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Valor Adicionado

laitman_528_02Nós precisamos construir uma linha entre a Luz e o Kli, entre o desejo e o Criador. Nós fazemos isso de forma gradual, de acordo com 125 níveis, construindo a intenção correta para perceber a nós mesmos apenas a fim de doar aos outros ou ao Criador.

Para fazer isso, eu recebo o poder de correção da Luz que Reforma. Ela me corrige e me dá tudo o que é necessário. Mas cabe a mim encontrar um anseio pela meta dentro de mim. Eu devo ser o fator inicial; caso contrário, não há criação. Afinal, se eu quero que a Luz faça tudo para mim, é como se eu realmente não existisse.

Inicialmente, o Criador criou o desejo. Este pertence a Ele. Eu sou o que desejo que corre para a Luz de acordo com a forma como ela brilha. Um jogo é realizado comigo desde Cima, como foi dito alegoricamente pelos Cabalistas: o Criador joga com o Leviatã que Ele criou. Com a Luz, Ele joga: onde quer que ela brilhe, é para aí que o Leviatã se volta. Mas isso ainda não significa que eu realmente existo, já que por enquanto eu sou completamente gerenciado.

Apesar de entender e sentir que toda a minha vida é como uma caça à isca, eu não tenho essa consciência como resultado dos meus esforços. Eu recebo a sensação de que estou correndo atrás da isca e que não sou diferente da natureza inanimada, vegetal e animal.

Mas, além disso, eu recebo uma Reshimo (reminiscência) que desperta dúvidas em mim: “Por que estou correndo? Qual é o benefício? Qual é o objetivo?” Então, eles me dão uma pergunta adicional, que é “Qual é o propósito da vida?” E isso é feito para que eu possa agora começar a trabalhar por conta própria.

Enquanto eu não tiver feito a pergunta: “Para quê?”, eu posso correr atrás de vários prazeres toda a minha vida, que é o que todo o mundo faz. Nós consideramos pessoas que são especialistas proeminentes ou cientistas famosos como inteligentes, mesmo que estejam perseguindo as iscas como todos os outros. Esta não é a sua adição, uma vez que realmente não estão fazendo nada e não têm liberdade de escolha. Olhe para o mundo através do filtro das intenções e você vai ver o vazio. Não há natureza inanimada, vegetal e animal e não há sete bilhões de pessoas, mas sim tudo é puro. Não há lugar adicional que uma criatura deva criar por si mesma. Apenas em algumas, onde a verdadeira pergunta sobre o sentido da vida tem despertado, pode-se produzir um desejo independente. Mesmo esse desejo foi dado a elas de Cima, mas elas precisam “trabalhar” com ele através do trabalho em grupo.

Portanto, onde nós vamos obter o poder para isso? Onde podemos encontrar o método? Como sabemos o que é exigido de nós?

É por isso que houve a Shevira HaKelim (quebra dos vasos). Se tivesse havido uma criatura, ela não teria tido nada a ver; ela não teria sido capaz de fazer qualquer coisa. Não é por acaso que Adam HaRishon (o primeiro homem) foi chamado de um “anjo”, porque ele pertencia ao nível animal. Mas quando há outras pessoas ao meu lado que fazem a mesma pergunta, nós podemos apoiar uns aos outros através da conexão de nossas perguntas. Se vencemos o nosso ego, cada um de nós insere seus anseios em todo mundo, a sua adição, o significado de uma vida voltada à doação. E isso possibilita que nós avancemos.

É assim que eu uso os desejos que o Criador desperta em meus amigos. Mesmo que esses desejos não sejam nossos, nós os internalizamos dentro de cada um no grupo e isso já se torna o nosso trabalho, graças ao qual nós construímos um desejo ainda maior, um “valor adicionado” em cada um. Essencialmente, esta é a nossa forma de perceber a obra do Criador. É claro que a Luz é que realiza isso, mas nós a organizamos.

