A Praga Do Século

Dr. Michael LaitmanPergunta: Cada pessoa está numa busca pela felicidade ao longo de sua vida. Nós buscamos o que pode nos trazer alegria, amor ou paz. Como resultado, há uma necessidade de voltar-se para o famoso livro de Eclesiastes do Rei Salomão, que foi escrito há milhares de anos.

Eu gostaria de entender por que essa história envolve o Rei Salomão e um momento de prosperidade absoluta? Qual é a mensagem transmitida neste livro?

Resposta: O que é Hevel Havalim (tolice)? É a doação e a boa atitude que decorre de uma pessoa. A palavra “hevel” (“tolice” em hebraico) deriva da palavra “vapor”, que é o sopro que sai da boca de uma pessoa, a sua atitude para com os outros, a Luz de Retorno, pelo qual ela devolve a boa atitude ao mundo.

Esta é a única coisa de que depende o sucesso e bem-estar de uma pessoa neste mundo. O Rei Salomão nos ensina como podemos alcançar a felicidade por este vapor, que nós criamos pela nossa atitude para com os outros.

Pergunta: Eu reflito no ambiente e o ambiente reflete em mim, em resposta?

Resposta: Sim. Tudo depende da minha atitude. O mundo é externo a mim e eu não o conheço. Mas se a minha atitude em relação ao mundo é que eu constantemente tomo dele para mim, isso parece escuro. Estou constantemente busco o que mais posso tomar para mim, e, consequentemente, permaneço vazio. Por outro lado, se eu atuo através do que decorre de mim, eu alcanço a felicidade.

Comentário: Mas nós costumamos entender o termo Hevel Havalim (tolice) como algo que não tem mais jeito, perdido.

Resposta: É porque nós entendemos isso no nosso ego.

Pergunta: Por que Salomão chegou à conclusão de que as aquisições materiais nunca vão fazer a pessoa feliz?

Resposta: Porque desta forma nós só expandimos nossos vasos de recepção, o desejo de ser preenchido. Quando eu quero comprar alguma coisa, para me preencher, eu duplico o meu desejo. Por isso é dito que “uma pessoa morre com apenas metade de seu desejo na mão”.

O que significa que uma pessoa morre? Que ela mata o seu desejo de receber. Eu queria algo e o obtive. Ao mesmo tempo que eu recebo preenchimento, satisfação, o meu desejo morre. Suponha que eu quero comprar uma casa e faço isso. Eu a aprecio por algumas de semanas, mas aos poucos o prazer diminui até que desaparece.

Pergunta: Eu tenho a sensação de que você está falando de pessoas que têm tudo e sentem um vazio, enquanto que uma pessoa que não é rica ainda deseja algo. Como a ideia de que um homem rico compra uma mansão por vários milhões de dólares e não sente nenhum prazer nela depois de um ano pode me ajudar?

Resposta: A humanidade avança no caminho da sua evolução egoísta, tornando-se cada vez mais qualitativa. A questão não é que ontem eu queria um apartamento de dois quartos, hoje eu preciso de um apartamento de quatro quartos, e amanhã uma casa num bairro exclusivo. Não. O nosso desejo se desenvolve de forma qualitativa. O desejo que se desenvolve em mim hoje deixa de sentir a propriedade como o objetivo da vida. A humanidade vê que não vale a pena fazer um esforço por isso.

Hoje a decepção da vida é muito maior do que buscar luxos e prestígio. Eu me tornei mais indiferente e preguiçoso. Eu quero ser feliz, mas virtualmente. Eu quero sentir a felicidade diretamente, e não através de tijolos chamados de mansão, ou um reservatório de água chamado de piscina. Eu quero obter um sentimento interno! Este é todo o problema, a praga do século!

Eu não tenho nada a dizer a uma pessoa que ainda espera que as aquisições materiais lhe tragam felicidade. Ela vê sua vida como um processo de trabalho e em mais dez anos comprar uma casa, dois carros, ter uma família, e criar seus filhos. Ela considera essa uma boa vida organizada. Nesse caso, ela terá que esperar mais dez anos para ver que é tudo Hevel Havalim.

De KabTV “Uma Nova Vida” 23/05/13