A Natureza Não É Um Recurso Para O Ego

Laitman_720Pergunta: Vamos falar sobre viagens à natureza, incluindo ir para o estrangeiro para preservar a natureza e todos os tipos de cantos remotos. A pessoa urbana moderna, pelo menos de alguma forma, tenta se conectar com a natureza e receber prazer com isso. Como você se relaciona com isso?

Resposta: Eu viajo muito ao redor do mundo e sempre tento manter alguns momentos para estar na natureza. Meu professor (o Rabash) e eu gostávamos de sair da cidade todos os dias para conversar enquanto caminhávamos pelos bosques e campos. No caminho para Jerusalém, longe das estradas e das pessoas, fazíamos isso em lugares muito bonitos.

Quando eu vou para a natureza, vejo que há um mundo de complementaridade recíproca de todas as suas partes. Eu vejo que tudo nela está em equilíbrio, exceto os seres humanos. Embora existam espécies de animais que se devorem, mesmo que um exista em detrimento do outro, tudo isso é por necessidade e não por maldade. A forma geral de existência e desenvolvimento é assim.

Quando eu estou na natureza, sinto o poder da natureza. Ela não nos eleva; pelo contrário, nos controla. Nós seres humanos não percebemos isso. A natureza inanimada, vegetal e animal é o “envelope” de nossa existência: por um lado, nós nos afastamos dela, mas, por outro lado, devemos abordá-la por entender que é tudo um sistema geral que deve ser unificado.

Na verdade, o ego, a inclinação ao mal, se desenvolve dentro de nós. É especificamente isso que nos separa do mundo animal. Como resultado, nós nos elevamos acima dele através da força má de subjugação. Nós nos tornamos distantes da natureza e queremos controlá-la para explorá-la a qualquer preço. Pior do que isso, nós valorizamos o dano que causamos à natureza através de nossas atividades; não estamos preocupados com isso, mas só com o nosso futuro pessoal. Isso não é de forma alguma a contabilidade exigida de nós.

Isso ocorre porque o nosso papel é o de manter a harmonia da natureza, que é inerente nela desde o início. Mas nós caímos disso porque o desejo egoísta cresceu em nós, o qual atraiu todos os tipos de conflitos e nos obriga a travar uma luta incessante entre nós.

E esta é também a forma como nos relacionamos com a natureza: “O que pode ser roubado dela, que possível prazer pode ser obtido com ela?” Não importa o que aconteça depois disso. A principal coisa é obter o que necessitamos neste exato segundo. Mesmo que no momento seguinte o dano proveniente seja manifestado, não prestamos atenção a isso.

Portanto, segue-se que o crescimento da inclinação ao mal evoca uma atitude destrutiva nos seres humanos que é prejudicial para nós e todas as outras partes da natureza. Como resultado, os seres humanos devem tomar consciência de seu mal e entender que a nossa abordagem egoísta está prejudicando todo o sistema. A principal conclusão é que a pessoa cresce dentro da inclinação ao mal para corrigi-la, para corrigir sua relação com a natureza inanimada, vegetal e animal; e para complementar todo o sistema, ela deve transformá-lo num sistema integral único, unificado, maravilhoso e harmonioso.

Por outro lado, se juntamente com o desenvolvimento da mente e dos sentimentos, a pessoa usa seus recursos de forma incorreta, em última análise ela certamente vai tropeçar em desastres naturais.

Isto é o que continuará a acontecer conosco, contanto que não vejamos que o nosso ego tem crescido a uma escala tal que já não seja possível controlá-lo. Nós derrubamos as “rédeas” da gestão do mundo de nossas mãos, perdendo o controle em todas as áreas: família, trabalho e relação com a natureza em geral…

E já que nos tornamos um fator global ruim para a natureza, e uma vez que somos um único sistema, em reação, a natureza começou a revelar uma atitude apropriada em relação a nós.

Esta é a situação hoje.

De KabTV “Uma Nova Vida” 21/10/14