É assim que nós reproduzimos a operação que o Criador estava fazendo em Ein Sof (Infinito), produzindo um desejo. Mesmo que este não seja um novo e incomum ato criativo, apesar de tudo, é uma verdadeira adição. O Criador deu início à criação e, no final, nós a concluímos…

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá 21/06/13, O Zohar

Os EUA Entrarão Em Colapso Se Obama Virar As Costas Para Israel

Dr. Michael LaitmanOpinião (John Hagee, fundador e pastor sênior da Igreja Cornerstone, San Antonio, Texas, CEO da Televisão Evangélica Global (GETV): “John Hagee declarou em seu show Hagee Hotline na semana passada que Deus vai destruir os EUA por causa da maneira como o Presidente Obama e os Democratas estão tratando o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. “Está provado pela história”, disse ele.

“‘Eu sou um estudante da história do mundo’, disse ele, ‘E você pode encerrar a história do mundo em 25 palavras ou menos, e aqui estão: as nações que abençoaram Israel prosperaram e as nações que amaldiçoaram Israel foram destruídas pela mão de Deus’.

“De acordo com Hagee, os impérios egípcio, babilônico, otomano e britânico, todos caíram porque não deram o devido respeito a Israel, o único país que jamais existiu, porque Deus ordenou-o para seu povo favorito. É claro, todos os historiadores reais concordam que esses impérios caíram por seu próprio peso, porque se tornaram grandes demais para controlar.

“‘Deus poderia se importar menos com o nosso relacionamento com as outras nações’, disse Hagee. ‘Mas ele está vendo o que os EUA fazem, na medida em que respondem a Israel. Se os EUA virarem as costas para Israel, Deus virará as costas para os EUA. E isso é um fato. Está provado pela história’”.

Meu Comentário: Em mais de uma ocasião, eu ouvi a mesma opinião de várias pessoas que não são historiadores ou pregadores. Isso aparentemente se aplica tanto ao amor quanto à punição. Mas isso é o que a torna a nação de Israel, na medida em que ela executa sua missão de ser a Luz para as nações do mundo e traz o método da revelação da força superior ao mundo.

Deus vai punir os EUA e todo o mundo, mas antes disso vai começar a punir Israel novamente, porque o nosso comportamento incorreto é que causa a atitude americana em relação a nós.

Não é Obama quem toma as decisões, mas nós, através da nossa atitude para com as nossas responsabilidades neste mundo! Na verdade, nós somos os únicos no mundo que têm a liberdade de escolha (veja o artigo “A Liberdade”) de revelar o Criador na conexão entre nós.

Esta é a única ação livre que foi deixada aos seres humanos pela natureza, o Criador, e foi dada apenas para nós, e por isso somos odiados. As nações do mundo sentem sua dependência do povo de Israel, e o antissemitismo é a sua reação natural ao nosso comportamento.

Se Os Jovens Apenas Soubessem…

Laitman_049_01Pergunta: Os filhos do grande sacerdote Aarão, Nadav e Avihu, morreram porque pularam o nível que tinham que passar. Estes são os tipos de erros que acontecem o tempo todo.

Resposta: A pessoa quer se sacrificar; ela anseia, sem saber e sem entender que a ação espiritual que ela realiza está além de seus poderes.

Mas essa ação é necessária para que ela possa ver os limites de seus poderes, de modo que seu anseio em avançar vai morrer, o que significa quebrar; ele desaparece devido à forma despreparada que ela fez. Mas, mais tarde, ela será capaz de executá-lo como resultado de muitas ações pequenas.

Tente saltar três metros de altura! Os filhos de Aarão queriam tomar este nível de “doar em prol do Criador”, para o bem de toda a nação, mas isso estava além dos poderes humanos, além do nível em que estavam. Por isso, no final, o atributo de julgamento foi revelado, a rigidez, o fogo que pode ser bom e ruim. Neste caso, ele os tragou.

Comentário: Mas eles fizeram isso com a intenção correta.

Resposta: As intenções deles não eram justificadas. Como você pode ir em tal missão, se não tem um apoio claro do Criador? Todos os seus atributos, todas as suas ações de doação, vêm apenas do poder que você recebe do Alto.

