Amor Terreno É Inútil Desde O Início

Laitman_070Pergunta: (Cântico dos Cânticos 1: 1) No Cântico dos Cânticos, o rei Salomão é talvez o símbolo mais marcante do amor. Basta olhar para a lista de obras de arte que foram baseadas em citações do “Cântico dos Cânticos” para entender o grau de influência deste livro sobre as emoções e a imaginação das pessoas desde o momento em que foi escrito até hoje. Imediatamente surge a pergunta: para quem foi escrita esta canção maravilhosa?

Resposta: Ela foi escrita para uma pessoa que já sente que toda a vida e toda a natureza é amor, e a regra geral, “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, é a força geral que rege o mundo. Aqui está se falando sobre um homem que em seu desenvolvimento já atingiu uma compreensão e consciência de que a bondade o rodeia e que toda a realidade é organizada e construída de acordo com a meta final desde o início, para alcançar a totalidade.

Totalidade não é agir sob a influência de hormônios e chamar isso de “amor”, como da minha experiência em sentir prazer com algo e dizer que o amo. Por exemplo, eu amo (adoro) peixe. Mas não podemos amar um peixe que não seja para comê-lo. Se uma pessoa entende que ama com sua essência, ou seja, com a inclinação ao mal, então isso é natural, amor terreno.

Através desse amor ela destrói o mundo, porque se aproxima o que é bom para ela e rejeita o que é ruim para ela. Desta forma, ela não sobe acima de seu desejo egoísta. Segue-se que o nosso amor é inútil desde o início.

A pessoa deve subir para um amor completamente diferente: para a conexão. Ela deve se conectar com todos, com a substância dos níveis inanimado, vegetal, animal e seres humanos acima de suas atitudes naturais. Se eu me volto ao mundo dessa forma, que é inteiramente amor, isso significa que eu participo dos desejos e sofrimentos gerais. Eu sinto o que é imprescindível e necessário a todos, e quero preencher e completar isso: “E amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

Isto é o que é chamado de “amor”, e não o desejo de desfrutar do mundo em volta e, consequentemente, determinar o que me agrada e o que não me agrada. Eu me separo desse amor natural, subo acima dele, e começo a amar a todos, porque de acordo com a lei geral da natureza, eu devo estar conectado com todos. Isto é alcançado com a ajuda de uma educação única, no decurso da qual eu começo a entender e a me conscientizar de que tudo está conectado e é interdependente, que há um destino para todos, e nós o guiamos.

Se eu alcanço uma relação assim com a natureza, eu vejo que, na verdade, a força do amor está agindo em tudo. E o “Cântico dos Cânticos” começa com isso: “Beije-me com os beijos da sua boca” (Cântico dos Cânticos 1: 2), o que significa que eu já estou conectado com toda a natureza e começo a estudar como continuar a desenvolver minha conexão de amor.

Em outras palavras, a “canção” desde o início me eleva a um nível muito alto. Eu entendo que devo preencher e completar a criação onde os seres humanos existem em oposição: “a imaginação do coração do homem é má desde a sua mocidade” (Gênesis 8:21). Isto significa que em vez de explorar o mundo que existe fora de mim, eu preciso me conectar a ele e complementá-lo de tal forma que vai ser bom para ele.

Isso significa que o amor é expresso em eu querer que as coisas sejam boas para todos. É assim que nos relacionamos com os filhos. Nós pensamos constantemente sobre o que podemos acrescentar mais à nossa preocupação com eles, preenchendo e criando um bom estado de ânimo. Esta é a expressão do amor. Eu não desfruto do objeto, como geralmente acontece em nossa vida; em vez disso, eu desfruto sendo bom para ele. A partir do momento que eu estou voltado para isso, a história começa.

De KabTV “Uma Nova Vida” 28/05/14