Um Peixe Estranho

laitman_764_3Pergunta: Como eu posso desenvolver uma nova percepção que me permita sair do aquário deste mundo?

Resposta: Primeiro eu tenho que investigar como eu vivo. Eu tenho um desejo de sair deste aquário, mas todos os meus sentidos operam dentro dele.

Eu aspiro a me libertar, mas é apenas uma demanda interna que me faz sentir fechado. Então, o que vem depois? Como eu posso sair do aquário e sentir o mundo externo?

An Odd Fish

Eu quero deixar o meu corpo de peixe dentro do aquário e fugir como um espírito sem corpo para que a minha alma se liberte deste peixe, da água, do aquário, e comece a viver do lado de fora! Este é o desejo que sinto! Este desejo vem da mesma alma que deseja sair do meu corpo.

Neste caso, eu preciso de um guia que me diga o que fazer se sou um peixe tão louco. Talvez haja algo de errado comigo ou talvez eu já tenha me desenvolvido até o próximo nível.

Este anseio parece anormal, visto que 99% das pessoas vivem em paz no aquário e se sentem bem, enquanto que, de repente, eu sinto que viver num aquário fechado é pior do que a morte, e que tenho que sair dele. Eu tenho que descobrir a realidade externa, conhecer a força superior, conhecer o mundo que está para além das paredes do aquário, que se tornou uma prisão para mim.

Então eu começo a procurar uma maneira de realizar essa revolução dentro de mim e encontro a sabedoria da Cabalá. A sabedoria da Cabalá não ensina ao novato o que é externo a ele, porque a princípio não há ninguém para ensinar. No começo, eu não tenho nada, exceto o desejo de sair do corpo de peixe. A sabedoria da Cabalá me ensina como sair.

Quando eu me encontrar fora do aquário, vou começar a me desenvolver no novo mundo. A principal coisa é sair! O aquário permanece, assim como o peixe no seu interior com o seu corpo físico e todos os seus sentidos na água, mas o desejo especial que despertou nesse peixe, que é chamado o ponto no coração, sai do aquário e um novo sentido se desenvolve a partir dele, um novo corpo espiritual.

Eu não me identifico mais com esse peixe e ele se torna sem sentido para mim. Ele vive e eu estou pronto para fornecer-lhe tudo o que precisa, desde que ele me deixe em paz. Na verdade, esse peixe não exige mais do que necessita para existir: comida, sexo, família, dinheiro, respeito e conhecimento. Eu posso fornecer-lhe tudo isso, desde que não interfira com o meu desenvolvimento de um novo sentido.

Este novo órgão também tem cinco tipos de sensações: visão, audição, paladar, olfato e tato, mas eles têm nomes diferentes: Keter, Hochma, Bina, Zeir Anpin, e Malchut. Através deles eu recebo cinco tipos de impressões que retratam a imagem do mundo espiritual superior em mim. Este mundo é chamado espiritual (Ruhani), já que eu primeiro me desenvolvo nele no nível inanimado e, depois, no nível vegetal (Ruach -espírito), que é o primeiro nível que depende de mim.

Assim, eu começo a me desenvolver fora do aquário. O peixe permanece no aquário e pode viver e morrer nele. Ele ainda está conectado de alguma forma à minha nova parte que vive fora do aquário, chamada de alma, mas o ponto principal é que eu já libertei meu ponto no coração, que queria muito sair.

Eu o tirei dos meus desejos corporais que eram totalmente egoístas e comecei a me desenvolver externamente a eles. Agora eu começo a sentir a realidade fora do aquário, que ninguém mais no mundo sente e sequer imagina existir.

Há pessoas que pensam no que houve antes de terem nascido ou o que será depois de sua morte. Antes de nascermos, nossa matéria existe numa forma diferente e depois da morte ela será transformada novamente, mas o nosso nascimento, a nossa vida, ou a nossa morte, não têm nada a ver com o mundo espiritual, porque são expressos na matéria do desejo de receber egoísta. Por outro lado, a matéria do mundo superior é o desejo de doar.

De KabTV “O Encontro dos Mundos” 12/05/14