Os Círculos E Linhas Da Raiz Espiritual São O Processo De Correção

laitman_947O livro mais importante que temos para estudar a criação é o Talmud Eser Sefirot (O Estudo das Dez Sefirot). Este livro é escrito de uma forma muito especial. Ele tem 16 partes, e a primeira parte explica o mundo do Infinito (círculo), onde o círculo é criado pela influência da Luz.

A Luz que criou o desejo preenche-o e determina tudo nele. Portanto, o desejo se assemelha a Luz em sua forma e está sob seu total controle. Este estado é chamado de “mundo do Infinito”. A segunda parte nos fala sobre círculos e linhas. Um círculo é criado pelo desejo, que é convertido numa linha. Esta linha, como um “tubo” que conduz a Luz, torna-se semelhante a Ele e preenche os círculos. Esta ação é realizada desde o inferior ao superior, ou seja, do ser criado que quer ser semelhante ao Criador.

De um modo geral toda a criação é criada desde cima pelo Criador. O ser criado egoísta preenche o mundo do Infinito através de tubos ou linhas. Esta é a forma como ele é construído.

Baal HaSulam, Talmud Eser Sefirot (Volume 1, Capítulo 1, Parte 5): O motivo foi que, visto que a Luz do Infinito era completamente plana, ela tinha que se limitar uniformemente por todos os lados, e não se limitar num lado mais do que no outros.

Sabe-se na sabedoria da geometria que não há nada tão plano quanto uma imagem como a imagem do círculo (200). No entanto, este não é o caso com Meruba (300), com o ângulo perpendicular protuberante, o Meshulash (triângulo) (400), e todas as outras imagens. Por esse motivo o Tzimtzum tinha que ter a forma de um círculo.

Nós sentimos cada revelação da Luz que vem do alto, o que significa que o Criador nos influencia, já que Ele criou tudo. Cada revelação dessa força nos afeta na forma de um círculo. Em outras palavras, isso afeta a todos igualmente. Nós temos que entender que tudo vem do Alto na forma de uma Luz que nos afeta de uma maneira única. Não há preferência de certos desejos sobre outros na influência do alto.

Há um desejo no nível da natureza inanimada, vegetal e animal. Há também muitas pessoas diferentes, grupos e diferentes tipos e jeitos. Não faz diferença como eles se dividem entre si ou quais são únicos, o Criador trata a todos de forma igual. A Luz Superior preenche tudo.

Ela nunca muda no que diz respeito a qualquer pessoa de forma alguma. Tudo decorre da Luz superior direta porque ela preenche tudo. Isto é o que se diz no Talmud Eser Sefirot.

Tudo o que acontece conosco já depende da resposta, do desenvolvimento que desperta o desejo. Os desejos mudam de acordo com seus atributos, de acordo com sua intensidade e constituição. Os desejos são diferentes e se integram entre si. Há muitos desejos, atributos, qualidades, etc., em cada um de nós, e, embora a Luz Direta afete a todos igualmente, cada um de nós reage de maneira diferente.

Curiosamente, na medida em que uma pessoa pode receber a Luz, ela também pode responder a ela. Por exemplo, se alguém é mais esperto do que os outros, seu trabalho também é maior já que é mais esperto e entende melhor e, portanto, também tem que investir seus esforços de forma relativa. Se alguém é mais forte do que os outros, também deve fazer mais do que alguém que é mais fraco, uma vez que o poder foi dado a ele de propósito. Mas não há nenhuma diferença na forma como a Luz considera cada um de nós em sua forma específica, privada e subjetiva.

Tudo é calculado de uma forma muito simples; cada um de nós tem genes espirituais, Reshimot (reminiscências), que determinam o efeito que a Luz tem sobre nós e nos revelam a existência da natureza inanimada, vegetal e animal e dos seres humanos. O Criador afeta cada um de nós de forma igual, e se a pessoa se sente infeliz ou oprimida, ou se está sob a influência positiva ou negativa do destino do Criador, da vida, ou de alguma outra coisa, ela simplesmente precisa procurar um pouco dentro de si. Assim, ela vai perceber que não é diferente de qualquer outra pessoa nos atributos que tem. O Criador trata a todos igualmente e não há injustiça em Sua atitude. Além disso, Sua atitude é a bondade absoluta, como se diz, Ele é “o bom e que faz o bem”. Mas onde nós vemos isso? Depende de como nós cumprimos o nosso atributo sob a influência do “bom e que faz o bem”.

