chuva” (tela), que eles tinham até certo ponto, a fim de se elevar sobre o ódio mútuo; só então a vida pode continuar.

Após ter assinado o acordo, o país começou a se cultivar. Eles fizeram uma promessa de se tornar “como um homem com um coração”, de obedecer à regra do “Ama o teu próximo como a ti mesmo”, em garantia mútua. Enquanto isso, o seu egoísmo continuou a crescer. Durante este tempo chamado de “40 anos de peregrinação”, eles tinham que trabalhar constantemente em seu ego, subir sobre ele, “cobri-lo”.

A inclinação ao mal fervia em cada pessoa, os desacordos eclodiam, mas as pessoas se apoiavam mutuamente. Em garantia mútua, eu devo apoiá-lo, não importa o quê, para que você não se esqueça que somos ambos impulsionadas por nossos egos, e que temos que transcendê-lo. E você se importa comigo para que eu não me esqueça. É assim que ajudamos uns aos outros, todo mundo faz um esforço, mas o principal é a sociedade; o ambiente que estamos constantemente criando precisa implantar a idéia fundamental de uma garantia mútua dentro de nós, uma preocupação por todos, pensamentos por todos.

Este é o guarda-chuva que abrimos acima de nós. Esta é a nossa única livre escolha: continuar no caminho acima do ego ou continuar escravizados por ele. E a construção de um ambiente é a única coisa necessária; esta é a garantia mútua.

Juntos, nós formamos uma força geral que afeta a todos, não permitindo que a pessoa evite este objetivo, esta mensagem, este método. A pessoa tem que permanecer em união com os outros, como um órgão do corpo que funciona em interacção completa com os outros. Nesse meio tempo, o corpo cresce, novas partes e órgãos se desenvolvem no seu interior, e cada um tem que se incluir no sistema geral. O sistema deve estar preocupado com cada pessoa, nunca permitindo que alguém fuja ou caia.

Embora o ego continue fervendo sob esse guarda-chuva, o nosso nível humano, a nossa auto-consciência e compreensão existem acima dele. Desta forma, nós estamos constantemente acima do nível da resistência do ego, e essa força é chamada de “tela” (Masach) .

Nesta fase, a essência do método não é prejudicar os outros e preservar a unidade, apesar de nosso ego crescente: “Aquilo que é odioso para você, não faça ao seu amigo”. Não se preocupe em fazer o bem, porque você não é capaz disso ainda, mas pelo menos não prejudique ninguém de uma maneira que você odiaria. Esta correção geral é chamada de “peregrinar pelo deserto por quarenta anos”.

Agora nós estamos chegando mais perto da terra de Israel, a próxima etapa da nossa história. Estamos realmente prontos para se tornar uma nação. E é por isso que temos que formar uma conexão entre nós de acordo com um novo princípio. A condição de não prejudicar os outros tem sido alcançada. Todo o nosso ego foi corrigido devido a nossa garantia mútua, a interconexão, o que nos mantém juntos. Sem dúvida, não iremos prejudicar o outro. Depois, vamos chegar à “terra de Israel” e conquistá-la. Para colocar de forma diferente, vamos começar a trabalhar com o nosso ego, para transformá-lo em bem, de modo que a pessoa pode amar ao próximo como a si mesma.

Nós vamos construir o “Templo”, a casa de santidade, porque a obtenção da qualidade de doação, garantia mútua, cresceu graças a isso. “Santidade” é doação, amor mútuo. Durante um determinado período da nossa história nós realmente alcançamos esse estado, em que estávamos conectados uns com os outros como um só homem, como um todo. Nesse estado, nos sentíamos conectados com a natureza, sua eternidade e perfeição.

Mas o programa da natureza é levar toda a humanidade à unidade e garantia mútua, para uma comunidade geral. Abraão só podia cuidar de vários milhares de babilônios, mas os outros babilônios, a humanidade inteira, vai ser cuidada pela nação que inicialmente chegou à garantia mútua.

Mas para que isso aconteça, eles precisam estar nas mesmas condições que Abraão estava na Babilônia. Isso significa que têm que cair de seu grau totalmente corrigido ao grau anterior, passando do “Ama o teu próximo como a ti mesmo” ao egoísmo puro. Mas, mesmo nessa descida, eles mantêm a sua centelha da qualidade de misericórdia e garantia mútua.

