A Inclinação Ao Mal, Para O Bem Dos Outros

laitman_207Pergunta: O “Cântico dos Cânticos” foi escrito pelo Rei Salomão, o mais sábio dos homens, a partir de seu conhecimento e consciência de toda a natureza. Por que ele escolheu a forma de um romance entre um homem e uma mulher para a sua história?

Resposta: Nós simplesmente não temos outras palavras. Só com uma linguagem assim é que nós podemos descrever nossa boa atitude em relação a alguém. Que outras palavras eu posso encontrar, se quero satisfazer alguém, me conectar com ele, abraçar, beijar? Eu anseio por estar mais perto dele, constantemente adicionando e provendo bem. Isto é o que se chama amor. O amor é uma expressão geral de cuidado por uma pessoa.

Pergunta: O amor aqui descrito é o amor entre uma pessoa e quem?

Resposta: É por todos. É por toda a realidade que eu sinto fora de mim. Anteriormente, eu olhava para a realidade com o desejo de engolir tudo, ao passo que agora é como se eu colocasse óculos. Eu adquiro uma nova atitude e olho para o ambiente com um desejo de satisfazer e completar tudo. Eu quero que todos sintam bondade, prazer e diversão adicional na vida a partir de mim. Isso é o que é chamado de amor.

Portanto, em cada momento da vida, infinitas possibilidades e oportunidades se abrem diante de nós. Se eu desfruto do prazer que os outros têm quando eu lhes dou prazer, então minha vida é preenchida. Uma pessoa deve pensar em: Qual é o sentido da vida? O que eu desfruto? A quem eu dou prazer? Estas perguntas a levam ao nível de Adão – Homem (da palavra “Domeh“- similar), pois ela quer se assemelhar à totalidade da natureza, que é chamada de Criador.

Pergunta: O Rei Salomão descreve a conexão com estas palavras: A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e sua mão direita me abrace. (Cântico dos Cânticos 8: 3). O que significa isso?

Resposta: A conexão é feita através de duas forças que existem dentro de nós: uma força negativa e uma força positiva. A força negativa, a força da esquerda, são meus desejos não realizados e as necessidades estranhas, o desejo de explorar os outros. Em contraste com isso, eu devo completar e satisfazer os outros através da força positiva de doação, que é a força da direita. Segue-se que eu me agarro no outro através dos meus sentimentos negativos e o satisfaço e completo através dos sentimentos positivos. Abraçar e satisfazer só é possível com ambas as “mãos”.

Se não houvesse nenhuma inclinação ao mal, eu não seria capaz de sentir o outro. Por natureza, os seres inanimados, vegetais e animais não sentem os outros. Eles só sentem a si mesmos: eu devo devorar alguém para estar satisfeito, mas se isso é bom ou ruim para a vítima, eu não sei.

Nossa inclinação ao mal é construída de tal forma que nós sentimos quando fazemos algo ruim para outras pessoas. Eu quero diminuir os outros, dominá-los, ser mais inteligente, mais confiante e mais rico. Pelo menos alguma coisa, mas eu quero ser mais: eu sinto prazer e satisfação se os outros são menos do que eu.

A capacidade de sentir o outro como próximo de si mesmo pode desenvolver outras características em mim que levam ao uso correto da minha natureza. É especificamente essa a intenção das palavras “A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça”: eu me agarro ao outro por querer entender o que lhe falta, mas já com uma boa relação para com ele. Eu uso minha inclinação ao mal para aprender e explorar os desejos dos outros, e depois disso, “e sua mão direita me abrace” (abraçando-o com a mão direita).

Pergunta: Mas se eu quero descobrir e saber o que lhe falta, a fim de satisfazer e completá-lo, porque isso é mal? Isso é bom!

Resposta: Para começar, a inclinação ao mal desperta e me empurra para verificar o que o outro tem e para tirar isso dele, para sentir prazer por ele ter perdido isso. Não importa se eu tenho isso; o importante é que ele não tem. A correção começa com sentir algo que o outro carece: eu não desfruto por ele não ter algo, mas sim que eu o completei.

De KabTV “Uma Nova Vida” 28/05/13