Chanucá: O Milagre Da Unidade

Dr. Michael LaitmanEm 170 a.C., os gregos, liderados por Antíoco IV, capturaram o Templo. Houve uma divisão entre os adeptos da filosofia e da religião grega e os que permaneceram fiéis ao conceito de um único Criador.

Alguns sacerdotes, incluindo o sumo sacerdote (Cohen Rishon), apoiaram os gregos. O Templo de Jerusalém foi profanado e transformado num santuário de Zeus. Uma severa perseguição e helenização forçada da população levou à revolta dos Macabeus, liderada por Matityahu Hashmonay que emitiu a chamada: “Aquele que for por Deus, siga-me!”.

A revolta terminou com a vitória dos Macabeus. Tendo entrado no templo, eles descobriram que o óleo puro para acender as velas da Menorá iria durar apenas um dia. Mas um milagre aconteceu. As velas queimaram por oito dias, e assim é chamado o milagre de Chanucá.

Pergunta: O que Chanucá representa do ponto de vista espiritual?

Resposta: A história que leva a este feriado começa com Abraão como o fundador do povo judeu. Muito antes dos Macabeus, Foi ele quem primeiro publicou a chamada: “Quem estiver se movendo em direção ao Criador – siga-me”. Sob este lema, ele reuniu um grande grupo de babilônios, a quem  ensinou a sua abordagem do universo, o propósito da vida e da criação, o destino humano superior, etc.

Mas o mais importante, sob o lema de “unidade em nome da unidade”, Abraão começou a unir aqueles que se alinharam a ele, porque é na busca da unidade que revelamos a força superior da natureza, o Criador, que nos une. Ela nos transforma em um todo e nós nos tornarmos invencíveis ao egoísmo externo ou interno. O que Abraão começou, os Macabeus, unidos uns com os outros, continuaram.

Em princípio, é a mesma ação de rebelião contra o egoísmo, apenas em diferentes níveis, e é por isso que ela ocorreu em diferentes pontos da história.

Tendo unido o povo, os Macabeus chegaram ao mesmo estado que Abraão e venceram. Conforme a unidade com grupos maiores de pessoas que se juntaram a eles, eles revelaram uma força espiritual maior, que era a força da unidade, a força superior de doação e amor. Portanto, eles eram invencíveis ao egoísmo, personificado pelos gregos neste caso, na Babilônia pelos babilônios, no Egito pelo Faraó e, mais tarde, pelos romanos.

Em geral, essa é a única luta, uma guerra por todas as gerações. E mesmo quando não temos um inimigo aparente, o nosso inimigo interior sempre se rebela dentro de nós, uma e outra vez, forçando-a para adorar vários ídolos em nossa vida. Nós temos que lutar contra isso.

É fácil traçar um paralelo entre essas duas guerras e hoje, visto que os ídolos modernos estão totalmente expostos como nulidades completas, levando-nos a um fim e não temos mais nada a ver com eles. Por um lado, ainda somos atraídos a eles, e, por outro lado, entendemos que isso é temporário, prejudicial e não traz bons resultados.

Portanto, o nosso comportamento é uma reminiscência de um homem que fica bêbado, não sabe ou não ouve nada, esquece de si mesmo, e está desconectado do que está acontecendo. Nós nos tornamos imersos em negócios ou outras coisas apenas para nos mantermos ocupados, imitando, assim, um herói do filme, um personagem literário, ou apenas conhecidos que supostamente têm êxito na vida. Este é o ídolo que é tão atraente para nós.

Pergunta: Você acha que esses desejos se exauriram?

Resposta: Não, mas eu sei que tudo isso é temporário e limitado. A própria vida nos mostra isso. O mundo é como um teatro e nós sempre desempenhamos um papel nele.

Há pessoas que não buscam nada. A principal coisa para elas é viver tranquilamente e em paz, para que ninguém as incomode. Mas, existem poucas assim. A maioria é atraída à competição, a luta por um lugar ao sol, e nós começamos a fingir que somos pessoas de negócios, correndo com uma pasta e mudando de um plano para outro, e, desta forma, corremos para o túmulo.

Pergunta: Pode o milagre de Chanucá ter lugar nos dias de hoje?

Resposta: Na vida há sempre lugar para um milagre. Cada vez que nos conectamos uns com os outros, a força, que é maior do que todas as outras forças, obstáculos, condições, manifesta-se, e assim há um milagre diante de nós. Nós podemos evocá-lo, mesmo hoje.

