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Unidade Ou A Torre De Babel?

Dr. Michael LaitmanPergunta: A atual conexão integral entre as pessoas não pode ser considerada como a Torre de Babel?

Resposta: Não há conexão entre as pessoas. Há unificações dos mercados, bancos, etc., e isso é a construção da Torre de Babel (egoísmo). Mas isso corre o risco de entrar em colapso e nos enterrar sob suas ruínas.

A Cabalá oferece a mesma solução proposta por Abraão há 3.500 anos para o mesmo problema. Nós devemos chegar à unidade acima do nosso egoísmo e apesar dele. Nós vamos dominar este método no bom caminho, ou seja, pela Luz, ou num mau caminho, pelo sofrimento. Não há outro caminho. O objetivo pré-determinado da natureza está diante de nós, que é o de revelar o Criador através da união com todos.

Primeira Velocidade De Escape

laitman_233Pergunta: O que é o mundo superior que eu posso sentir se consigo desenvolver o sistema de percepção adicional da realidade?

Resposta: O mundo espiritual é chamado de mundo superior porque é maior do que o mundo material de acordo com as suas propriedades. As propriedades do mundo espiritual são doação e amor, algo que está acima do nosso próprio egoísmo.

Isso significa que eu tenho que sair do meu egoísmo no mesmo sentido, como um foguete que supera a gravidade da Terra quando entra em órbita. Muita energia deve ser gasta para alcançar esse objetivo.

Quando um satélite está em órbita, em voo livre, a força gravitacional puxa o satélite em direção ao centro da Terra. No entanto, uma força conflitante, que permite que o satélite se afaste da Terra, neutraliza-o.

Isso significa que nós precisamos do tipo de força que possa nos afastar de nosso egoísmo. O egoísmo nos puxa para si, desejando nos fechar internamente; é por isso que nós estamos tão conectados com o mundo material e não conseguimos nos separar dele.

Tecnicamente, este problema pode ser resolvido com a criação de tais motores potentes que seriam capazes de nos fazer decolar. A fim de escapar do campo gravitacional da Terra, a pessoa deve alcançar certas velocidades chamadas “a primeira velocidade de escape” (4,97 km/s) ou “a segunda velocidade de escape” (6,96 km/s).

Então, é possível orbitar a Terra sem sentir sua atração. Dessa forma, nós neutralizamos a força gravitacional com a força oposta do nosso desejo de escapar dela, de subir acima dela.

O mesmo fenômeno ocorre na sabedoria da Cabalá. Se vencermos o nosso egoísmo que nos puxa para baixo em direção a si mesmo, utilizando as forças de doação e amor, nós ascendemos a tal dimensão que é completamente construída sobre a doação. Isso significa que ela se encontra acima dos nossos corpos físicos, e nós entramos no novo mundo.

De KabTV “Uma Nova Vida” 15/01/15

Como Ter Sucesso Na Escola Da Vida

Dr. Michael LaitmanPergunta: Eu sou uma pessoa prática real que não acredita em qualquer poder superior ou outra coisa. Eu só quero saber como governar a sorte (destino).

Resposta: Você pode governar a sorte se mudar a si mesmo, para ser como o poder da sorte.

Pergunta: E se eu sou um ateu, será que posso governar a boa fortuna de acordo com o seu método?

Resposta: Isso não está relacionado à fé. É uma técnica com a qual as pessoas práticas e pragmáticas que querem ter sucesso na vida chegam a um resultado muito mais rápido.

Pergunta: Como posso governar a sorte?

Resposta: A força que move você ao longo da vida não muda. Você tem que se tornar como essa força. Assim como uma criança que não quer ir para a escola tem que mudar seu ponto de vista, sua direção.

A criança precisa ver que se ela muda para caber no grau em que se encontra, não quer mudar o grau de acordo com ela, mas, se ela se senta calmamente e estuda, faz o seu dever de casa, então ela pode alcançar um grande objetivo como resultado.

Pergunta: Pelo que eu entendi, o objetivo de toda essa escola da vida é me ensinar a amar?

