Alcançar O Céu

Dr. Michael LaitmanNa época que o povo de Israel deixou a Babilônia, havia duas tendências. Desde então, essas duas tendências, esses dois mundos, têm existido um dentro do outro. Os judeus foram misturados com humanidade, e ao mesmo tempo, não se dissolveram nela. Eles se espalharam, mas não conseguiram desaparecer; pois em sua fonte, eles são uma sociedade completamente diferente, que está conectada e ligada entre si de outra forma.

Essas duas tendências não podem se misturar. O povo judeu e os outros povos têm tais fontes naturais e espirituais diferentes que uma separação muito clara e tangível existiu e ainda existe entre eles. Isso é impossível de descrever e compreender.

Houve um tempo em que a Babilônia, o berço da humanidade, era como uma família. Depois, ocorreu uma grande erupção do ego e o Rei Nimrod chegou ao poder. A Babilônia, de maneira fundamental, se tornou a capital de todo o avanço daqueles tempos: do misticismo, do oculto, etc.

A Babilônia estava realmente no centro da humanidade. E neste centro, um pequeno ponto foi criado. Era o sacerdote babilônico chamado Abraão, seu pai Tera e seu avô Naor. Eles eram grandes mestres da sabedoria, homens cultos, astrólogos e cientistas. Eles formavam uma família muito educada para aqueles tempos.

De repente, na Babilônia, problemas e diferenças de opinião emergiram. A erupção do ego separou as pessoas e causou brigas, conflitos, lutas entre irmãos, e outros problemas que não existiam no passado. Uma necessidade foi descoberta por tribunais, advogados, guardas, policiais, etc. De fato, os princípios capitalistas de repente começaram a se materializar.

A família de Abraão participou ativamente disso, porque estava essencialmente envolvida no trabalho ideológico com a população.

Assim, os babilônios atingiram uma situação em que decidiram construir a Torre de Babel, o que significa que alegoricamente ela chegou aos céus. Sua arrogância cresceu em dimensões tais que o seu poder, eu diria, a sua audácia e ousadia, explodiu tanto que eles queriam alcançar as estrelas.

Abraão começou a investigar o assunto, porque este assunto tocou-lhe diretamente. Eu acho que ele começou sua investigação por razões totalmente egoístas. Afinal, se as pessoas queriam alcançar as estrelas, isso ameaçava sua profissão, riqueza, poder e autoridade.

Pergunta: Então, no início Abraão decidiu ir num caminho científico simples?

Resposta: Ele tinha que resolver este problema. As pessoas primeiro se voltavam a ele para aconselhamento sobre problemas simples diários: será que elas deveriam irrigar os campos ou não, deveriam ir à pesca ou esperar, quem deveria se casar? Elas perguntavam coisas assim. Mas as pessoas se tornaram tão egoístas, tão imersas no narcisismo, e tão seguras de si, que era como se parassem de sentir uma necessidade por ele.

Abraão sentiu que elas o evitavam, e esta situação ameaçava seu futuro.

Compreensivelmente, eu estou exagerando um pouco, mas, em princípio, deve-se notar que no início ele era um egoísta comum. Ele fazia estátuas de ídolos e as vendia lucrativamente para a comunidade, que as adoravam. No final, todos lucravam com isso, já que a comunidade recebia um sentimento de segurança e Abraão recebia seu lucro.

De repente, as pessoas deixaram de estar satisfeitas com estátuas. Elas sentiram que estavam acima delas. Isso estava ameaçando o próprio Abraão, o seu futuro, a sua profissão e seu status. Então ele começou a investigar o que aconteceu.

É necessário dizer que, em seu coração, ele era um verdadeiro investigador. Em outras palavras, a verdade era mais importante para ele do que seu ganho pessoal.

Quando ele explorou a natureza do fenômeno que havia encontrado no ambiente da Babilônia, Abraão viu uma tendência muito interessante no desenvolvimento do ego. Durante este processo, as pessoas começaram a negligenciar seus ídolos, pois seu ego se tornou como um deus para elas. E nesse sentido, a satisfação, o desejo e a glorificação do ego substituiu todos os outros cultos.

