Os Benefícios E Os Perigos Dos Feitos Científicos

Dr. Michael LaitmanPergunta: O que há de tão ruim na ciência, se procurar o segredo da vida é uma inclinação natural que se desenvolve naturalmente numa pessoa?

Resposta: Nós temos uma inclinação para descobrir o segredo da vida porque a nossa fonte superior nos ilumina. A questão é apenas quando, como e por que meios eu posso procurá-lo? Na ciência normal eu o procuro pela minha mente e sentidos bestiais.

Será que eu quero encontrar a fonte superior por meios físicos? Não entendo que Ele é tão alto, influente, e distante do desejo de receber e de sua baixeza repugnante, de suas limitações?

O desejo de receber, o ego, que quer receber para si mesmo o tempo todo, não pode ser completo porque sempre sente uma carência. Por isso, ele não pode ser adaptado à fonte superior. Quanto mais ele quer para si e descobre suas limitações, mais baixo ele cai.

Por esta razão, os povos antigos pensavam que o sol era divino, uma vez que para eles era a origem da vida.

Pergunta: Como Abraão procurou o segredo da vida?

Resposta: Abraão passou a olhar para as estrelas, a lua e o sol, procurando a força que poderia ser chamada de universal e suprema. Mas esta era uma busca interior.

Pergunta: Será que ele não procurou isso com sua mente e sentidos físicos, como em qualquer ciência?

Resposta: Abraão não confiava em sua mente. Ele estava procurando por algo superior, separado dele, universal. Ele atingiu tudo, graças a sua alma, como o primeiro Adão (homem). Portanto, basicamente, ele conseguiu alcançar tudo sem um professor.

Com a gente isso não pode ocorrer, porque ninguém em nossa geração é capaz de descobrir o Criador por si mesmo. Há muitas pessoas que têm certeza que sentem o poder superior, mas, na verdade, nenhuma delas está nem perto. É assim que a nossa geração é, e este é o resultado do crescimento do egoísmo que provoca o declínio das gerações.

Nossos ancestrais estavam em uma situação única chamada de “mérito dos antepassados”, porque sua Shevirah (quebra) era de cima em sua fonte e foi derivada do próprio sistema. Mas depois de nossa queda, nós corrigimos nossa própria divisão, e não temos nenhum mérito ancestral. O mérito ancestral existiu até a descoberta da inclinação ao mal, que foi chamada de Faraó.

Depois da morte de Jacó no Egito, nenhum mérito ancestral permaneceu. Na verdade, poderíamos usá-lo, mas apenas por meio da adesão ao mesmo nível, e, na verdade, não por nós mesmos.

Pergunta: Abraão não foi um cientista como todo Cabalista? Então, por que a ciência é prejudicial?

Resposta: A ciência é como um veneno de cobra que pode ser usado como veneno ou remédio, dependendo de como é usado. É necessário usá-lo para descobrir o poder superior, onde entendemos que o nosso ego é inferior, e que é impossível atingir qualquer coisa de verdade com ele. Nós estamos limitados pelos nossos sentidos físicos e pelo desejo egoísta que está por trás desses Kelim (desejos).

Não podemos nos afastar desse desejo que nos obriga a pensar, ver, entender e sentir apenas o que é para o nosso próprio bem ou o que pode nos prejudicar. Isto significa que toda a percepção é direcionada apenas para o desejo de receber e não vemos mais nada. Em torno de nós poderia haver mundos inteiros e forças, mas não temos os sentidos para percebê-los.

Se esta é a forma como estamos organizados, não temos meios para procurar dentro de nós, não com a ciência que desenvolvemos. Desta forma, nunca alcançaremos a verdade, a divindade ou universalidade.

Assim, na ciência, há apenas o que a pessoa descobre em seus Kelim egoístas, e assim a ciência também é egoísta. Essa é a maneira como a descobrimos e como a usamos. Nós não podemos usá-la com qualquer outra intenção ou inclinação, porque todo o seu desenvolvimento é obtido para o nosso benefício egoísta.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 27/8/14, Escritos do Baal HaSulam