Você não passa de um pequeno egoísta. Alguns novos atributos egoístas são revelados em você, enquanto você tem que receber atributos altruístas, conectá-los e revelar a linha do meio onde você deve trabalhar. Isso é chamado de santificar uma propriedade, o atributo de doação, quando você atrai o seu ego, corrige-o pelo atributo altruísta da Luz, e continua avançando.

Mas se você não faz isso, você não tem o direito de usar apenas a linha esquerda, de jeito nenhum !!

Isto é especialmente verdadeiro no nível dos filhos, uma vez que este é um pequeno nível. Mas Nadav e Avihu tomaram o grande potencial egoísta que foi revelado, o qual não estava preparado para eles. É como um jovem que toma sobre si o que nem um adulto pode fazer, uma vez que o adulto entende que não está em seu poder fazer, enquanto o jovem pensa que vai ser capaz de realizar a missão que lhe é dada. Mas as coisas não são tão simples.

Um ditado diz o seguinte: “Se os jovens soubessem; se a velhice pudesse”. Portanto, as pessoas de idade percebem que não podem fazer algo e não o fazem, enquanto os jovens insensatos pensam que podem lidar com uma tarefa e ficam tão excitados que se queimam.

De KabTV ” Segredos do Livro Eterno” 15/01/13

Uma Zona Que É Protegida Do Ego

laitman_933Pergunta: É dito que “o desejo está nos corações dos filhos de Israel a qualquer momento, e se eles tivessem realmente pedido, teriam sido recompensados com a presença da Divindade”. O que significa, “Se eles tivessem realmente pedido”?

Resposta: Um forte desejo significa que nós só queremos uma determinada coisa e nada mais: somente ser incorporados um no outro e em todo mundo, de modo que não haverá espaço para qualquer um na conexão entre nós, e, na verdade, um vácuo espiritual é formado. Nós temos uma grande paixão que só o Criador será capaz de surgir nesse espaço vazio.

Esse lugar é revelado entre nós, que não pertence a qualquer um de nós e, ao mesmo tempo, pertence a todos. Não há nada de nosso ego lá. Nós descobrimos uma dimensão superior na conexão entre nós.

A Zone That Is Protected From The Ego

Nosso ego está do lado de fora e nós nos reunimos dentro, para que no centro exista um espaço vazio que não existia antes. Não existe tal coisa como um espaço vazio, mas aqui ele é criado e nós sentimos que não há nada lá, nem mesmo o Criador.

Nós criamos esse espaço, jogando o nosso ego de lado, e nossa paixão de estarmos incorporados um no outro está conectada numa intenção pura, em nossa relutância em observar o ego. Portanto, este lugar se torna vazio e já pertence a outra dimensão.

O espaço em que estamos pertence ao nível animal e a zona vazia é o local para a formação do homem. Este é o lugar onde o Criador é revelado: as primeiras dez Sefirot que são nós, os que estão incluídos nesta conexão.

Da 2ª parte da Lição Diária de Cabalá 03/06/14, Shamati # 66

Se Você Merecer, Seu Trabalho Será Feito Por Outros

laitman_215Rabash: “Se Ele merecer, Seu Trabalho Será Feito por Outros”: Se ele merecer, seu trabalho será feito por outros. Mas se ele não merecer, seu trabalho será feito por ele mesmo.

E o que deve ser entendido é que a importância é do “mérito” que seu trabalho venha através dos outros. Se assim for, então esta é a fase do “pão da vergonha” depois de tudo; assim, qual o benefício disso?

E deve ser explicado que os “outros” são chamados a fase de Achoraim (costas). Que existem vasos de Panim (face), que são chamados vasos de doação, e vasos de Achoraim, que são chamados vasos de recepção. E por causa disso, antes que uma pessoa seja plena, quando ela ainda não atingiu o nível de “mérito”, seu trabalho, que é o trabalho sagrado, é através dos vasos de Panim, que são os vasos de doação; com eles, ela pode trabalhar na obra sagrada.

O que não ocorre quando ela tem mérito. Então, o seu trabalho, que é o trabalho sagrado, é feito por outros, ou seja, os vasos de Achoraim, que são os vasos de recepção. Ela pode usá-los em prol do céu.

