Como Uma Monstruosidade

laitman_749_02Nós vivemos em um momento especial e emocionante, cheio de acontecimentos imprevisíveis. Os últimos 60 a 70 anos após a Segunda Guerra Mundial, nós pensávamos que tínhamos criado um ambiente bom e viável.

Nos Estados Unidos, Europa, Israel, e muitos outros países, o povo judeu começou a se sentir mais confiante, não como exilados à mercê dos anfitriões, que podiam fazer o que queriam com eles. Em vez disso, eles começaram a se comportar como iguais.

É bastante surpreendente o quão rápido as coisas mudam. Depois que nós demos ao mundo vários cientistas de renome, florescente culturas e economia, enormes contribuições em todas as esferas da vida humana, de repente, apareceu uma nova e surpreendente onda de antissemitismo.

A sua intensidade é tão ruim que em algumas cidades dos EUA os judeus têm medo de usar kippahs (yarmulkes) nas ruas. Nossas crianças são espancadas nas universidades e acusadas de todos os tipos de pecados.

Antigos, primitivos e densos preconceitos que repetem a velha calúnia sobre os judeus – de que eles supostamente “bebem sangue para a Páscoa”, chefiam um governo mundial secreto que quer dominar o mundo, e, em geral, são culpados de todos os desastres que a humanidade está passando – têm sido revividos novamente agora.

Nós vemos que este sentimento é inerente ao ser humano, por natureza, e não depende de níveis culturais ou desenvolvimento. As nações do mundo vivem ao nosso lado; nós existimos entre elas, e ainda assim, de repente, uma animosidade selvagem, medieval e deprimente desperta nelas.

De onde vêm esses problemas? Por que nós acabamos ficando no centro de todos os impasses? Por que provocamos ódio nelas? Milhões de pessoas em todo o mundo participam de manifestações contra os judeus. Estudantes e professores universitários assinam petições contra o Estado de Israel.

Mesmo os judeus que não estão dispostos a se associar com Israel ainda caem numa categoria de pessoas odiadas e perseguidas só por causa de sua etnia judaica.

A única coisa é que o antissemitismo é uma parte da natureza. Todos os grandes pensadores assinalaram este fenómeno. Einstein escreveu que o antissemitismo é uma sombra de nossa nação da qual não podemos nos esconder.

Na verdade, a animosidade aos judeus emerge inclusive nos países onde os judeus nunca se estabeleceram. Realmente, nunca tivemos qualquer ligação com essas nações, mas, de alguma forma, nós ainda somos objetos de seu ódio. Independentemente do fato de que nós ajudamos muitas nações do mundo e expressamos nosso desejo de manter boas relações com elas, elas ainda nos consideram como párias: as mais estranhos e incompreensíveis criaturas que não pertencem a este mundo.

De onde vem essa sensação? O que é isso: uma maldição ou uma bênção? Qual é a raiz do problema?

A fim de entender esse fenômeno, vamos voltar à história, ao momento em que o nosso povo nasceu. Cerca de 4000 anos atrás, na antiga civilização da Babilônia, os seus habitantes viviam em paz e amizade. De repente, surgiu um descontentamento crescente entre eles, uma escalada de acusações mútuas, e um aumento na sensação de distanciamento entre o seu povo.

Bons amigos que falavam a mesma língua e que se entendiam muito bem se transformaram numa entidade hostil baseada no ciúme, ódio e rivalidade. As mudanças impressionantes que eles passaram desencadearam uma questão neles: “O que está acontecendo conosco?”.

Naquela época, um antigo sacerdote babilônico, Abraão, um dos muitos que exploraram este fenômeno, encontrou uma solução para ele. Ao estudar a natureza como um filósofo, astrônomo e grande cientista de seu tempo, ele chegou à conclusão de que este estado decorre da própria natureza da sociedade humana que propositadamente se desenvolve dessa forma, de modo que submerge em seu próprio egoísmo e, por fim, tem que subir acima do ego.

De acordo com Abraão, um período de paz que os babilônios apreciaram uma vez foi dado a eles como um exemplo. Mais tarde, surgiu a era da manifestação do ego, uma qualidade negativa que colocava em risco o seu bom estado.

Não foi por acaso. Pelo contrário, isso aconteceu porque as pessoas tinham que crescer conscientemente, subindo, assim, acima do egoísmo que as estraçalhou, separou-as umas das outras, e ameaçou destruir completamente toda a civilização. Abraão explicou que os moradores de Babilônia tinham que recuperar a cooperação positiva entre eles, apesar do egoísmo que os enfurecia naquele momento.

Visto que ele era um grande cientista, um líder espiritual da nação, ele criou sua teoria clara para apreciação pública. Ele também começou a disseminar essa ideia em todos os lugares que podia. Assim, dentro de um curto período de tempo, a antiga sociedade babilônica aprendeu sobre seu ponto de vista.

Uma parte das pessoas que entendeu a sua abordagem e aceitou a sua solução para o problema respondeu ao seu apelo e o apoiou. No entanto, a grande maioria das pessoas não estava disposta a aceitar suas ideias. De acordo com seu estágio de desenvolvimento interno, elas estavam confiantes de que deviam calmamente continuar a sua existência, o que parecia muito bom para elas.

“Por que é ruim?”, perguntavam. “Sim, nós competimos entre nós… E daí? Por isso, queremos desenvolver as ciências e promover a cultura. A competição nos dá estímulo adicional para um rápido desenvolvimento”. Era verdade, já que o egoísmo aumentou nos seres humanos para empurrá-los à próxima fase de desenvolvimento.

Este estado das coisas abriu dois caminhos que os babilônios podiam escolher. O primeiro caminho era o do desenvolvimento da moralidade na sociedade onde a interconexão benevolente entre todos os seus membros prevalecia sobre os avanços científicos e tecnológicos. Este método foi baseado não em destruir o egoísmo, mas em subir acima dele e construir uma conexão ainda mais forte entre todos.

O segundo caminho era o do avanço egoísta interno. Ele se baseava na concorrência e supressão de outros. No entanto, ele estimulava o progresso tecnológico.

Isso explica por que apenas uma pequena parte dos babilônios se juntou ao grupo de Abraão. Ele os levou para a terra de Israel. A partir deste momento, seus seguidores foram chamados de “Israel”, que significa “diretamente ao Criador”, ou seja, à força superior da natureza que governa e nos motiva a se unir. É assim que a nação judaica nasceu.

A humanidade dividiu-se em duas partes ideologicamente opostas: os judeus que perseguiram o objetivo da unidade, de acordo com a regra do “ama o teu próximo como a ti mesmo”, e as nações do mundo, que eram contrárias a essa regra devido ao seu antagonismo intenso e inclinação ao desenvolvimento técnico e material.

Ambas as partes se contradizem totalmente em sua filosofia em relação à vida. Esta é a principal diferença entre o povo judeu e o resto da humanidade. Esta é a origem de uma animosidade constante e de séculos aos judeus.

De KabTV “Contos” 24/10/14