Resposta: É verdade; não há nada além disso. Está escrito: “‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’ é a principal regra de toda a Torá”.

O que se pode ganhar com isso? Ao alcançar as propriedades do amor, você se conecta a um poder superior e alcança o mesmo estado em que esse poder reside na eternidade e perfeição, sem quaisquer restrições.

Pergunta: Quem é o poder supremo no seu exemplo sobre a escola? É o principal?

Resposta: Imagine que há alguém acima do diretor da escola, eterno e perfeito. E ele deseja que você alcance a mesma condição que ele, para se tornar eterno e perfeito, à custa de suas mudanças internas, de sua transformação interna. Quando? Aqui e agora! Afinal de contas, não há tempo e tudo depende do seu esforço e perseverança.

Pergunta: O que é o poder superior?

Resposta: Um poder superior é a força abrangente, única da natureza, além da qual não há nada. E nós estamos todos nela. Nós só existimos porque essa força é o poder do amor e doação, e nós devemos atingir o mesmo estado em que ela reside.

Nós vamos alcançá-la, uma vez que devido a essa força nós recebemos a Torá, a chamada Luz que Reforma, o método da Cabalá, através do qual podemos mudar a nós mesmos facilmente e nos tornarmos como o poder da sorte.

Qualquer pessoa que queira governar a sorte tem que vir para a Cabalá, e aprender como ter uma boa sorte o tempo todo.

De KabTV “Uma Nova Vida” 08/01/15

A Sabedoria Da Cabalá É Uma Sabedoria Para A Percepção Do Mundo

laitman_254_01Pergunta: Por que você diz que cada um vê a sua própria realidade na sua frente, que ele retrata através de suas próprias características, se todos nós vemos o mesmo mundo?

Resposta: Todos nós vemos um mundo no momento, mas cada um de nós pode mudar a realidade que sente. A sabedoria da Cabalá é um método para a percepção correta.

Eu vou ver que, basicamente, a realidade é muito mais ampla do que parecia para mim e que tudo nela avança numa boa direção. E isso não será uma ilusão ou autoengano. Na medida em que eu descubro o mundo e trago Luz para a minha vida, essa é a imagem que eu vejo na minha frente.

Pergunta: A própria realidade mudou ou a minha percepção?

Resposta: A realidade que eu vejo só existe na minha percepção. De onde é que eu posso saber que ela realmente existe numa forma como essa fora de mim? Eu percebo o mundo de acordo com as minhas características, mas isso não significa que ele existe nessa forma objetiva. Se a pessoa possuísse características diferentes, ela veria outro mundo com cores e formas completamente diferentes.

Nós estamos tão acostumados com a realidade que percebemos através dos nossos sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato), que ela parece real para nós. Mas as coisas não são assim.

Uma pessoa é como um dispositivo com cinco sensores que são ajustados para determinadas gamas de frequência e ela está acostumada a viver num mundo como esse. Mas se mudarmos os cinco reguladores para outras faixas de frequência, veremos uma realidade completamente diferente. A ciência já descobriu isso hoje, e milhares de anos atrás a sabedoria da Cabalá falou sobre isso. Portanto, a sabedoria da Cabalá (a palavra hebraica para “escravidão” significa “receber”) é assim chamada porque é a sabedoria para a percepção do mundo.

Do Programa na Rádio Israelense 103FM, 08/02/15

Qualidades Do Sumo Sacerdote, Parte 4

Laitman_1675. Idade

“É vantajoso quando o Primeiro Sacerdote possui dignidade e experiência. No entanto, ambas as qualidades vêm com a maturidade”. (“Faça-se a Luz”, “Levítico”, “Emor“)

Como resultado de vários níveis que a pessoa atravessa por conta própria, ela adquire uma enorme experiência de subidas espirituais. Esta experiência define sua maturidade.

“De forma prática, o Juízo Superior escolhe o Primeiro Sacerdote, independentemente da sua idade, sob a condição de que ele possua todas as qualidades necessárias pertinentes. Particularmente, se o filho do Primeiro Sacerdote fosse capaz de tomar o lugar de seu pai, ele seria a primeira escolha entre outros Cohanim apesar de sua pouca idade”.

