O Mistério De Israel

Dr. Michael LaitmanNos últimos anos, os políticos começaram a falar sobre a consolidação legislativa do caráter judaico do Estado de Israel. A razão para isso é a ampla onda de ataques antissemitas. O mundo inteiro tem um problema com o povo judeu, perguntando: “Por que eles tomam a posse de terras que não lhes pertencem?”

Muitos sequer concordam com a divisão original do território de acordo com a resolução da ONU. Hoje, um voto secundário certamente nos privaria do direito ao nosso próprio Estado.

Após o desastre, o mundo estava desconfortável diante de nós, e se de fato tínhamos que ter um país, isso continuará, de acordo com as leis do desenvolvimento comum.

No entanto, nós temos que torna-lo realmente nosso, tomar a terra santa (Eretz) como o desejo (Ratzon) de purificar e formar, não como uma coleção de exilados, mas como o povo de Israel, no sentido pleno da palavra, totalmente unido e aspirando direto ao Criador (Yashar El).

Nós temos que realizar um curso sobre coesão, amor e unidade, para nos tornar como um homem com um coração.

Se tivéssemos organizado nossa nação dessa forma, não teríamos que realizar guerras intermináveis pelos últimos 66 anos sem um único segundo de descanso e relaxamento. E a situação não teria sido como é hoje, de tal forma que todo Israel é forçado a planejar uma evacuação de emergência, um plano de fuga em caso de um desastre.

Pergunta: Uma e outra vez, a vida nos confronta com questões básicas que afetam a nossa existência na terra de Israel. E este tópico sempre cobre a névoa da incerteza e da indefinição. Por que existe essa incompletude agonizante na nossa autodeterminação? Por que não foram colocados todos os pingos nos “is”?

Resposta: É porque nós queremos ser como todas as outras nações e definir o nosso país como todos os outros, de acordo com as representações tradicionais de território, fronteiras e entidades públicas. No entanto, isso não funciona para nós e não se aplica a nós. Este formato habitual não causa uma resposta fiel em nós, onde não sentimos por nós mesmos, e não encontramos qualquer correlação com a forma como o nosso país deve ser identificado e parecer como povo, e cada pessoa nele.

Acontece que não somos o povo de Israel como ele deveria ser, e não vivemos na terra de Israel, nem no país de Israel, como deveria ser de acordo com as fontes originais, de acordo com a nossa base. Nós temos tentado adotar o conceito de conceitos externos, simplesmente captando-os, mas eles não chegaram a ser concretizados. O rótulo internacional padrão se descola repetidamente.

Como resultado, nós sentimos que isso não é adequado, mas continuamos a nos sobrecarregar com isso, sem ter uma definição clara. E o mundo, por seu lado, não entende as nossas ações e vê o Estado de Israel como uma entidade artificial.

Nós podemos argumentar eloquentemente que essa é a nossa terra. Podemos até mesmo nos sacrificar pelo bem de vida. No entanto, ainda não entendemos o que “o povo” e “o país” significam para o povo judeu.

Baal HaSulam escreveu um ótimo artigo sobre isso no jornal “A Nação” (HaUma), que, aliás, foi fechado após seu lançamento inicial. Neste trabalho, a natureza desses conceitos e a necessidade de voltar às suas raízes depois de dois mil anos de exílio foram descritas em detalhes.

Por que devemos recorrer à história antiga e à vida primitiva, agora que isso já foi vivido por nossos antepassados? Pelo contrário, nos séculos anteriores, nações avançadas plantaram suas culturas em todos os lugares. A cultura estrangeira, com um sucesso particular, foi transferida aos povos indígenas da África e América. Idiomas morreram, bem como tradições e crenças, dando lugar à influência inglesa, espanhola e francesa.

Mas nós ainda não fomos capazes de nos manter dentro das margens do presente. Não há nada que possamos tomar emprestado dos povos do mundo. Pelo contrário, nós estamos organizados de tal forma que os povos do mundo adotam as coisas corretas de nós.

Isso não depende de nós e não é orgulho ou arrogância. Nós estamos ligados desta forma. Não é por acaso que o mundo nos vê como um povo inteligente e desenvolvido, alimentando um propósito de vida. O mundo sente que o povo judeu tem um segredo que não quer abrir para os outros; isso significa que eles devem nos forçar a desistir.

Este sentimento é indestrutível, e nós finalmente temos que entender o que eles querem de nós. Na verdade, que tipo de mistério reside dentro de nós? Se nós soubéssemos, poderíamos vendê-lo pelo triplo do preço. Mas não, isso não funciona dessa maneira.

Afinal, o que temos dentro e que se encontra no povo de Israel sem o seu conhecimento é este grande, bonito, sedutor e brilhante objetivo, o futuro do mundo.