Na era moderna, nós vemos os mesmos processos em todo o mundo. Por que as pessoas se afastam da religião? Porque o ego cresceu nelas. “O que eu tenho que ver com a divindade que está sentada quem sabe onde, se tenho a minha própria divindade: meu ego, meu eu, que é mais importante para mim do que qualquer outra coisa?”

Até agora, judeus e cristãos têm se afastado de sua religião em massa, e no mundo muçulmano, a luta contra o fundamentalismo está acontecendo, uma vez que também estão passando por um processo que os afasta da religião. Quanto aos indianos, eles também têm a mesma luta, mas em silêncio e de forma encoberta. Sua forma é um pouco diferente, mas também está levando ao mesmo objetivo.

Não há nada a fazer sobre isso, uma vez que esta é a forma universal de desenvolvimento. No entanto, uma vez que cada nação tem uma finalidade diferente, isso se expressa de diferentes maneiras.

De qualquer forma, o ego se tornou uma nova religião. Isso é apenas como era no antigo Egito, quando o Faraó disse: “Quem é o Criador para que eu ouça a sua voz? Eu mesmo sou supremo”.

Isso é também o que aconteceu na antiga Babilônia. Quando Abraão investigou este fenômeno, ele descobriu sua essência: o ego cresceu para tais dimensões que se tornou a imagem ativa central, o poder supremo. Mais elevado na hierarquia da adoração pessoal: para mim não há nada maior do que o meu ego.

E assim Abraão pensou: Como, em geral, é possível enfrentar esse ego?” Suponha que ele realmente é a coroa da criação, o poder supremo da natureza. Na verdade, pelo que eu vejo, a impressão é criada de que o ego humano domina tudo. Ele destrói e constrói; tudo de bom e tudo de ruim é feito apenas por ele, com a sua ajuda, e por sua causa. Mas se o seguirmos cegamente, vamos destruir tudo e aniquilar uns aos outros e toda a civilização”.

Isto é o que Abraão viu. E ele foi ajudado pelo rei Nimrod que ofereceu a sua própria solução: separar-se e distanciar-se um do outro, para acalmar as coisas, e espalhar-se por todo o espaço compartilhado.

Nimrod foi muito inteligente. Ele entendeu que não podia fazer nada contra o que estava acontecendo por si mesmo. Assim, ele trabalhou em prol do processo de separação.

Mas Abraão olhou para a frente: “Ok, vamos nos dispersar. E o que vai acontecer em seguida? Afinal de contas, esta é apenas metade do trabalho. Nós realmente devemos acalmar os babilônios que anteriormente viviam como uma família e se tornaram odiosos entre si. Mas isso só atrasa a descoberta da solução e, a partir deste aspecto não nos aproxima.

“A verdadeira direção egoísta exige que, pelo contrário, nós cooperemos e nos consolidemos. É verdade que o ego separa e nos incita um contra o outro, onde há um conflito de interesses. Mas, por outro lado, nos conecta para que possamos desfrutar um ao outro”.

Portanto, o desenvolvimento egoísta é ambos, e dentro dele existem aspectos opostos. Então, todo mundo sentia isso, mas não sabia como usá-lo.

“Eu sei que eu não posso viver sem o meu vizinho. Sim, eu preciso ficar longe um pouco, estar distante dele onde nós perturbamos um ao outro. Eu suponho que há um rio que corre entre nós agora, ou uma escada se encontra entre nós. Mas, por outro lado, o vizinho produz alguma coisa e eu produzo algo, para que possamos ajudar uns aos outros e, apesar de tudo isso, nós precisamos estar conectados para o bem da nossa satisfação egoísta”.