O problema é que nós não queremos aprender, fazer um esforço, e crescer de acordo com a Sua influência. Atributos cada vez mais negativos são acumulados em nós de uma geração para a outra. No final, nós testemunhamos resultados muito infelizes. Embora a Luz superior infinita ilumine a todos igualmente, preenchendo tudo, nós nos afogamos nela, e nos sentimos tão desconfortáveis e desagradáveis, porque nos encontramos em atributos que são totalmente diferentes dos atributos da Luz. Quanto mais positivamente ela nos influencia, mais negativos são os sentimentos que despertam em nós, porque nos sentimos cada vez opostos a ela.

Há o sistema de correção que se destina a corrigir este estado e ensinar os seres criados a se assemelhar ao Criador, para elevá-los ao nível em que eles vão conhecer e alcançá-Lo, conectar-se e alcançar a adesão com Ele. Ele foi dado a nós como o método de correção, sob a forma de a sabedoria da Cabalá, como exercícios, workshops e outros modelos chamados de educação integral ou sabedoria da conexão.

Para onde nos leva este método?

Nós percebemos o mundo através dos nossos sentidos e se começarmos a executar determinados exercícios juntos, de forma semelhante às ações da Luz, do círculo, então, mesmo em nosso nível mais baixo, se nós quisermos de forma simples e mecânica nos assemelharmos à Luz, isso basta para nos aproximarmos dela, sem compreender e sem querer nada. É porque agora nós somos não apenas o oposto de seus atributos, mas também tentamos nos assemelhar a ela de alguma forma. Se atingirmos a equivalência de forma com a Luz, ela nos afeta internamente. Esta equivalência de forma é chamada de linha (Kav).

Talmud Eser Sefirot, Capítulo 1, Item 1: Estas linhas são como um “tubo” fino por onde passa água e fornece Luz aos mundos superiores .

Cada conexão que alcançamos com o Criador passa pelo chamado tubo (tsinor), pela linha. Nós tentamos nos assemelhar à Luz, embora sejamos totalmente o oposto dela. Se nós tentamos nos transformar num círculo que é semelhante ao círculo perfeito da Luz do Infinito, é como se conectássemos nossos dois círculos no tubo. Na realidade, não há tubos e círculos neste mundo e tudo se refere ao nível de conexão entre nós, à compatibilidade entre nós, e a Luz Superior. Assim, deve ficar claro a uma pessoa que se ela tenta fazer isso sozinha, ela simplesmente não tem sucesso. É porque ela não forma um círculo com alguém e por isso é impossível. Tem que haver pelo menos duas pessoas.

Além disso, nós sabemos que a Luz Superior constrói-se em relação ao desejo que ela criou através dos dez mundos, o que significa através de mudanças graduais. Ela constrói o desejo sob a influência de dez níveis, e por isso, se quisermos nos assemelhar à Luz Superior, devemos estar pelo menos entre dez pessoas. Isto porque, em nosso mundo, o homem simboliza o atributo de doação, e a mulher simboliza o atributo de recepção, de modo que o menor círculo (Minyan) é de dez homens que se conectam. Um círculo físico é o nosso encontro físico quando nos reunimos num círculo tentando cumprir essa forma corpórea pelas relações entre nós. Isto significa que nós nos anulamos com relação aos outros e nos conectamos, incorporamos um ao outro, e cada um recebe as deficiências dos outros como se fossem suas.

Depois, nós nos conectamos numa cadeia que obriga cada uma das partes a se incorporar em todas as outras partes, e a estar comprometida com elas e depender de todas as outras partes.

Baal HaSulam diz na parte 2 do Talmud Eser Sefirot que Malchut do superior se torna Keter do inferior. Portanto, Malchut conecta cada superior com o seu inferior, o que significa que há uma equivalência de forma entre eles: Malchut do superior se conecta com Keter do inferior, e, portanto, uma conexão entre as dez Sefirot do superior é estabelecida com as dez Sefirot do inferior; uma conexão entre todos os níveis, desde o mundo do Infinito até o mundo de Assia onde o nosso mundo se encontra como o nível mais baixo do mundo de Assia.

Assim, as dez Sefirot estão conectadas e depois uma e outra de acordo com o Kav. Há um total de 125 desses níveis e cada um é feito de dez Sefirot. Juntos, eles são chamados Kav (linha) e esta é a única maneira da conexão entre os vasos e a Luz do Infinito se estabelecida.

Somente a Luz do Infinito age em toda a realidade. Este é o único lugar para onde todos os nossos desejos ascendem e é só a partir daí que todas as ações que estimulamos por nossas deficiências descem até nós.

