Um Vôo Para O Espaço Interior

Dr. Michael LaitmanPergunta: Como uma pessoa pode entender a grandeza do Criador e Sua providência?

Resposta: Todo o objetivo da criação é a revelação do Criador aos seres criados, a fim de fazer-lhes bons. O Criador faz os seres criados bons, revelando-Se a eles e, preenchendo-os. O Criador está vestido no ser criado, o que significa que a Luz de Hochma está vestida na Luz de Hassadim.

Mas será que nós sabemos como avançar em direção à revelação do Criador? Com quais atributos nós procuramos por Ele e em que direção devemos avançar? Como podemos ter certeza de que não nos afastamos do caminho certo? Nós temos que estar estabilizados para fazer isso. Se eu estivesse no espaço sem saber onde eu estou, eu iria encontrar o meu caminho de acordo com as estrelas.

É o mesmo no trabalho espiritual. Nós não podemos dizer nada sobre qualquer fenômeno, resultado, força, ou atributo se não o medirmos em relação a algo. É importante certificar-se em relação a que nós podemos medir algo.

Por exemplo, nós podemos avaliar o comportamento dos animais que se devoram uns aos outros e isso parece muito cruel para nós. Mas a questão é que nós avaliamos isso de forma errada, em relação aos sentimentos humanos. É por isso que chegamos a conclusões erradas. É o mesmo em relação a qualquer fenómeno.

O problema é como devemos avaliar cada fenômeno. Isto é importante tanto na espiritualidade como no nosso mundo, e a fim de avaliar os fenômenos, nós usamos ferramentas como bússolas, medidas e unidades específicas para medir distâncias, peso e frequências diferentes. A humanidade criou estes sistemas de medição para determinar e medir fenômenos diferentes.

Antes da invenção dos sistemas de medição, era muito difícil para as pessoas se comunicarem. Se eu quisesse trocar minhas galinhas pelo seu jumento era difícil medir quantas galinhas valia o burro. Hoje nós temos dinheiro para isso.

Uma precisão cada vez maior de diferentes medidas nos permite medir atributos diferentes. É exatamente assim que eu crio um filho, ensinando-o a ver a si mesmo no que diz respeito ao seu ambiente, a fim de que ele tenha a orientação correta em relação ao espaço, os móveis da sala, seus pais, as outras crianças, e a si mesmo.

Quando nós entramos no mundo espiritual, não temos meios para senti-lo. É porque não temos um padrão e não sabemos de que forma devemos mudar a nós mesmos e o que devemos fazer com nossos atributos.

Portanto, é impossível existir apenas pela força positiva. Por isso, nós precisamos usar as duas forças em conjunto. Esta é a razão de existir sempre luz e escuridão. É impossível ver qualquer coisa em contraste com uma luz e também é impossível ver algo no escuro. A única maneira de ver algo é no contraste entre luz e escuridão. Este princípio é verdadeiro em todos os aspectos.

Assim como uma criança pequena começa a reconhecer atributos e diferenças através de seu ambiente próximo e a gradualmente aprender como estabelecer conexões cada vez mais amplas até que ela conhece toda a humanidade, assim nós também estabelecemos conexões entre nós no grupo e começamos a conhecer o mundo espiritual.

É impossível fazer isso de qualquer outra forma. O Criador é revelado no grupo, nas relações entre nós. Se nossas relações são egoístas, não existe um padrão de medida, uma vez que existe apenas uma força agindo, que é uma ajuda contra nós. Nós também precisamos da força oposta. Quando eu desenvolvo a força de doação e começo a agir contra a força de recepção, eu posso começar a virar e me controlar e medir o desvio.

De acordo com a sabedoria da Cabalá, assim como em qualquer outra ciência, o principal é a medição: NRNHY, KHB ZON, Partzufim, os níveis, Hassadim e Hochma. É tudo baseado em medições, quando diferentes coisas são comparadas e, assim, novos fenômenos são descobertos.

Está escrito: “Não farás para ti outros deuses”, o que significa que diferentes formas intencionalmente aparecem diante de nós para que possamos ser capazes de medir e formatar o Criador em relação a elas.

Quando a Luz de Ein Sof (Infinito) preenche Malchut de Ein Sof, ela não deixa uma sombra dentro dela e tudo é totalmente preenchido com a Luz branca. É apenas graças ao fato de que a fase quatro, que se torna grosseira, aparece dentro dela e se vê como oposta à Luz. A partir dessa oposição, nós podemos começar a medir as coisas.

Portanto, não podemos gerir sem “outros deuses”, embora eles sejam fictícios e uma mentira e não existam realmente. Mas nós precisamos deles, a fim de medir as coisas em relação a eles. É assim que o Criador joga conosco. Esta é a razão Dele ter criado a inclinação ao mal e a Torá como tempero, “uma vez que a Luz nela reforma”.

Assim, nós temos 613 desejos, e oposto a eles há 613 luzes pelas quais nós adquirimos nossos sentidos. Se houver 613 luzes que preenchem 613 desejos, nós temos 613 elementos com os quais medir. Nós podemos avaliar e esclarecer muitos conceitos próximos e distantes no que diz respeito a cada desejo e à luz no seu interior. Nós podemos descobrir em que direção eles operam, seja na direção de Hassadim ou Hochma, doação ou recepção.

Acontece que depois de corrigir o nosso desejo para a intenção a fim de doar, de acordo com o princípio de “a vantagem da Luz sobre as trevas”, nós temos a chance de conhecer o Criador, a Luz de Ein Sof. Outros deuses derivam do Criador, de modo que devemos conhecê-los e nos estabilizar, utilizando-os. Sem eles, não há nenhuma maneira de podermos conhecer a força superior, Aquele que é “não há outro além Dele”.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 09/12/14, Shamati # 15