Aqui o problema de como podemos cooperar corretamente uns com os outros é imediatamente revelado. O exemplo mais claro é os europeus com o seu mercado comum. Quando eles estavam separados, existiam de forma razoável. Certamente, eles estavam lutando o tempo todo, mas existiam. Eles queriam se conectar e não sabiam como fazer isso. Em outras palavras, era ruim de um lado e ruim por outro, e eles não sabiam como trabalhar com o ego.

Mas, na realidade, é impossível trabalhar com ele. Esse problema ficou claro desde o início. Tanto Abraão como Nimrod estavam diante do problema de como transformar o ego numa força vital. Como eu uso o meu ódio para com os outros, a minha dependência dos outros, o meu desejo de dominar os outros numa forma positiva? Nesse sentido, a mesma atitude existe dos outros em relação a mim, que é o desejo de dominar, odiar, conquistar, e assim por diante. Como alguém traz tudo isso para um denominador comum?

Afinal de contas, se não resolvermos o problema, estaremos constantemente imersos em disputas, aniquilação, guerras, etc. Isto é o que temos visto até hoje. As pessoas já estão cansadas ​​de tudo isso.

Olhe para o mundo moderno. Desde o início, sempre houve tumultos em todos os lugares. Logo não haverá qualquer lugar que seja calmo. América Latina, China e Japão se levantarão de novo; em todos os lugares há os primeiros sinais de guerras futuras.

Como podemos embalar nosso ego corretamente? Se esta é uma força natural, como podemos usá-la corretamente?

O uso correto do ego foi uma descoberta de Abraão. Não unilateral, de acordo com o princípio da separação, nem de acordo com o princípio militar de que vai derrotar quem, o que leva à autodestruição, mas um cálculo claro: nós precisamos do ego de modo que do ódio que o tipifica, nós iremos criar as características de amor e conexão mútua.

Em conclusão, Abraão resolveu o problema de como transformar o ego. Sem entrar em detalhes filosóficos, históricos, técnicos e psicológicos, que são inerentes às características da natureza e suas leis, em geral, este é o legado de Abraão.

Como resultado de muitos anos de investigação, Abraão conseguiu entender esse fenômeno natural, e depois de penetrar cada vez mais profundamente no ego, lá ele encontrou o poder superior da natureza.

Ele entendeu por que era necessário que a humanidade passasse especificamente por esse desenvolvimento, de modo que a pessoa vai realmente subir para o nível do Criador. Depois, segue-se que a aspiração da civilização para construir a Torre de Babel até o céu estava certa, mas é necessário construí-la especificamente de acordo com uma tecnologia supraegoísta. O ego humano, o material de construção da Torre de Babel, crescerá continuamente, mas cada um deve estar acima dele. O pequeno homem está acima da pilha, acima da montanha que está em constante crescimento.

Abraão pesquisou todos os componentes que apareceram, contra a sua vontade, naquela pequena humanidade de Babilônia. Ele os utilizou de acordo com a sua designação, e descobriu que na verdade existe apenas uma solução. E ele percebeu esta solução.

Ele percebeu-a reunindo um grupo de seus partidários, seus alunos, que realmente se levantaram aos céus, o que significa que construíram uma torre de Babel espiritual acima do seu ego. Como resultado, eles chegaram ao ponto mais alto da natureza, a característica de doação e amor. Eles cresceram a este nível.

Em outras palavras, Malchut, a base egoísta da humanidade, atingiu o nível de total doação e amor, o nível de Bina.

Para chegar a isso, o grupo de Abraão teve que deixar a Babilônia e trabalhar por muitos anos. Abraão viveu por volta do ano 1700 a.C., e construiu a Torre de Babel correta, ou seja, o Primeiro Templo atribuído ao ano 900 a.C.

Em geral, o conceito da Torre de Babel passou por toda a história humana e a humanidade aspira a isso inconscientemente. Abraão, no final, a construiu, e claramente numa forma totalmente diferente do que os próprios babilônios imaginavam.

De KabTV “Babilônia Ontem e Hoje” 24/09/14