A conexão entre todos os círculos (Igulim) entre si passa pela linha. Só através dela é possível operar o sistema dos mundos superiores para que ele nos influencie. É somente através da linha que podemos influenciar a nossa realidade, que não sentimos ou vemos agora. Agora nós sentimos apenas a matéria que está num nível inferior ao nosso: a natureza animal, vegetal e inanimada, e nós não sentimos nada além disso. Nós não entendemos a nós mesmos, não sentimos a nossa essência espiritual, e não percebemos o que está além disso. Se quisermos sentir isso, temos que levar em conta que a única conexão entre os círculos é através da linha.

Por isso, nossa incorporação mútua durante os workshops deve ser de modo que eu sinto totalmente o outro. Eu o engulo com tudo o que ele tem. Não faz nenhuma diferença que atributos, sentimentos, ações ou intenções ele tem, ou se eles são positivos ou negativos. Eu estou totalmente incorporado nele, e ele está incorporado em mim.

Quando ocorre essa incorporação, cada um de nós já anula seu ego com isso. Nós já subimos e nos restringimos de acordo com a primeira restrição. É isso aí. Agora, outra pessoa está trabalhando no meu lugar e eu trabalho no lugar de outra pessoa e tenho saído de mim mesmo pelo menos por alguns momentos, e já executei uma ação espiritual. Além disso, há também a incorporação mútua aqui.

Por que nós devemos entender tudo isso? A fim de começar a mudar e sentir o que estamos fazendo para que possamos ser capazes de examinar a nós mesmos e nos desenvolver corretamente. Afinal, cada ação que fazemos no mundo espiritual, mesmo a menor ação, leva a uma resposta. Nós temos que entender esta conexão e ativá-la.

Baal HaSulam diz que toda a criação, em todas as suas manifestações, é inteiramente definida com antecedência de acordo com o mesmo objetivo: desenvolver-se como resultado desta criação total a raça humana, que será elevada em suas propriedades até que você possa sentir o Criador, bem como experimentar os outros.

Portanto, nós temos que nos concentrar em trabalhar com os outros como se nos concentrássemos no Criador exatamente da mesma maneira. Por quê? Porque, enquanto nossos atributos internos não estiverem concentrados nos atributos do Criador, não vamos começar a senti-Lo. Então, como podemos concentrá-Lo? Onde está o diapasão ou outros parâmetros de distância, força, peso, etc., que podemos usar em nosso mundo como o padrão para isso? Com relação ao que eu posso me concentrar para chegar perto de alguma coisa?

Eu não vejo o Criador. Eu não posso medir se chego mais perto ou mais longe Dele em meus atributos particulares. Além disso, meus atributos egoístas me levam em diferentes direções. Se eles me levassem para trás, eu poderia saber que tenho que resistir a eles constantemente e então saberia se estava avançando ou não, mas eu siu constantemente jogado de um lado para outro sem saber como agir. Isso significa que, além da minha falta de vontade de avançar contra a minha natureza, eu também não sei como fazê-lo. Por isso, eu recebo as condições adequadas: concentrar-me em meu amigo e, assim, concentrar-me no Criador. É por meio do amigo, como se diz, “do amor dos seres criados ao amor do Criador”.

Baal HaSulam diz em seu artigo “O Ensino da Cabalá e sua Essência”: que todas as ordens da criação em todas as suas manifestações são inteiramente determinadas com antecedência de acordo com o mesmo objetivo. Estes são todos os degraus da escada pela qual a raça humana se desenvolve e sobe até o propósito da criação. Estas duas realidades são explicadas em detalhes na sabedoria da Cabalá.

Nós temos que entender isso. Na medida em que pudermos sentir os outros e não a nós mesmos, o que significa as outras pessoas, apesar de nossos desejos egoístas, nós vamos ser capazes de sentir o Criador. “Outros” se refere àqueles que estão mais perto de nós como “O Meio” (intermediários), uma vez que os sentimos e não podemos mentir para nós mesmos no que diz respeito a eles. Eu posso dizer que amo o Criador, que O quero, mas estas são apenas palavras. No entanto, no que diz respeito aos outros, eu não posso dizer isso, porque não sinto atração por eles e não tenho ilusões. Nesse caso, eu percebo que só me preocupo comigo.

