Pêndulo De Intenção

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam , “Introdução ao O Livro do Zohar“, Item 24: A essência do corpo é apenas o desejo de receber para si mesmo, e todas as suas manifestações e posses são realizações desse desejo de receber corrompido, que inicialmente haviam sido criadas apenas para ser erradicadas do mundo, a fim de alcançar o terceiro estado completo no final da correção. Por esta razão, ele é mortal, transitório e desprezível, juntamente com todas as suas posses, como uma sombra fugaz que não deixa nada em seu rastro.

Nada acontece com o desejo. Ele apenas se revela cada vez mais ao atravessar os 125 degraus, enquanto intenções egoístas surgem junto com os desejos. No entanto, essas são duas coisas diferentes: o desejo de receber e a intenção em prol da recepção.

Nunca devemos anular o desejo. Nós não estamos planejando nos transformar em eremitas, mas sim, nos esforçamos em mudar a nossa intenção de egoísta para altruísta. A intenção em prol da recepção é que deve ser “erradicada do mundo”.

Nós percebemos a imagem do mundo através de nossas intenções, através de nós mesmos e do nosso entorno. A imagem irá desaparecer se redirecionarmos nossas intenções do desejo  de receber para o desejo de doar. Tudo o que vemos hoje, todo o mundo com todas as suas particularidades e fenômenos, com a vida e a morte, tudo se revela dentro do nosso desejo de receber que tem uma intenção egoísta. Se nós mudamos as intenções, começamos a ver um mundo “invertido”, que é chamado de mundo superior, o primeiro nível espiritual. Em seguida, começamos a observar algo completamente diferente.

Ao sentir a matéria, nós temos uma chance de invertê-la com a ajuda da força superior, do grupo, e usando outros meios. Nós somos os únicos que começam a “revolução”, porque a primeira vez que algo é revelado, nós o vemos como corrupto, como se ele se refletisse num “espelho distorcido” da nossa intenção egoísta.

Até agora, as nossas intenções egoístas “selam” pequenos desejos deste mundo; isso é o que faz com que este reino pareça do jeito que é para nós. Então, digamos que na trigésima etapa surja um desejo que é um bilhão de vezes maior, embora ainda se origine do desejo de receber. Seria terrível, como se estivéssemos entre “dinossauros”, numa selva monstruosa de desejos egoístas imensamente poderosos.

As pessoas pareceriam “demônios” infernais para nós; elas pareceriam como criminosos, ladrões, mentirosos, vilões, um maldade que atualmente não podemos sequer imaginar. Em essência, nós veríamos as forças do mal que pertencem a esta etapa particular. Nós consideraríamos as lições como uma estupidez ultrajante, um total absurdo. Inclusive o grupo surgiria numa forma tão terrível que não toleraríamos a companhia dos nossos amigos, nem seríamos capazes de respirar o mesmo ar que eles.

No entanto, se encontrássemos a força para superar esta situação e mudar, então poderíamos descobrir que tudo é simplesmente maravilhoso. Na verdade, nada vai mudar, mas de alguma forma, de repente, vamos ver o mundo que nos rodeia permeado de Luz, onde todo mundo recebe a benevolência do Criador, ninguém sofre, ninguém morre de fome, ou mata outros. Nossos amigos parecem como se fossem as maiores pessoas na face da Terra, e não há ninguém maior do que eles. Baal HaSulam escreve sobre este estado em seu artigo “Ocultação  e revelação da Face do Criador”.

Todos nós passamos por esses estados, o pêndulo oscila mais forte a cada vez, e tudo depende da mudança da nossa intenção, transformando-a no oposto, de egoísmo para altruísmo. Os desejos permanecem intactos, apenas as intenções mudam.

De um jeito ou de outro, o Criador nunca nos leva à doação; caso contrário, ele teria roubado a chance de nós O conhecermos. Ele nos leva apenas através de desastres em nosso desejo de receber para que reconheçamos a necessidade de doar.

No início, nós tentamos escapar de problemas que nos forçam a culpar e amaldiçoá-Lo. Então, com a ajuda do grupo, das lições e da disseminação, baixando a cabeça diante dos nossos amigos e do professor, nós nos voltamos ao Criador, e imploramos que Ele nos ajude.

Pergunta: O caminho de sofrimento não é muito longo?

Resposta: O truque é como aceitar o sofrimento. Sem os sofrimentos, é impossível despertar. Qualquer estado começa com dores: “E houve a tarde e a manhã, o primeiro dia”.

O nosso caminho não é longo por causa das dificuldades que passamos, mas porque não reagimos a elas de forma correta.

Isso explica por que precisamos de preparação e de uma atitude correta. Não há dúvida que os nossos estados vão mudar em breve, e que vamos sentir um vazio. Além disso, nós podemos começar a odiar os nossos amigos como os discípulos de Rabi Shimon fizeram. Ainda assim nós continuamos avançando, porque tudo o que acontece conosco tem um propósito, para nos levar à frente.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 13/01/14, Escritos do Baal HaSulam