Vasos da face (Panim) são chamados de Israel (direto ao Criador), pois há centelhas que anseiam pelo objetivo da criação nelas, mesmo se, por enquanto, isso seja em prol da recepção. Seu desejo é fraco, porque elas não têm grande força de desejo (Aviut).

Por isso, se eles estão prontos para ativar os Achoraim, eles obtêm energia a partir daí para avançar em direção ao objetivo da criação, a conexão, a adesão. Existe um poder imenso nos vasos de Achoraim, embora não tenha direção. Isso significa que eles não são direcionados para o objetivo da criação, mas têm muita energia. E se os vasos de Panim estão prontos para ver que os vasos de Achoraim são deles, eles juntam estes a si e veem parte de si neles.

E é assim que eles obtêm energia a partir dos Achoraim, e dão a direção certa para a totalidade do vaso completo que já está constituído pelos desejos de Galgalta ve Eynaim e AHP.

Assim, a fase certa segue: a direção vem dos vasos de Galgalta ve Eynaim, os vasos de Israel, e a energia para o movimento em direção ao objetivo da criação vem dos vasos de Achoraim, AHP, dirigidos por Israel. Assim, eles atingem a meta da criação juntos.

Isso é chamado de “Seu trabalho é feito por outros”, pois eles recebem o “trabalho”, a energia para o próprio avanço, dos vasos de Achoraim. Mas isso ocorre com a condição de que eles veem dos vasos de Achoraim como parte inseparável de si mesmos, como um sistema único.

E se não, eles precisam avançar através da energia que há neles, nos vasos de Panim. E uma vez que esta é uma energia fraca, eles certamente não estão prontos para avançar rapidamente, até que finalmente se voltam para os vasos de Achoraim.

Portanto, eles precisam sentir o tempo e lugar em que será possível se voltar aos vasos de Achoraim para conectá-los a Israel e avançar juntos. Eles precisam adquirir experiência e construir algum tipo de método de abordá-los. Como está escrito: “Ensina a criança de acordo com a sua maneira” (Provérbios 22: 6). Isso significa que é necessário procurar alguma forma de abordar as pessoas e conectá-las conosco.

Na medida em que os membros de Israel investem energia nos vasos de Achoraim, na medida em que sentem que tudo é parte de um único vaso, neste grau eles podem avançar rapidamente. A sensação de movimento vem nos vasos de Panim, mas o esclarecimento do avanço vem especificamente com o mérito que os vasos de Achoraim estão incluídos neles.

Da Preparação da Lição Diária de Cabalá 05/06/14

Como Um Feixe De Juncos – Introdução

like-bundle-of-reed-2TComo um Feixe de Juncos, Por que Unidade e Garantia Mútua são Urgentes Hoje, Michael Laitman, Ph.D.

Introdução

“Se uma pessoa pega um feixe de juncos, ela não consegue quebra-los todos de uma vez. Mas tomado um de cada vez, até uma criança os quebraria. Assim também, Israel não será redimido até que todos sejam um feixe”.

(Midrash Tanhuma, Nitzavim, Capitulo 1)

Durante a história do povo Judeu, união e garantia mútua (conhecida como responsabilidade mútua) têm sido os emblemas de nossa nação. Inumeráveis sábios e líderes espirituais escreveram sobre o significado destas duas marcas registradas, as hasteando como o coração e a alma da nossa nação, e declarando que salvação e redenção podem chegar somente quando houver união em Israel.

Na realidade, o conceito de união tem sido tão proeminente que excedeu o da devoção ao Criador e a observação dos mandamentos. Um número considerável de líderes espirituais judeus e escrituras sagradas durante as gerações sublinham a importância da união acima de tudo. Masechet Derech Eretz Zuta, escrito aproximadamente na mesma época do Talmude, é uma das numerosas declarações escritas nesse espírito: “Mesmo quando Israel adora ídolos e há paz entre o povo, o Senhor diz, ‘Eu não tenho desejo de lhes fazer mal’. …Mas se eles são contestados, o que se diz sobre eles? ‘Seu coração está dividido, agora eles carregarão sua culpa’”. [i]