O “filho” significa a etapa que precede imediatamente o nível superior e é a mais próxima a ele. Isso explica por que é superior a todas as outras etapas. O nível superior é obrigado a ser um “Cohen vitalício” (ou seja, possui as qualidades de Cohen); no entanto, a preferência é dada ao nível subsequente, inferior, embora ele não seja muito brilhante porque permanece constantemente na sombra do seu nível superior.

Por exemplo, Rabash estava sempre na “sombra” de seu pai, o Baal HaSulam. No entanto, ele acabou por ser o mais digno entre os estudantes de seu pai. Os benefícios do nível inferior aparecem gradualmente; é impossível dizer onde eles se originam e por quê. A conexão entre essas qualidades não é óbvia. No entanto, na espiritualidade, existe uma ligação muito rígida entre os níveis. Lá, Rabash não é considerado filho de Baal HaSulam, mas seu discípulo.

Comentário: O Hassidismo geralmente transmitia a liderança de pais para filhos.

Resposta: Aqueles que não tinham conhecimento de como transferir a liderança espiritual tinham certeza de que deviam agir de acordo com a Torá: se você é filho de um grande homem, isso significa que você herdou alguma coisa do seu pai porque ele “contribuiu” com seu sêmen a você. No entanto, a noção de “sêmen” implica a Luz Superior, não genes fisiológicos.

Assim que o Hassidismo começou a interpretar a Torá literalmente, deixou de existir. Por algum tempo, o Hassidismo foi baseado na Cabalá; mais tarde, ele se transformou no fenômeno que observamos hoje: uma variação de um movimento nacional.

No geral, o Hassidismo é uma tendência leve e simpática, que ainda tem uma infinidade de nuances pro-Cabalísticas externas. Mesmo que as suas tradições, costumes e leis ainda sejam baseadas em princípios Cabalísticos, a parte mais importante, o trabalho no coração, está perdido.

O fundador do Hassidismo, o Baal Shem Tov, transferiu corretamente esse ensinamento espiritual para seus grandes seguidores: Dov Ber de Mezeritch e outros líderes espirituais. Eles eram grandes Cabalistas, santos que alcançaram o nível de doação completa.

Em cem anos, tudo começou a mudar rapidamente. Como regra, os Cabalistas eram pobres. Os ricos que os rodeavam menosprezavam eles: “Voltem para os seus galpões e leiam O Zohar, enquanto isso, nós vamos construir um prédio lindo e todo mundo virá até nós”.

Os ricos preferiam outros líderes que estavam muito mais perto deles mentalmente e que os abençoavam e respeitavam. O “período de ouro”, que começou com o ARI, diminuiu gradualmente e chegou ao fim.

No entanto, os seguidores do Baal Shem Tov instigaram um enorme processo de correção. A Cabalá contemporânea é baseada em seu trabalho.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 14/05/14

Como Um Feixe De Juncos — Correções Através Das Eras, Parte 3

Like a Bundle of ReedsComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Capítulo 3: Correção Através das Eras

A Evolução do Método de Correção

Moisés Diz, “Unam-Se!”

A solução veio na forma da Torá de Moisés, mas também com uma nova precondição para a execução de qualquer correção desse momento em diante. Para receber a Torá, escreve o grande comentador, RASHI, o povo de Israel manteve-se na base do Monte Sinai “como um homem com um coração”. [i] Essa absoluta e completa unidade evoluiria mais tarde para uma das características mais proeminentes de Israel – a responsabilidade mútua – o nobre traço que distinguiria Israel de todas as nações da época.

