A Constituição Espiritual

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, jornal “A Nação”: Nesse sentido, somos como uma pilha de nozes, unidas em um único corpo desde fora pelo saco que as envolve e une. Sua medida de unidade não as torna um corpo unido, e cada movimento aplicado ao saco produz tumulto e separação nelas. Assim, elas sempre chegam a novas uniões e agregações parciais. A falha é que elas não têm a unidade interna, e toda a sua força de unidade vem através de um incidente externo. Para nós, isso é muito doloroso para o coração.

Alguém que supõe que nós podemos unir as pessoas e construir uma nação de acordo com o padrão habitual está muito enganado. Sem entender a nossa natureza, ele acha que nós podemos agir como outros povos que voltam para casa depois de uma expulsão forçada, como nos dias de Stalin. As pessoas que foram expulsas voltaram e reorganizaram suas vidas. Mas nós não conseguimos fazer isso porque perdemos nossas raízes originais. Nós estivemos unidos uma vez e éramos irmãos, não irmãos de infortúnio como hoje, mas irmãos na doação mútua. Abraão inicialmente reuniu pessoas de todos os cantos da Babilônia, que estavam prontas para ir em direção à conexão com ele, ao contrário do resto da humanidade.

Esta unidade que Abraão deu foi reforçada no Monte Sinai, quando o povo que fugiu do Egito tornou-se como um homem com um só coração e recebeu a Torá. Mas depois, a conexão foi interrompida e o amor se tornou ódio infundado; como resultado, nós fomos para o exílio. Esse ódio também passou em parte para as nações do mundo.

A partir de hoje, não estamos prontos para renascer como um povo e uma nação sem chegar a uma correção de cada um separadamente e uma correção coletiva entre nós. Se não chegarmos a isso, então apenas uma “coleção” artificial de pessoas que não corresponde às leis superiores da natureza ou às leis da natureza inferior opera aqui.

Nós não estamos prontos para construir algo de acordo com as leis deste mundo, porque originalmente não pertencemos a este mundo, e não podemos ser construídos de acordo com as leis superiores porque ainda não estamos conectados ao nível superior. Como resultado, não estamos aqui nem lá, nem desta forma nem daquela.

O que é surpreendente é que éramos sempre estrangeiros e peregrinos neste mundo. E os 66 anos de existência da nação de Israel não são prova de nada. Eu não estou afirmando isso por razões antissionistas, mas do ponto de vista espiritual: nós, sem dúvida, perdemos o poder natural de unidade, que é inerente a todo o resto dos povos num nível físico.

Para nós era uma força espiritual que nos unia. Portanto, agora nós não somos um povo, e nossa consolidação atual não é uma nação até que entendamos e concordemos que só temos uma constituição simples, que é: “E amarás o teu amigo como a ti mesmo”, Arvut (garantia mútua), “como um homem com um só coração”. Nós não temos outra constituição. E se mantivermos esta condição, podemos restaurar o povo e a nação.

Nós precisamos construir nossas vidas de acordo com esta constituição, pois ela não é arbitrária. Pelo contrário, ela foi recebida de Cima, e esta é a diferença entre ela e as belas palavras que podem ser encontrados nas leis fundamentais de cada nação. É evidente que isso não será imediato, mas nós temos que perceber esta lei de forma gradual, e levar uma vida espiritual na terra. E também depende de nós ser uma “luz para as nações” em seu sentido pleno.

Sim, é um trabalho árduo, mas sem ele não vamos conseguir nada. Caso contrário, nós podemos ser companheiros de sofrimento na melhor das hipóteses, como nozes num saco, e nada melhor acontecerá conosco.

Esta é a situação atual, e ela pode continuar por mais alguns anos até que uma das duas coisas aconteça: ou vamos proceder à sua correção ou não seremos capazes tolerar a situação por mais tempo.

Da 5ª parte da Lição Diária de Cabalá 23/06/14, Escritos do Baal HaSulam