Depois da ruína do Segundo Templo, a proeminência da união e amor fraterno alcançaram um pico. O Talmude Babilônico, entre muitas outras fontes, nos ensina que a razão pela qual o Segundo Templo foi arruinado foi o ódio infundado e a divisão dentro de Israel. As fontes até declaram que o ódio infundado é tão prejudicial, que equivale ao impacto dos três grandes males que causaram a ruína do Primeiro Templo, todos juntos: idolatria, incesto e derramamento de sangue. Masechet Yoma nos ensina essa lição muito claramente: “O Segundo Templo… porque foi ele arruinado? Foi porque havia ódio infundado nele, ensinando-lhes que o ódio infundado é igual a todas as três transgressões – idolatria, incesto e derramamento de sangue – combinadas”. [ii]

Evidentemente, união, fraternidade, e responsabilidade mútua não estão somente no DNA da nossa nação, elas são a substância da linha da vida que nos poupou de aflições quando as tivemos, e permitiu que aflições se revelassem quando não as tínhamos. Nestes tempos difíceis de benefício próprio e narcisismo, nós precisamos de união mais do que nunca, embora pareça mais inacessível que em qualquer outro tempo na história.

Há cerca de quatrocentos séculos, na base do Monte Sinai, nos encontramos como um homem com um coração, e ao fazer isso nos tornamos uma nação. Deste então, a união nos sustentou através da chuva e sol, como o reconhecido orador e escritor, Rabi Kalonymus Kalman Halevi Epstein, descreve em sua aclamada composição, Maor va Shemesh (Luz e Sol): “Embora a geração de Ahab fosse de idólatras, eles se envolveram em guerras e venceram porque havia união entre eles. É ainda mais quando há união em Israel e eles se envolvem na Torá pelo Seu benefício… Com isso, eles subjugam todos aqueles que estão contra eles, e tudo que eles dizem com suas bocas, o Senhor concede seus desejos”. [iii]

Seguindo Moisés, nós chegamos a Canaã, a conquistamos, e a tornamos A Terra de Israel, então fomos exilados uma vez mais.  desta vez para Babilônia. Posteriormente, uma minoria da nação – praticamente duas das doze tribos originais – retornou à terra e estabeleceu o Segundo Templo. Mas como não conseguimos manter o amor fraterno, fomos esmagados pelo inimigo e exilados nos séculos que se seguiram.

Todavia, divisão e ódio infundado, que causaram a ruína do Segundo Templo e o exílio da nação da sua terra, não aprisionaram nosso desenvolvimento enquanto em exílio. Na maior parte dos últimos dois milénios, temos mantido a nós mesmos, mantendo relativa separação da vida cultural das nações nas quais residíamos.

Mas desde o Iluminismo, gradualmente adotamos uma cultura que saúda a distinção pessoal e a realização individual, e tolera a exploração dos fracos e necessitados. Nas últimas várias décadas, nós nos sobressaímos tanto na cultura do interesse pessoal e do benefício pessoal que nos tornamos o oposto completo da comunidade solidária e humana que nutríamos no começo de nossa nação.

No mundo de hoje, o tom e atmosfera predominantes são os do benefício pessoal e egoísmo até o ponto do narcisismo. No seu livro perspicaz, A Epidemia do Narcisismo: Viver na Era do Benefício Pessoal, os psicólogos Jean M. Twenge e Keith Campbell descrevem ao que eles referem como “O crescimento incansável do narcisismo na nossa cultura”, [iv] e os problemas que causa. Eles explicam que “Os Estados Unidos atualmente sofrem de uma epidemia de narcisismo. …traços de personalidade narcisista aumentaram tão rápido como a obesidade”.

