Onde O Coração Deseja…

Dr. Michael LaitmanPergunta: Como podemos pedir que a Luz nos mude se não a percebemos?

Resposta: É verdade, primeiro você deve ter o desejo, e só então você pode se voltar à Luz.

Se eu escrevesse num pedaço de papel: “Eu preciso pedir a Luz” e o lêsse cem vezes, nada aconteceria. Isso se tornaria um hábito; eu ficaria repetindo essas palavras como um disco quebrado e nada mais.

Mas nós recebemos a oportunidade de mudar o nosso desejo com a ajuda de nosso ambiente. Afinal de contas, nós existimos entre outros e não sozinhos.

Quando eu os escuto e os vejo através do prisma da inveja, luxúria e honra, todas estas propriedades que fazem parte do meu desejo de receber prazer, então eu quero receber todas as coisas boas que eles têm, e subir ainda mais do que eles.

Se eles querem se tornar ladrões, então eu quero ser o ladrão mais importante, poderoso e bem-sucedido, porque eles respeitam isso.

Quando meu ambiente considera importante atingir a propriedade de doação, eu naturalmente quero ter o máximo sucesso nisso, porque isso vai se tornar importante para mim.

Portanto, eu posso mudar o desejo do meu coração através do ambiente. Assim, está escrito: “Faremos e ouviremos”, porque eu sou capaz de fazer coisas que, como consequência, de repente, eu desejarei algo que não estava em mim inicialmente, como doar aos outros, considerando isso como importante, de alguma forma desejar doar egoisticamente.

Afinal de contas, eu existo numa sociedade egoísta, e se esta sociedade começa a me convencer de que vale a pena doar, eu, assim como todos os meus amigos, vou naturalmente começar a pensar que realmente vale a pena doar.

Mas, ao mesmo tempo, eu acho que isso vai me beneficiar, que vou me tornar importante aos seus olhos, vou ser grande, vou atingir o Mundo Superior e o Criador será meu. Então, doar é isso; o que importa para mim é o lucro. Isso é chamado de Lo Lishma.

Quando impulsionado por essa aspiração, eu ainda quero que a Luz venha a mim e me mude. Ela começa a me mudar e, de repente, eu pego um “vírus” de algum tipo; eu adquiro algo que não tinha antes, algo que não queria, e não tinha a intenção de pegar. De repente, eu realmente começo a achar que a doação é algo especial, bom e sublime.

De onde é que isso vem? Isso parece uma doença que você realmente não quer ter. Eu começo a pensar seriamente que é uma coisa boa pensar nos outros em vez de pensar em mim, sem qualquer tipo de benefício ou recompensa para mim.

Naturalmente, eu passo por uma série de mudanças aqui. Primeiro eu acho que deveria me afastar do meu desejo egoísta de receber prazer e que isso vai me fazer sentir melhor e mais livre.

Depois eu começo a pensar que deveria doar aos outros, porque assim ainda vou adquirir algum tipo de superioridade, porque no final eu me aproximarei do Criador, e isso também vale alguma coisa.

E assim por diante, até que a Luz gradualmente me influencia de tal maneira que eu alcanço uma intenção pura chamada Lishma, exclusivamente “em prol da doação”, sem receber nada em troca. E eu sinto isso; eu verifico que não recebo nada em troca.

Da Lição de 26/11/10, Escritos do Rabash