Mais Sombra Do Que Luz

Dr. Michael LaitmanPergunta: Você disse que a cabana do feriado, a Sucá, simboliza a alma de uma pessoa. Como entender isso?

Resposta: A pessoa sentada numa Sucá simboliza o desejo. As medidas da Sucá simbolizam as qualidades da alma humana, e seu telhado simboliza o Masach (tela).

Ou seja, eu não quero receber a Luz para meu próprio prazer, então deve haver mais sombra do que Luz numa Sucá. Isto simboliza a minha disponibilidade de estar satisfeito com as mínimas necessidades, com tudo o resto para a doação.

É como o nível de Tzadik (justo), doação em prol da doação. Primeiro de tudo, é necessário chegar a isso para atingir o início de semelhança e equivalência com o Criador. Existem algumas etapas de aproximação do Criador, e este é o estágio inicial.

A alma é o nosso desejo de receber, de desfrutar, que é organizado desta forma pelo ambiente certo, a integração de forças, de preparação, como se estivessem dentro de uma Sucá. Certamente, isso não se refere a uma Sucá material, mas a essa integração dos meus desejos dentro do ambiente que torna possível para eu corrigi-los gradualmente para o bem dos outros.

Em todos os dias do feriado de Sucot, nós recebemos uma Luz nova, com cuja ajuda examinamos os nossos desejos e os corrigimos. A iluminação que chega até nós é chamada de Ushpizin (convidados). Nós recebemos convidados de honra na nossa Sucá nesta ordem: Abraão, Isaac, Jacó, Moisés, Arão, José e David. Eles representam sete Luzes, cada uma delas corrigindo em nós uma parte específica da alma: Hesed (a característica de Abraão), Gevura , Tiferet, Netzach, Hod, Yesod e Malchut .

Assim, durante todo o feriado de Sucot, nós corrigimos a nós mesmos, organizando refeições festivas para os Ushpizin. Costuma-se comer e beber apenas numa Sucá, porque só lá é possível fazer uma correção.

Durante Sucot nós fazemos bênçãos com quatro símbolos: Lulav (palmeira), Etrog (cidra), murta e salgueiro. Sua forma é semelhante às características inatas das quatro partes da alma humana: Hochma, Bina, Zeir Anpin e Malchut, que juntas compõem um HaVaYaH completo.

Portanto, há uma tradição de escolher o Etrog com cuidado para que não haja quaisquer defeitos, pois ele simboliza Malchut, a base da criação, a base da alma. Todos esses símbolos devem estar conectados entre si, e assim é possível abençoar, ou seja, atrair a Luz.

De fora, este processo pode parecer algum tipo de cerimônia idólatra. A pessoa sacode os ramos simbólicos que são reunidos algumas vezes, movendo-os em todas as direções da Luz: direita, esquerda, centro, acima, abaixo, para frente e para trás. No entanto, se lermos a explicação do ARI no livro, Shaar HaMitzvot, então ficará claro que atividades espirituais elevadas são escondidas por trás disso.

Na verdade, a pessoa deve realizá-las dentro de si mesma. As ações externas são apenas uma tradição, enquanto que o mais importante é essa agitação que ela realiza dentro de sua alma, corrigindo-a. A correção da alma é o propósito da vida de uma pessoa.

Durante cada um dos sete dias de Sucot, é necessária a realização de atividades internas como estas numa Sucá que é construída dentro de nós, atraindo Ohr Makif lá. Se organizarmos todas as partes da alma para se assemelhar aos quatro símbolos de Sucot e soubermos como abençoá-los em todas as direções do nosso desejo: direita e esquerda, com doação e com recepção, então, no final do feriado de Sucot, nós chegamos ao feriado de Simchat Torá.

De KabTV”Uma Nova Vida” 02/10/14