Pior ainda, eles continuam, “O aumento no narcisismo está acelerando, com resultados crescendo mais rápido nos anos 2000 que nas décadas anteriores. Em 2006, um de quatro estudantes de faculdade concordavam com a maioria dos itens numa medida padronizada de traços narcisistas”. [v]

E a maioria de nós, judeus, progenitores do princípio, “Ama teu próximo como a ti mesmo”, não só nos sentamos e observamos enquanto o egoísmo celebra, mas também nos juntamos à festa, muitos de nós até liderando o grupo, tomando os espólios onde quer que possamos. Abraçamos a máxima, “Quando em Roma, faça como os Romanos,” com entusiasmo espetacular, e ao fazer assim, muitos nomes judaicos se tornaram sinônimos de riqueza e poder. Não há dúvida que não perseguimos riqueza e poder para apresentar nossa herança como superior à dos outros. Contudo, quando os judeus ganham notoriedade pelas duas distinções mencionadas, eles são notados não só pelos seus ganhos, mas também por sua herança.

Por muito injusto que possa parecer, os judeus e o estado judaico não são vistos da mesma maneira que são os outros países e nações. Eles são tratados como especiais, tanto positiva como negativamente.

Mas há uma boa razão porque isto assim é. Quando Abraão descobriu a força singular que conduz o mundo, aquele a que nos referimos como “o Criador,” “Deus,” “HaShem, HaVaYaH (Yod-Hey-Vav-Hey, o “Senhor”), ele desejou contar ao mundo inteiro sobre isso. Enquanto babilônio e de elevado estatuto social e espiritual, filho de um fazedor de ídolos e estátuas, ele estava numa posição para ser escutado. Foi somente quando o Rei Nimrod o tentou matar e mais tarde o expulsou da Babilônia que ele foi para outro lugar, chegando finalmente à Canaã.

Todavia, Rav Moshe Ben Maimon (Maimônides) descreve a toda a hora a maneira como ele continuava à procura de almas gémeas com quem partilhar sua descoberta: “Ele começou a clamar ao mundo inteiro, para alertar que há um Deus para o mundo inteiro… Ele clamava, vagando de cidade em cidade e de reino em reino, até que chegou à terra de Canaã… E uma vez que eles [pessoas nos lugares onde ele vagava] se reuniam ao seu redor e lhe perguntavam sobre suas palavras, ele ensinou a todos…até que os trouxe de volta ao caminho da verdade. Finalmente, milhares e dezenas de milhares se reuniram ao seu redor, e eles são o povo da ‘casa de Abraão’. Ele plantou seu princípio nos seus corações, compôs livros sobre isso, e ensinou seu filho, Isaac. E Isaac se sentou, e ensinou, alertou, e informou Jacó, e o nomeou professor, para sentar e ensinar… E Jacó o Patriarca ensinou todos seus filhos, e separou Levi e o nomeou a cabeça, e o fez sentar e aprender o caminho de Deus”… [vi]

De Jacó em diante, narra a reconhecida composição, O Kuzari, “Divindade é revelada numa assembleia, e desde então é a contagem pela qual contamos os anos dos antepassados, de acordo com o que foi dado na lei de Moisés [Torá], e sabemos o que se desdobrou desde Moisés até este dia”. [vii]

Assim, a união se tornou uma condição para alcançar a percepção de Deus, ou o Criador, como os Cabalistas frequentemente se referem a Ele (por razões que não descreveremos aqui, pois isso está além da amplitude deste livro). Sem união, a realização era simplesmente impossível. Aqueles que foram capazes de se unir, se tornaram o povo de Israel e alcançaram o Criador, a força singular que cria, governa, e conduz o todo da realidade. Aqueles que não foram capazes de fazê-lo permaneceram sem essa percepção, todavia com uma sensação de que os Israelitas sabiam algo que eles não, e tinham algo que lhes pertencia, também, mas que eles não podiam ter.

Esta é a raiz do ódio a Israel, que mais tarde se tornou antissemitismo. É uma sensação de que os Judeus têm algo que não estão compartilhando com o mundo, mas que têm que compartilhar.