Um milagre é um fenômeno sobrenatural, mas nós mesmos somos capazes de causá-lo quando queremos. Hoje, se quisermos subir acima do egoísmo em nossa unidade, uma força superior completamente nova se manifestará dentro de nós, e com a sua ajuda, nós seremos capazes de acalmar o mundo inteiro, organizar tudo, e todo mundo vai ficar bem e calmo.

Pergunta: Que tipo de milagre aconteceu quando as velas dos Macabeus foram acesas?

Resposta: Através de sua unidade, os Macabeus atraíram a Luz que lhes deu a oportunidade de ficar no estado de doação, amor e conexão, até que começaram a atrair as novas massas de pessoas para si.

Os desejos das pessoas que se conectam num todo simbolizam o óleo, e sua reunião, apesar do seu egoísmo, simboliza o pavio. Elas queimam em seu desejo de se aproximar, e quando se unem de alguma forma, uma Luz aparece dentro delas que apoia o fogo dos seus desejos.

Se elas começarem a se envolver numa maior disseminação e a se voltar às maiores massas de pessoas, a lâmpada queimará continuamente.

A manifestação da Luz, a força superior, o Criador na unidade do povo, é o milagre. Além disso, não há outros milagres, porque a essência de todos os milagres é que a nossa unidade provoque a manifestação da força interna, chamada de propriedade de amor, o Criador. Ela faz maravilhas. A travessia do Mar Vermelho, o milagre de Chanucá e o milagre de Purim são sempre a revelação do Criador em nossa unidade. Portanto, há apenas uma técnica e ela não contém nada complicado. Ela veio até nós a partir de Abraão, que primeiro mostrou como isso é realizado.

O fato é que nós podemos nos unir de qualquer maneira, mas a essência do milagre é que nos unimos para que uma nova propriedade superior apareça dentro de nós, que não se manifesta em outras ações, que nos eleva para o próximo nível de consciência, sensação, visão e existência.

Pergunta: Como o povo poderia acreditar que uma vela queimaria por oito dias, quando sabiam que seria suficiente apenas para um dia?

Resposta: Se nós aspiramos à unidade, não estamos interessados ​​em nada, exceto em chegar a este estado, dentro do qual o Criador é revelado. Então chegamos às condições de infinito e vamos para o próximo nível de existência, onde não há nem tempo nem espaço. Os oito dias representam apenas uma alegoria, uma vez que existem oito Sefirot do nível de Bina ao nível de Malchut.

Pergunta: Como uma pessoa pode não pensar no que vai acontecer amanhã?

Resposta: Se você trabalha para doar, o amanhã não existe para você! Não há momento seguinte! O mais importante é dar.

O amanhã vai desaparecer do seu campo de visão, da mente e dos cálculos! Ela não existe! Você está incluído na ação de doação e aparentemente se estende a todos os outros. Nada permanecerá em você. O seu “eu” simplesmente desaparece.

Na etapa seguinte, surge um novo estado egoísta. A mesma coisa se repete, como a roda que se move para frente, mas ao mesmo tempo gira em torno de si.

Pergunta: Em que circunstâncias isso é possível?

Resposta: Isso vem gradualmente, depois de muitos anos e só de Cima. Mas virá. Eu posso prometer a todos os meus alunos que isso vai se tornar realidade, e eles vão chegar a este estado.

Eu acho que, em conjunto com eles, eu ainda vou ser capaz de passar por seus primeiros passos nesta ascensão. Este é o desejo de todo professor espiritual que não pode abandonar seu filho no meio do caminho. O professor quer guiar seus alunos pelo deserto para que eles cheguem à doação plena, e não tenham qualquer possibilidade de voltar atrás, uma vez que a propriedade de doação reina em todos os seus desejos.

Assim, eles desenvolverão seu caminho espiritual por conta própria, com o próximo líder, como Moisés e Josué. Mas é desejável que nós atravessemos o deserto juntos.

Pergunta: Como você vê os milagres do ponto de vista material? Digamos que, por muitos anos, os arqueólogos buscam a confirmação do êxodo dos judeus do Egito, mas não encontram nenhum vestígio. De fato, alguma coisa deveria ter sido deixada. Além disso, nenhuma evidência foi encontrada dos 40 anos de peregrinação do povo de Israel no deserto.

Resposta: Arqueólogos descobrem confirmação destes ou de outros acontecimentos históricos, quando chega a hora. Por isso, em seu tempo, eles vão subitamente encontrar artefatos de história no mesmo local onde anteriormente não encontraram nada. Estas descobertas ainda estão por vir.

De KabTV “Segredos do Livro Eterno” 17/12/14