A Causa Da Drogadição

Laitman_154Nas Notícias (de The Huffington Post): “Passaram-se cem anos desde que as drogas foram proibidas pela primeira vez – e durante todo este longo século de guerra contra as drogas, nos foi contada uma história sobre o vício por nossos professores e governos. Esta história é tão profundamente enraizada em nossas mentes que nós tomamos como verdadeira. Parece óbvio. Parece certamente uma verdade… Mas o que eu aprendi no caminho é que quase tudo o que foi dito sobre o vício está errado – e há uma história muito diferente esperando por nós, se estivermos prontos para ouvi-la.

“Se realmente absorvermos essa nova história, vamos ter que mudar muito mais do que a guerra contra as drogas. Vamos ter que mudar a nós mesmos…

“Experimento 1: “Coloque um rato numa gaiola, sozinho, com duas garrafas de água. Uma tem apenas água. A outra tem água misturada com heroína ou cocaína. Quase toda vez que você executar este experimento, o rato vai se tornar obcecado pela água com droga, e continuará voltando cada vez mais, até se matar.

“Experimento 2: “O Professor Alexander [professor de Psicologia em Vancouver chamado Bruce Alexander] construiu o ‘Parque de Ratos’. É uma gaiola exuberante, onde os ratos teriam bolas coloridas, a melhor comida de rato, túneis para correr e muitos amigos: tudo o que um rato numa cidade poderia querer. O que  vai acontecer (Alexander queria saber)?

“No Parque do Rato, todos os ratos, obviamente, experimentaram as duas garrafas de água, porque não sabiam o que estava nelas. Mas o que aconteceu a seguir foi surpreendente.

“Os ratos com uma boa vida não gostaram da água com droga. A maioria deles a evitou, consumindo menos de um quarto das drogas que os ratos isolados utilizaram. Nenhum deles morreu. Enquanto todos os ratos que estavam sozinhos e infelizes tornaram-se utilizadores pesados, nenhum dos ratos que tinha um ambiente feliz fez isso…

“No início, eu pensei que este era apenas um capricho dos ratos, até que descobri que havia – no mesmo tempo que o experimento do Parque dos Ratos – um equivalente humano útil ocorrendo. Ele foi chamado de Guerra do Vietnã. A revista Time relatou que usar heroína era “tão comum como goma de mascar” entre os soldados norte-americanos, e que há uma sólida evidência que sustenta isso: cerca de 20 por cento dos soldados norte-americanos havia se tornado viciado em heroína lá, de acordo com um estudo publicado no Archives of General Psychiatry. Muitas pessoas estavam compreensivelmente apavoradas; elas acreditavam que um grande número de viciados estava prestes a voltar para casa quando a guerra terminou.

“Mas, na verdade, cerca de 95 por cento dos soldados viciados – de acordo com o mesmo estudo – simplesmente parou. Muito poucos se submeteram à reabilitação. Eles passaram de uma gaiola aterrorizante para uma agradável, de modo que não quiseram mais a droga. …

“Experimento 3: “Após a primeira fase do Parque dos Ratos, o Professor Alexander realizou este teste novamente. Ele refez os primeiros experimentos, onde os ratos eram deixados sozinhos, e se tornavam usuários compulsivos da droga. Ele os deixou usá-la por 57 dias – se alguma coisa pode pegar você, é isso. Depois, ele os tirou do isolamento, e os colocou no Parque dos Ratos. Ele queria saber, se você cai no estado de dependência, será que o seu cérebro é sequestrado, de modo que você não pode se recuperar? Será que as drogas o dominam novamente? O que aconteceu é, novamente, impressionante. Os ratos pareciam ter algumas contrações musculares de retirada, mas logo pararam seu uso pesado, e voltaram a ter uma vida normal. A boa gaiola os salvou…

“Aqui está um exemplo de uma experiência que está acontecendo ao seu redor, e pode muito bem acontecer com você um dia. Se você é atropelado hoje e quebra o seu quadril, você provavelmente vai receber diamorfina, o nome médico para a heroína. No hospital a sua volta, haverá muita gente que também recebe heroína por longos períodos, para alívio da dor… Então, se a velha teoria da dependência for correta – são as drogas que causam isso; elas fazem o seu corpo precisar delas – então é óbvio o que deve acontecer. Dúzias de pessoas devem deixar o hospital e tentar “dar um tapa” (usar drogas) nas ruas para atender seu hábito.

Mas eis o que é estranho: isso praticamente nunca acontece. Como o médico canadense Gabor Mate foi o primeiro a me explicar, os usuários médicos simplesmente param, apesar de meses de uso. O mesmo medicamento, utilizado pelo mesmo período de tempo, transforma usuários de rua em viciados desesperados e não afeta pacientes médicos. …

“O viciado de rua é como os ratos na primeira gaiola, isolado, sozinho, com apenas uma fonte de consolo a quem recorrer. O paciente médico é como os ratos no segundo compartimento. Ele está indo para casa para uma vida onde está rodeado de pessoas que ama. A droga é a mesma, mas o ambiente é diferente. …

“Portanto, o oposto do vício não é a sobriedade. É a conexão humana… Ironicamente, a guerra contra as drogas na verdade aumenta todos grandes propulsores do vício. Por exemplo, eu fui a uma prisão no Arizona – ‘Cidade de Tendas’ – onde os presos são detidos em minúsculas gaiolas de isolamento de pedra (‘O Buraco’) por semanas a fio para puni-los pelo uso de drogas. E quando eles saem, vão estar desempregados por causa de sua ficha criminal – garantindo que serão segregados ainda mais…

“Existe uma alternativa. Você pode construir um sistema projetado para ajudar os viciados em drogas a se reconectar com o mundo – e assim deixar para trás os seus vícios.

“Portugal tinha um dos piores problemas de droga na Europa, com um por cento da população viciada em heroína. Eles haviam tentado uma guerra contra as drogas, e o problema estava ficando cada vez pior. Então, eles decidiram fazer algo radicalmente diferente. Eles resolveram descriminalizar todas as drogas, e transferir todo o dinheiro que costumavam gastar em deter e prender os viciados em drogas, e gastá-lo reconectando-os: a seus próprios sentimentos e à sociedade em geral. O passo mais importante é dar-lhes uma habitação segura e empregos subsidiados para que tenham um propósito na vida, e uma razão para sair da cama…

“Isso não é apenas relevante para os viciados que eu amo. É importante para todos nós, porque nos obriga a pensar de forma diferente sobre nós mesmos. Os seres humanos são animais unidos. Nós precisamos nos conectar e amar. A frase mais sábia do século XX foi a de EM Forster: ‘só se conectar’. Mas nós criamos um ambiente e uma cultura que nos separa da conexão, ou oferece apenas a paródia do que oferece a Internet. O aumento da dependência é um sintoma de uma doença mais profunda na maneira como vivemos: constantemente dirigindo nosso olhar para o próximo objeto brilhante que devemos comprar, em vez dos seres humanos ao nosso redor…

“O escritor George Monbiot chamou isso de ‘a idade da solidão…’. Nós precisamos agora falar sobre a recuperação social: como todos nós nos recuperamos, em conjunto, da doença do isolamento que está submersa em nós como uma névoa espessa”.

Meu Comentário: Restaurar uma boa comunicação mútua entre as pessoas, apesar do nosso egoísmo, é uma panaceia absoluta para todos os nossos males. Assim, através da conquista da unidade, isso nos leva ao mundo superior, à existência eterna e perfeita.