Certamente, os judeus devem compartilhá-lo com o mundo. Tal como Abraão tentou compartilhar sua descoberta com todos os seus semelhantes babilônios, os judeus, seus descendentes, devem fazer o mesmo. Este é o significado de ser “Uma luz para as nações”. Esta é a obrigação para a qual o grande Rav Kook, o primeiro Rabino Chefe de Israel se referiu no seu estilo eloquente e poético quando escreveu, “O movimento genuíno da alma Israelita na sua grandiosidade é expresso somente pela sua força sagrada e eterna, que flui de dentro de seu espírito. Foi isso que a fez, a faz, e a fará ainda uma nação que se encontra como uma luz para as nações, como redenção e salvação para o mundo inteiro para seu próprio propósito especifico, e pelos propósitos globais, que estão interligados”. [viii]

Este compromisso também é ao que Rav Yehuda Leib Arie Altar se referiu com suas palavras, “Os filhos de Israel são fiadores no sentido que eles receberam a Torá em prol de corrigir o mundo inteiro, as nações, também”. [ix]

E o que exatamente nós estamos obrigados a transmitir às nações? É a união, através da qual a pessoa descobre a força única, singular e criadora da vida, o Senhor, ou Deus. Nas palavras de Rabi Shmuel Bornstein, autor de Shem MiShmuel [Um Nome A Partir de Samuel], “A meta da Criação foi para que todos fossem uma associação … Mas devido ao pecado, a matéria tornou-se tão estragada que até os melhores nessas gerações foram incapazes de se unir juntos para servir o Senhor, mas foram somente uns poucos”. [x]

Por esta razão, continua Rabi Bornstein, somente aqueles que podiam se unir o fizeram, enquanto o resto os abandonou até que fossem capazes de se juntar à união. Nas suas palavras, “A correção começou ao fazer uma reunião e associação de pessoas para servir o Criador, começando com Abraão o Patriarca e seus descendentes, para que eles fossem uma comunidade consolidada pela obra de Deus. Sua ideia [do Criador] em separar os povos foi que primeiro Ele causou separação na raça humana, no tempo da Babilônia, e todos os malfeitores foram dispersados. …Subsequentemente começou a reunião em prol de servir do Criador, à medida que Abraão o Patriarca foi e clamou pelo nome do Senhor até que uma grande comunidade se reuniu na sua direção, que havia sido chamada ‘o povo da casa de Abraão’. A matéria continuou a crescer até que se tornou a assembleia da congregação de Israel … e o fim da correção será no futuro, quando todos se tornem uma associação em prol de fazer Vossa vontade com todo o coração”. [xi]

Considerando as presentes circunstâncias globais, parece urgente que todos saibam sobre o conceito de união como um meio para alcançar o Criador. Assim que todos nós saibamos e aceitemos esse princípio, paz e fraternidade naturalmente prevalecerão.

Na realidade, de acordo com o reconhecido Cabalista, Rav Yehuda Ashlag, conhecido como Baal HaSulam [Dono da Escada] pelo seu comentário Sulam [Escada] sobre O Livro do Zohar, a necessidade de conhecer o Criador tem sido urgente há praticamente um século até agora. Em “Paz no Mundo,” um ensaio que data do princípio dos anos 1930, Baal HaSulam explica que, como somos todos interdependentes, devemos aplicar as leis de garantia mútua ao mundo inteiro. Enquanto o termo, “globalização”, não era ubíquo em tratados do seu tempo, suas palavras claramente ilustram sua necessidade urgente de tornar o mundo uma única unidade solidificada.

Aqui está a descrição da globalização e interdependência de Baal HaSulam: “Não fique surpreso se eu misturar juntos o bem-estar de um coletivo particular com o bem-estar do mundo inteiro, porque certamente nós já chegamos a tal grau em que o mundo inteiro é considerado um coletivo e uma sociedade. Isto é, porque cada pessoa no mundo extrai sua essência e vivacidade da vida de todas as pessoas no mundo, a pessoa é coagida a servir e cuidar do bem-estar do mundo inteiro.