O nosso mundo está ligado à irmandade que vivíamos antigamente. Nós precisamos recuperá-la, em outras palavras, viver juntos como um povo que respeita a lei, amar o nosso próximo como a nós mesmos, de acordo com os princípios que recebemos no Monte Sinai, e ser como um homem com um coração.

Hoje nosso mundo global e integrado sente a relação inquebrável de todas as suas partes, literalmente exige isso, e exige o cumprimento dessa lei. Se nós revelarmos um guarda-chuva de garantia sobre todos nós, vamos nos encontrar num mundo que é para nós como o Jardim do Éden.

É por isso que nessa era moderna, o mundo presta atenção em nós, sem saber como ou por que, e começa a exigir a lei de nós, pela qual vai viver amanhã. Afinal, a vida atual parece cada vez mais intolerável para o mundo, obscura e sem esperança. Ela já não apresenta um quadro de amanhã. Inconscientemente, as pessoas sentem que o povo judeu tem a resposta.

Como consequência, o antissemitismo floresce em todo o mundo, afetando milhões de pessoas. Assim, ele simplesmente nos obriga a perguntar sobre a lei e o modo de vida que devem formar a base da nossa existência aqui.

Se realmente voltássemos às raízes, se colocássemos em prática o conceito de “povo de Israel” aspirando “direto ao Criador” (Yashar-El), ou seja, à unidade, solidariedade e amor, se assim fosse, nós educaríamos o povo com base na lei, combinados uns com os outros, como um homem com um coração, ajudando-se e unindo as pessoas com esta parceria. Isto serviria como um exemplo para o mundo. Além disso, nós ensinaríamos as pessoas a construir a unidade.

Assim, o mundo entenderia que somos uma parte especial dele e que realmente precisamos aprender. E há muito o que aprender, já que é o futuro e a salvação de toda a humanidade. Não é apenas por algumas décadas compreendendo a expectativa de vida de cada geração, mas sim uma nova base para uma nova fundação sendo colocada aqui, na qual nosso mundo será aperfeiçoado e ascenderá a um novo nível, para a condição eterna e perfeita.

Hoje, o nosso egoísmo se devora e, como resultado, nós vivemos uma média de 70 a 80 anos. Se passássemos do desejo de receber egoísta para um altruísta, para a doação, e se todos vivessem com seu coração bem aberto no meio de sua nação, cuidando de tudo, encontraríamos outras leis naturais, as leis do amor e da doação. Nesse ponto nós entraríamos na vida eterna e perfeita, e o nosso mundo abriria a oportunidade de viver além das limitações de tempo, espaço e movimento. Nós começaríamos a perceber o mundo em que não há limites.

Nesse meio tempo, os problemas em relação ao povo judeu, que nós chamamos de antissemitismo, vai crescer cada vez mais. Nós não podemos nos livrar disso. Pelo contrário, vamos ter que dar uma resposta, uma vez que é necessário enfrentar essa situação.

Ao mesmo tempo, vamos ter que resolver o problema do caráter judaico do país, recentemente exposto para discussão pública. Porém, não deve ser pela linguagem artificial e não com base nas leis que herdamos do mandato britânico ou do domínio turco. Não, nós temos que assumir a Torá e tirar todas as definições necessárias.

Por milênios, desde os dias de Abraão, os Cabalistas têm explicado o significado de “povo de Israel” e “país de Israel”, e quem é uma “pessoa judaica”. Nós precisamos nos abrir ao mundo, abandonar os limites e adotar o nosso entorno, todos aqueles que desejam viver de acordo com a lei de amor e unidade, sob a égide da doação. É isso mesmo, mais do que geográficas, as fronteiras da terra de Israel, ou seja, a garantia mútua universal, se estenderá a todo o mundo.

Em princípio, a terra de Israel não é o território na superfície do globo, mas um lugar onde as pessoas vivem de acordo com a lei do amor. Portanto, agora ela não existe. Afinal, terra (Eretz) significa desejo (Ratzon). Se existe a lei do amor entre pessoas que vivem em qualquer lugar e seguem essa lei, a sua relação, o seu desejo comum chama-se a terra de Israel, o desejo aspirando direto ao Criador (Yashar-El), e, assim, elas querem ser como a força superior.

Isso é o que nós temos que explicar, demonstrar e oferecer a todos os povos. Então, em vez de ódio, vamos sentir empatia, respeito e carinho, que é o que sentimos agora dos nossos milhares de alunos em todo o mundo. Nós vemos como eles estão comprometidos conosco quando os ensinamos a se unir para alcançar cooperativamente o poder superior.

De KabTV “Uma Nova Vida” 30/11/14