Após a sua aceitação da condição de ser como um homem com um coração, o povo de Israel recebeu a Torá, a instrução, o código de leis que o ajudaria a dominar o ego. Com ela, eles se tornaram uma sociedade onde cada membro – homem, mulher e criança – alcançou o Criador e viveu pela lei da garantia mútua, em equivalência de forma com o Deus (ou força) único que Abraão havia descoberto. O Talmude Babilónio escreve, “Eles verificaram de Dan a Beer Sheva e nenhum ignorante [pessoa não corrigida] foi encontrado de Gevat a Antipris, e nenhum menino ou menina, homem ou mulher foi encontrado que não versasse cuidadosamente nas leis da pureza e impureza (correções de acordo com a lei de Moisés)”. [ii]

Com sua unidade recentemente adquirida, Israel conquistou Canaã – da palavra Kenia’a (render-se) [iii] – e tornou-a a “Terra de Israel” – um lugar onde o desejo pelo Criador governa. O Templo que Israel estabeleceu na terra representava seu alto nível de realização, onde eles continuaram a se desenvolver e a implementar o método de Moisés.

Ainda assim, como nossos sábios escrevem, “A inclinação ao mal nasce com o homem, e cresce com ele sua vida inteira”. [iv] e “A inclinação no coração do homem é má desde sua juventude, e sempre cresce em todas as cobiças”. [v] Ainda assim, o método de correção de Moisés, as leis que chamamos de “a Torá,” permaneceu intacto durante o primeiro e segundo Templos, e até durante o exílio na Babilônia.

Mas, à medida que o declínio espiritual de Israel continuou, o povo achou cada vez mais difícil se segurar à sua unidade e conexão com o Criador. Como resultado, o Segundo Templo era num grau espiritual (nível de conexão, ou equivalência de forma com o Criador) inferior ao primeiro. O Cabalista Rabi Behayei Ben Asher Even Halua explica, “Desde o dia em que a Divindade esteva presente em Israel, na entrega da Torá, ela não se moveu de Israel até à ruína do Primeiro Templo. Desde a ruína do Primeiro Templo … ela não esteve presente permanentemente, como durante o Primeiro Templo”. [vi]

No final, o nível de egoísmo aumentou no povo de Israel de tal forma que ele os separou por completo uns dos outros e do Criador. Certamente, foi a separação mútua que causou sua separação do Criador, da percepção da força fundamental da vida. Isso, por sua vez, resultou na ruína do Segundo Templo, e no último e mais longo exílio.

No seu livro, Netzá Yisrael (O Poder de Israel), Rabi Yisrael Segal descreve a queda melancólica de Israel: “No Segundo Templo havia uma virtude especial, que Israel não estava dividido em dois; havia somente união entre eles. Desta forma, o Primeiro Templo foi arruinado por transgressões que são Tuma’a [impureza], e o Senhor não mora entre eles no meio de sua Tuma’a. Mas o Segundo Templo foi arruinado por ódio sem fundamento, que revoga sua união, que era sua virtude no Segundo Templo”. [vii]

Da mesma forma, o grande acadêmico e poeta, Rabi Avraham Ben Meir Ibn Ezra, escreveu, “‘E vós pisareis nos seus altos cargos’, ‘E eu vos deixarei montar nos altos cargos da terra’, e a razão é o ódio sem fundamento que estava presente no Segundo Templo até que ele gerasse o exílio em Israel”. [viii]

[i] Rabbi Shlomo Ben Yitzhak (RASHI), O RASHI Interpretação da Torá, “Sobre Êxodo, 19:2”.

[ii] Talmude Babilônico, Masechet Sanhedrin, p 94b.

[iii] “Chamava-se ‘A Terra de Canaã’ porque todos que quiserem habitar nela devem ser subjugados pelo sofrimento todos os seus dias” (Rav Chaim Vital (Rachu), The Book of Knowledge of Good, Bo [Come])

[iv] Midrash Tehilim [Psalms], Psalm no. 34.

[v] Rabbi Chaim Thirer, A Well of Living Waters, Toldot [Generations], Chapter 25 (contd.).

[vi] Rabbi Behayei Ben Asher Even Halua, Rabeinu Behayei about Beresheet [Genesis], 46:27.

[vii] Rabbi Yisrael Segal, Netzah Yisrael [The Might of Israel], Chapter 5.

[viii] Rabbi Abraham Ben Meir Ibn Ezra, Ibn Ezra about the Song of Songs, 7:3