“…Desta forma, a possibilidade de levar condutas boas, felizes e pacificas num país é inconcebível quando não é assim em todos os países no mundo, e vice-versa. No nosso tempo, os países estão todos ligados na satisfação de suas necessidades da vida, como os indivíduos estavam nas suas famílias em tempos anteriores. Desta forma, não podemos mais falar ou lidar somente com condutas que garantam o bem-estar de um país ou uma nação, mas somente com o bem-estar do mundo inteiro, porque o benefício ou dano de toda e cada pessoa no mundo depende e é medido pelo benefício de todas as pessoas no mundo”. [xii]

Contudo, para o mundo alcançar essa união, essa garantia mútua, ele precisa de um modelo exemplar, um grupo ou coletividade que possa implementar a união, alcançar o Criador, e através do exemplo pessoal, pavimentar o caminho para o resto da humanidade. Como nós, judeus, já estivemos nesse ponto, e o mundo sente isso inconscientemente, é nosso dever reacender esse amor fraterno entre nós, alcançar essa força singular, e passar ambos o método de união e a realização do Criador ao resto do mundo. Este é o papel dos judeus: trazer a luz do Criador para o mundo, ser uma luz para as nações.

Em “O Amor a Deus e o Amor ao Homem”, Baal HaSulam descreve claramente esse modus operandi: “A nação Israelita já foi estabelecida como uma transição. Na mesma medida, os próprios membros de Israel são purificados ao manter a Torá [a lei (de união), que dissemos na introdução ser uma condição prévia para a realização do Criador], eles transmitem seu poder ao resto das nações. E quando o resto das nações também sentenciam a si mesmas a uma escala de mérito [se unem e alcançam o Criador], o Messias [a força que nos puxa para fora do egoísmo] será revelado”. [xiii]

Rav Yehuda Altar similarmente descreve o papel dos judeus em respeito ao resto das nações: “Pareceria que os filhos de Israel, os recipientes da Torá, são os mutuários e não os fiadores, exceto que os filhos de Israel se tornaram responsáveis pela correção do mundo inteiro através do poder da Torá. É por isso que lhes foi dito, ‘E vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e uma nação santa’. …E foi a isso que eles responderam, ‘Isso que o Senhor disse, nós faremos’, corrigir o todo da Criação. …Na verdade, tudo depende dos filhos de Israel. Tanto quanto eles se corrigem, todas as criações os seguem. Como os estudantes seguem o Rav [professor] que corrige a si mesmo …da mesma forma o todo da Criação segue os filhos de Israel”. [xiv]

[i] Masechet Derech Eretz Zuta, capítulo 9.

[ii] Masechet Yoma , p 9b.

[iii] Rabbi Kalonymus Kalman Halevi Epstein, Maor va Shemesh (Luz e Sol), Parashat (Porção) Balak

[iv] Jean M. Twenge e W. Keith Campbell, A Epidemia do Narcisismo: Viver na Era do Benefício Pessoal (New York: Free Press, uma divisão da Simon & Schuster, Inc. 2009), 1.

[v] Jean M. Twenge e W. Keith Campbell, A Epidemia do Narcisismo , 1-2.

[vi] Rav Moshe Ben Maimon (Maimônides), Mishneh Torah (Repetição da Torá , a.k.a Yad HaChazakah (A Mão Poderosa)), Parte 1, “O Livro da Ciência”, Capítulo 1, item 3.

[vii] Rabino Yehuda HaLevi, O Kuzari , “primeiro ensaio”, item 31, 60.

[viii] HaRav Avraham Yitzchak HaCohen Kook, Letras da RAAIAH 3 (Mosad HaRav Kook, Jerusalém, 1950), 194-195.

[ix] Yehuda Leib Arie Altar (ADMOR de Gur), Sefat Emet [Linguagem da Verdade], Parashat Yitro [Porção Jethro], TARLAZ (1876).

[x] Rabino Shmuel Bornstein, Shem MiShmuel [Um Nome A Partir de Samuel], Haazinu [Dar Ouvidos], Tarap (1920).

[xi] ibid.

[xii] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam, “Paz no Mundo” (Instituto de Pesquisa Ashlag, Israel, 2009), 464-5.

[xiii] Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos do Baal HaSulam , “O Amor a Deus e o Amor ao Homem” (Instituto de Pesquisa Ashlag, Israel, 2009), 486.

[xiv] Yehuda Leib Arie Altar (Admor de Gur), Sefat Emet [Linguagem da Verdade], Parashat Yitro [Porção Jethro], TARLAZ (1876).