Se todos nós estivéssemos integralmente conectados, cada um de nós definiria a nossa autopercepção pela nossa atitude para com os outros. O ponto principal é que tudo retorna para nós como um bumerangue. Se desejamos o bem para nós, devemos ser bons para os outros. A questão é como fazemos isso.

Neste ponto, a parábola do sapo e o escorpião vem à mente. Certa vez, um escorpião tinha que atravessar um rio profundo e pediu ao sapo para levá-lo em suas costas. O sapo respondeu: “Será que eu pareço louco! Você vai me picar e eu vou morrer!” O escorpião prometeu não morder o sapo, pois se ele fizesse isso eles se afogariam juntos.

O sapo acreditou nele e colocou-o em suas costas. Quando eles chegaram ao meio do rio, o escorpião picou o sapo e ele morreu. O escorpião se afogou junto com o sapo, mas antes de morrer, o sapo perguntou ao escorpião: “Por que você me picou? Agora você vai morrer” O escorpião respondeu: “…Porque eu sou um escorpião”. Ele não se conteve em picar o sapo porque era sua natureza. Foi além de seu poder não picar.

Este é um problema humano comum. Nós sequer percebemos o quão fortemente a nossa natureza nos obriga a calcular tudo o que sempre fazemos de uma forma primitiva e grosseira para beneficiar apenas a nós mesmos. Nós somos incapazes de considerar o fato de que estamos conectados com os outros. De manhã até a noite, nós falamos sobre o nosso envolvimento mútuo e a conexão global no rádio, na TV, em nossas aulas. É a mesma situação que anteriormente víamos na Rússia. No entanto, todos nós sabemos que isso não ajuda em nada! É impossível mudar a nossa natureza semelhante a de um escorpião.

Se realmente quiséssemos mudar a nós mesmos e pacificamente fazer a transição do capitalismo para o próximo estágio de desenvolvimento, para uma estrutura social mais benéfica, nós poderíamos entender que isso será possível corrigindo a nós mesmos, ou seja, através da substituição da nossa natureza.

Mas a humanidade não tem os meios para mudar sua natureza. A única possibilidade é usar a força escondida na natureza: a Luz de Retorno. Essa força também é chamada de “Torá”; no entanto, as pessoas entendem a palavra “Torá” incorretamente. A Torá é a Luz da correção, como é dito: “Eu criei a inclinação ao mal e a Torá como tempero para corrigi-la, já que a Luz escondida no interior da Torá retorna à sua fonte”.

Em outras palavras, nós temos a chance de mudar a nossa natureza para que possamos nos sentir em harmonia, existindo num sistema perfeito. Nós sentimos uma interdependência mútua tão completa, de modo que não há nenhuma diferença em cuidar de nós mesmos ou cuidar dos outros e nos satisfazer através deles.

Mesmo o nosso egoísmo irá reconhecer que a doação trabalha em seu benefício, uma vez que “eu” e os “outros” somos de fato a mesma coisa e, juntos, constituímos um todo indivisível.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 13/07/14, Shamati # 60

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