É exatamente neste momento, na fase inicial, que o nosso método chamado de educação integral ou sabedoria da conexão aparece. Nós nos sentamos em círculo e pelo exemplo pessoal nos concentramos gradualmente em estar incorporados e em nos aproximar mutuamente por diferentes jogos de exercícios e outros meios. Nós atraímos a Luz Superior a nós na medida em que nos conectamos no círculo e nos concentramos na linha, e a Luz Superior nos influencia.

Curiosamente este é um processo acumulativo. Não importa o que fazemos, isso significa que já fazemos algo. Um pouco de esforço e mais outro, e, assim, uma e outra vez, nada se perde. Tudo o que fazemos em nosso mundo, em nosso ego, é engolido e desaparece. Mas tudo o que fazemos acima do nosso ego entra na linha, que nos concentramos na Luz Superior, e essas linhas permanecem.

Cada vez que eu estou incorporado no círculo, no workshop, eu me transformo de um enorme egoísta redondo, de um pedaço egoísta, numa determinada linha e me conecto à Luz. Outra linha pequena, outro pequeno tubo, e depois outro e outro… assim, eu me transformo em muitas dessas linhas, e, gradualmente, uma vez que estas linhas acumulam o sentimento da força que atua em mim, a força do Criador é criada em mim. Este é um processo gradual. Ele invoca a influência da Luz pelos tubos até o meu pedaço egoísta, e em seguida, começa a perceber algumas das diferentes mudanças que vêm da Luz. Dessa forma, diferentes sentimentos e realizações são criados em mim. Eu saio de mim mesmo e começo a influenciar e a participar com os outros de uma forma mais concentrada. Assim, a pessoa muda gradualmente.

Portanto, nós precisamos de exercícios assim como em qualquer outro campo: nos estudos, nos esportes, etc. Nós precisamos de uma série de exercícios. É como um músico que pratica de manhã até a noite tocando as diferentes escalas musicais. É a mesma coisa aqui; não há nada que possamos fazer sobre isso e é preferível fazê-lo 24 horas por dia. Músicos dedicados praticam o tempo todo. O artista de circo está ocupado praticando todos os dias e um acrobata não faz nada, exceto trabalhar para melhorar a sua performance.

É o mesmo conosco! Esta é a forma como devemos nos sintonizar. Não é um instinto, mas a influência da Luz. Nós temos que nos acostumar com o fato de que nós cooperamos desta forma o tempo todo, mesmo se estamos num círculo. Não há outra maneira de atingir “do amor dos seres criados ao amor do Criador”, o que significa estabelecer dentro de nós os atributos do mundo superior. Nós temos que fazer um esforço real e prestar muita atenção para que não acabemos com nossa vida como as outras pessoas. Todo o nosso trabalho é chegar à sensação do Criador através do sentimento dos outros.

Rabash diz na Carta 42: E nós devemos entender como eles podem ser como “um homem com um só coração”, já que todos nós sabemos o que os sábios disseram, “assim como os seus rostos são diferentes uns dos outros, suas opiniões também são diferentes umas das outras”? Como eles podem ser como “um homem com um coração” se, para começar, são diferentes em seus atributos, desejos e intenções? E o Rabash responde: Se falamos sobre o fato de que cada um se preocupa com as suas próprias necessidades, é impossível ser como um só homem, uma vez que eles são diferentes entre si. Mas se todos se anulam, e cada um só se preocupa com o benefício do Criador, não há mais opiniões privadas, e todas as idiossincrasias são anuladas, e todos entram num único domínio. Assim, nós nos conectamos num nível superior.

Isso significa que o nosso único objetivo é subir acima de nossos corpos e se conectar por meio de diferentes exercícios. Todo mundo tem um corpo espiritual, uma só alma. Baal HaSulam diz que apenas uma alma foi criada, ou seja, Malchut do Infinito, um único desejo. Nós estamos incorporados nela e subimos acima de nossos corpos egoístas separados, e ao sentir a nós mesmos, nossos corpos e os estados da natureza inanimada, vegetal e animal, sentimos o nosso mundo. É porque de acordo com os nossos conceitos egoístas, isso é o que é percebido pelo nosso desejo não corrigido, e, portanto, esta é a forma como sentimos a nossa realidade.

No entanto, quando começamos a nos corrigir, começamos a sentir o que está para além dos níveis inanimado, vegetal, animal e falante e começamos a sentir as conexões entre eles. Mais tarde, quando subimos sobre essas conexões, já começamos a sentir o nosso mundo. Assim, a separação que sentimos desaparece, bem como as conexões, e tudo se funde numa gota, num só corpo pleno.

Do Acampamento Internacional de Verão Na Bulgária 11/07/14, Lição 1