Perdão, O Primeiro Passo Para A Correção

Laitman_036É costume ler o Selichot (perdão, expiação) no Sidur antes de Rosh Hashaná e pedir perdão por todos os erros e pecados que cometemos no ano anterior. A pessoa geralmente pede perdão se ela fez algo de errado com alguém, não para corrigir o mal. Mas o Selichot é a revelação do reconhecimento do mal que foi causado intencionalmente ou não por nós.

Nós todos sabemos que, mesmo no tribunal, pedir perdão ou um pedido de desculpas de um lado para o outro é levado em conta. Às vezes, o tribunal decide que o agressor deve pedir desculpas ao agredido, e se este perdoa o agressor a pena é atenuada.

Isto significa que pedir perdão já é uma correção, uma vez que a pessoa admite que tem causado danos. Embora ela não tenha corrigido isso ainda, já se compromete a corrigi-lo. Pedir perdão é o primeiro passo da correção, por isso nós temos que valorizá-lo e levá-lo em conta.

Nós dizemos Selichot no final do ano, no final de um ciclo, no final de um nível espiritual. Nós completamos o nível espiritual num bom estado, já que a Torá sempre fala de uma subida, mas, ao mesmo tempo, nós alcançamos destruição. No final do ano há o Nono Dia de Av, juntamente com todos os problemas a ele associados: a destruição do Primeiro e do Segundo Templos e muito mais. Depois, há o momento de Selichot, em que nós descobrimos os resultados da quebra e percebemos o quão quebrados, baixos e repugnantes nós somos, e, em seguida, pedimos perdão.

Curiosamente, o mês em que choramos e pedimos perdão de coração partido por causa do reconhecimento do mal é chamado de “Elul“, que é o acrônimo hebraico para “Eu sou do meu amado e o meu amado é meu”.

Mas se eu percebo que sou mal, é culpa do Criador, porque Ele criou a minha inclinação ao mal. Portanto, por que eu deveria pedir perdão por isso?

Acontece que o resultado desejado do nosso trabalho, do novo nível que adquirimos, é a revelação da inclinação ao mal em nós. Nós descobrimos o mal em nós e o atribuímos a nós mesmos, percebendo que ele está dentro de nós e queremos nos livrar dele. Caso contrário, não é chamado de reconhecimento do mal.

Se uma pessoa se sente mal em seu ego (seu desejo de receber), ela imediatamente quer se livrar dele. Se eu me arrependo de minhas ações, eu me comprometo a me livrar dos atributos em mim, mas, por enquanto, eu não sei como fazer isso. Nesse meio tempo, eu não posso fazer isso, já que não tenho o poder e a compreensão de fazê-lo. Mas eu percebo que ele é mau, ou seja, que eu determino o meu estado.

Trata-se da conexão entre nós, porque toda a correção começa com isso. Isso significa que todo o mal é revelado em contraste com a unidade, que nós não queremos, rejeitamos e tentamos escapar de todas as maneiras que pudermos. Este é todo o mal; esta é a nossa inclinação ao mal.

Naturalmente, a inclinação ao mal nos foi dada de Cima pelo Criador. Nós não choramos pelo fato de que ela faz parte de nós, mas pelo fato de que não queremos nos livrar dela! Choramos porque nos identificamos com o ego e estamos prontos para permanecer nele para sempre! Nós não lamentamos o mal, mas o fato de que concordamos em viver nele.

Nós devemos direcionar todas as nossas queixas ao Criador, “vá ao artesão que me fez”. E qual é o meu pecado? É culpa minha que eu não trabalhei o suficiente com os meios que Ele me deu, a fim de me livrar desse pecado? É sobre isso que eu choro, sobre a minha impotência e minha relutância em ser livre do meu ego.

Nós choramos sobre a nossa incapacidade de sair do nosso ego e pedir ao Criador para nos ajudar, percebendo nossa fraqueza em relação à inclinação ao mal que é revelada.

Da 3ª parte da Lição Diária de Cabalá 07/09/14, O Zohar