A Torá Do Exílio E Da Era Da Redenção

Pergunta: Por que a Torá está escrita de uma forma que não nos puxa para a conexão? Em vez disso, ela fala sobre vários crimes e punições que são totalmente opostos à lei de não pensar sobre nós mesmos.

Resposta: Será que isso significa que a linguagem da Torá afasta-o das ações corretas? A Torá fala sobre tudo de uma maneira que faz com que seja difícil focar a correção. Primeiro de tudo, não há qualquer menção do grupo, de conexão, ou amor. Sim, está escrito: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”, e ainda mesmo que esta seja a principal lei daTorá, esta frase é citada apenas em um dos livros, não em todos eles.

Não está escrito antes de cada mandamento que primeiro temos que amar o nosso próximo como a nós mesmos e a partir daí amar ao Criador, e, em seguida, observar as leis da Kashrut ou reposição de danos. Esta regra principal é mencionada apenas uma vez, a lei é ensinada às crianças no início de seus anos de escola, mas não há nenhuma referência a esta noção em qualquer outro lugar em todo o livro.

O fato é que o estudo da Torá, foi realizado em período de exílio, que fala sobre as tradições e mandamentos materialísticos, que temos de observar neste mundo. Não ensina intenções; as pessoas devem apenas seguir ingenuamente as instruções do Criador. Era proibido ensinar intenção durante o período de exílio, por isso foi ensinado simplesmente de uma forma externa.

Precisamos entender que, ao longo da história da humanidade, houve sábios cabalistas em altos níveis de realização espiritual. Eles eram os líderes do povo, mas eles foram proibidos de abordar as pessoas e ensinar-lhes os caminhos para sair do exílio, antes que este fosse totalmente concluído.

O exílio egípcio deveria durar 400 anos. No entanto, uma vez que o povo de Israel saiu antes do tempo (após 210 anos), os restantes 190 anos foram divididos entre os exílios subseqüentes.

O mesmo problema ocorre com Jacob, que queria revelar o segredo da correção final para seus filhos, mas ele não estava autorizado a fazê-lo. É proibido divulgá-lo. As pessoas podem ver apenas aquilo a que elas realmente precisam ser expostas. “Não coloque obstáculos diante de um cego”.

Então, as pessoas tinham permissão para observar as tradições em casa e continuar orando. É o que a Torá do exílio permite. Rabi Chaim Vital fala muito duramente sobre estudos mecânicos do Talmud, em seu prefácio ao livro “Os Portões da Santidade”. Isto não implica de modo algum desrespeito para com o próprio livro, que foi escrito pelos grandes cabalistas, a partir de sua realização espiritual e, no entanto, deve ser entendido e tratado de forma diferente, não como é feito hoje. O período de exílio acabou agora e devemos estudar a Torá do período de libertação, que é a sabedoria da Cabalá.

Sabemos o quão difícil é. Passamos anos esforçando-nos em várias ações até que, gradualmente, chegamos à atitude correta, antes de começarmos a entender que, exceto a conexão do grupo e a revelação da forma correta de unidade, chamada o Criador, não há mais nada, absolutamente. Tudo o resto é apenas idolatria.

Mesmo as ações essenciais que são feitas sem a intenção correta de se unir, são idolatria. É assim que devemos nos relacionar com a vida. Esta é a abordagem que temos de exercer, durante o período de libertação que acontece logo antes da divulgação da letra “Aleph” (o Criador), dentro da palavra “exílio” (gula), transformando a palavra “exílio” em “libertação” (geula).

Somos a primeira geração da era de libertação, e é difícil para nós revelarmos esse conhecimento para outras pessoas.

[130229]

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabala de 13/3/14, Escritos de Baal HaSulam.