A Formação Do Povo Do Livro

O Primeiro Encontro com o Criador

Pergunta: Ao falar sobre a identidade do povo de Israel, sobre a sua especificidade única, é impossível ignorar o Tanach. Seu legado está no coração do povo e determina em grande parte a nossa essência. A importância deste património é clara para quase todo mundo, mas as razões, os mecanismos deste fenômeno, não são claros, o que gera muitas opiniões e conceitos.

O Tanach escreve sobre a exclusividade do povo judeu. O livro “Êxodo”, 19:3-19:6, fala sobre os eventos no Monte Sinai, e cita as palavras do Criador dirigidas a Moisés: Assim falarás à casa de Jacó, e anunciarás aos filhos de Israel: “Vós tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de águias, e vos trouxe a mim.

Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo”. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel.

A ideia de que o Criador escolheu o povo de Israel foi originalmente baseada neste versículo.

Isso é verdade? Nós podemos considerar o Tanach como prova real? Ou é apenas uma narrativa histórica? Talvez ele seja um código legal, que nos escolheu dentre os outros povos?

Resposta: Tudo começou com Abraão, que revelou a força superior, a natureza, a origem, seu programa de desenvolvimento e finalidade. Mais importante ainda, ele viu o papel das pessoas que vivem no mundo e seu lugar na ação global. Em particular, isto se aplica a essas pessoas que conscientemente se juntam ao processo de realizá-lo e, assim, revelam o Criador.

Desta forma, a essência do que está acontecendo, o significado de Deus e a finalidade da criação, o que explica por que existimos e o que nos tornamos no final – tudo isso foi revelado por Abraão, e é isso que ele ensinou àqueles que se juntaram a ele.

No entanto, sua revelação foi apenas o começo. Como a sabedoria da Cabalá explica, Abraão, Isaac e Jacó representam o estágio inicial, as três primeiras Sefirot (GAR), o início do desenvolvimento, e o início da relação da humanidade com o Criador. Este encontro ocorreu no grupo que Abraão criou na Babilônia e que a deixou pela terra de Canaã.

 

A Sessão Prolongada

Em seguida, houve o exílio egípcio, a saída do Egito até o Monte Sinai e o deserto do Sinai, onde por 40 anos, estudamos a espiritualidade, a força superior, a compreensão de quem e do que nos controla, por qual propósito existe a criação, o que, em última análise, tivemos que fazer, o que tinha que se tornar, o que tínhamos que alcançar, etc.

Tudo isso está realmente descrito no Tanach. A única questão é quem consegue compreender as suas palavras? Afinal de contas, este livro foi escrito por pessoas que possuíam realização espiritual e viam o programa que opera além da imagem do nosso mundo.

Da mesma forma, enquanto assistimos TV, entendemos que a sua imagem é criada por ferramentas especiais, mostrando-nos a informação que vem da fonte externa, de um servidor ou, digamos, de uma câmera de vídeo filmando uma partida de futebol ao vivo. É claro que a ação acontece na tela, que só projeta uma imagem para nós.

Fenômenos semelhantes são descobertos por uma pessoa que começa a revelar as verdadeiras imagens deste mundo. Acontece que por trás disso, há a ideia da criação e a força superior, que projeta esta imagem dentro de nós. Ela não precisa de uma tela para exibir esta imagem; em vez disso, mostra o seu próprio filme desde dentro, mas parece que isso acontece lá fora. Desta forma, a imagem do mundo exterior, do universo, aparece diante de nós e, aparentemente, nós estamos neste enorme cinema.

A força superior nos mostra sua sessão, a fim de nos criar e desenvolver de uma maneira especial, pela qual vamos revelá-la. Estando juntos neste filme, nós reagimos e participamos. Assim, somos empurrados, obrigados, e encorajados a descobrir por que e para que isso está acontecendo. Nós aprendemos com nossas ações e vemos um monte de fatores causais e facetas na trama, mas esquecemos que a força superior nos mostra isso.

Assim, a conexão com a raiz original é perdida, e o filme se torna uma realidade. Alegria, medo e outras respostas internas nos afastam da compreensão adequada do que está acontecendo.

 

Não Apenas Espectadores

Nós temos permanecido nesse estado por um longo tempo. Tendo descoberto isso, Abraão usou sua fama e trouxe pessoas de toda Babilônia, delineou e explicou-lhes, e ensinou-lhes como participar corretamente do filme.

O ponto principal é que, em cada momento, nós devemos tentar revelar as intenções do projetista. E Suas intenções são cristalinas! Ele quer nos elevar para que possamos entender o Seu propósito e desejo, entender o processo que está diante de nós e concordar com Ele que, no final, todo o nosso ser é projetado para se tornar aderido a Ele. Essa identificação com o Criador só é possível com a condição de que nos tornemos semelhantes a Ele. E isso pode ser aprendido assistindo ao seu filme.

Abraão ensinou isso aos babilônios que o seguiram, e ao longo dos anos, eles revelaram a si mesmos não só o mundo que ele descreveu, mas também o curso do desenvolvimento.

Eles tentaram ser incluídos no filme, na ação em desenvolvimento. Antes, eles viam a natureza inanimada, vegetal e animal e pessoas que eram amigas do grupo de Abraão, que mais tarde se tornaram a nação de Israel. Eles também viram pessoas distantes de outras tribos e nações. E todo mundo tentou ser parte da imagem, como se fosse realmente um filme projetado pela força superior.

Desta forma, cada um deles se relacionava com o que estava acontecendo lá fora e dentro de si mesmo. De qualquer forma, os eventos internos nos fazem olhar de forma diferente o que vemos do lado de fora.

De acordo com as explicações de Abraão, seus seguidores queriam desenvolver a atitude que o Criador esperava deles em si mesmos. Abraão lhes ensinou como se relacionar corretamente com tudo, com o mesmo pensamento, a mesma intenção, que o projetista, a força superior, tinha.

 

A Linguagem do Criador

Eles começaram a entender que esta é a linguagem da força superior. Toda a natureza é a linguagem do Criador que o Criador usa para se comunicar com os seres humanos.

Como resultado, eles começaram a revelar os elementos separados que compõem a natureza, e a entender como o Criador cria isso para nos afetar. Eles descobriram que o mundo é criado por forças boas e más, a luz e a escuridão. Abraão explicou isso a eles, e eles revelaram isso dentro de si. Descobriu-se que a luz e a escuridão são uma atitude boa ou má.

Por isso, tornou-se claro que a boa força de doação, relacionada totalmente com o Criador, tem 22 formas, chamadas de letras, e cinco formas adicionais. Os seguidores de Abraão estudaram essas formas e começaram a aplicá-las. Além disso, o idioma aramaico que era usado na Babilônia para falar e escrever era semelhante a esse. Portanto, em essência, esta era a sua raiz natural, e eles mudaram do aramaico para o hebraico.

As letras aramaicas também eram muito parecidas como hebraico, só que agora eles entenderam sua forma verdadeira, correta, a forma de vasos e desejos, bem como as regras da gramática e as leis de doação, que eram sequenciais, adjacentes, etc. Os discípulos de Abraão revelaram as leis precisas de doação de cima para baixo e de baixo para cima, e, portanto, essa linguagem foi dada a eles.

Em geral, trata-se da revelação. As pessoas aprenderam com a imagem da força superior apresentada e compreenderam como, o quê e por que a força superior mostrava isso a elas. Em outras palavras, elas aprenderam a linguagem do Criador, encontrando o significado interno e o propósito de sua influência em tudo.

De KabTV “Uma Nova Vida” 04/01/15

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