Assim, a nação passou da destruição do Primeiro Templo, ao exílio, à queda do grau de “Ama o teu próximo como a ti mesmo” para o nível de “O que é odioso para você, não faça ao seu amigo”, e nesta qualidade, eles construíram o Segundo Templo dentro de si.

Rav Akiva, o grande sábio do período do Segundo Templo, chamou o povo a subir mais uma vez ao nível do “Ama o teu próximo como a ti mesmo”. Mas ele sabia que, ao fazer isso, estava só acelerando a destruição do Segundo Templo, que também foi necessária. O aumento do ego é o que causou a destruição do Segundo Templo; a nação caiu no egoísmo e perdeu sua conexão. Isto é o que é chamado de exílio, não geográfico ou histórico, mas interno, exílio da garantia mútua, a partir da qualidade que uma vez conectou a nação após Abraão construiu-la num todo.

E, desde então, o país esteve no exílio. Este exílio era para ser longo e difícil, porque o mundo inteiro tem que chegar ao mesmo estado que Abraão chegou na Babilônia. E agora, na nossa geração, estamos exatamente no mesmo estado. Nós vivemos em Israel, mas não somos uma nação ainda. Agora temos que nos unir para alcançar a mesma qualidade que Abraão quando ele reuniu uma nação dos babilônios.

Nós recebemos todas as condições necessárias para atingir a garantia mútua de acordo com a nossa raiz, para se tornar uma nação mais uma vez, em vez de estranhos, como um homem com um coração, para amar uns aos outros como a nós mesmos, em garantia mútua, que é o meio exato para alcançar o amor entre nós. A garantia mútua significa que temos que continuar a construir a influência do ambiente, de modo que ele irá manter cada pessoa acima do seu ego. Depois, ao atingir esta qualidade, nós vamos ser capazes de cuidar dos outros babilônios que se espalham por todo o mundo e não aderiram a Abraão.

Não há dúvida de que podemos fazer isso porque todas as outras pessoas se encontram num estado de ruína e desamparo, sem saber o que fazer. Hoje em dia elas também estão começando a entender que o caminho do desenvolvimento não as afastou da Babilônia. Nada mudou, apenas que agora está se manifestando em sua forma verdadeira, de forma mais distinta e clara.

Uma grande devastação está rapidamente se aproximando de nós. Nosso egoísmo está  literalmente nos matando, e nós devemos corrigi-lo. Caso contrário, não vamos mais existir, porque a humanidade está se devorando por dentro, enquanto a natureza está nos empurrando por fora, uma vez que estamos nos comportando como um órgão que é alheio ao seu corpo. É por isso que continuamos a receber mais golpes a cada dia.

Portanto, não há outra saída; nós temos que perceber esta garantia mútua entre nós. Nós temos os meios, a energia e o método que nos foi passado desde o tempo de Abraão. Vamos torcer para que sejamos capazes de cumprir a tarefa, que o mundo vai entender qual o nosso propósito e porque somos diferentes.

Embora sejamos odiados pelas nações, isso é apenas porque até agora temos sido incapazes de passar o método de correção para elas. Em primeiro lugar, elas têm que se conscientizar do mal, de modo que terão a capacidade de concordar com isso, sem ter outra escolha. É por isso que nós tivemos que esperar até a nossa hora para revelar o método de garantia mútua e entender como realizá-lo, como levar toda a humanidade à harmonia com a sua natureza interior. Ao fazer isso, vamos todos nos elevar sobre o nosso ego geral e atingir um grau mais elevado do que antes, porque agora toda a humanidade será como um todo.

Como órgãos num só corpo, vamos atingir o nível “humano” da existência, o nível de “humano” (Adão). Vamos entender o objetivo da natureza, todo o processo, e ir além do horizonte para o estado perfeito. Afinal de contas, nós estamos nos aproximando de uma vida perfeita, uma sensação de eternidade, inerente à própria natureza. Diante de nós há uma bela meta permitindo a cada pessoa a oportunidade de se realizar perfeitamente, através do investimento nos outros, conectando-se com eles, e através da implementação de todas as suas qualidades e habilidades naturais. Não há supressão ou limitações, e há apenas uma condição: dar tudo aos outros como uma célula num corpo, e então você será recompensado com a vida de todo o corpo.