Sala De Risos E Lágrimas

Dr. Michael LaitmanO Criador diz a Moisés: “Vinde ao Faraó” (juntos). Eu também vou com você, a fim de mudar a sua natureza e transformá-la de recepção em doação. É só você Me pedir isso. Mas, Ele não acrescenta, “Vá, participe de um grupo, pois sem isso Eu não serei revelado”, pois isso é auto-evidente.

Se a pessoa não está incluída no centro de um grupo e não está conectada com os amigos, ela não pode se voltar ao Criador. O Criador se encontra no centro do grupo. Nós nunca nos voltamos ao Criador sozinhos, mas apenas através da conexão com os outros.

Moisés é a imagem geral do grupo. Por isso ele é chamado de líder do povo, simbolizando o acordo geral, a unidade do grupo. Portanto, ele tem uma ligação com o Criador e pode orar, pedir e fazer tudo por todas as pessoas.

A fim de iniciar o processo de correção da alma, eu devo imaginar que estou ligado com todos juntos numa única imagem. Tudo começa com a nossa tentativa de nos conectar e descobrir que não estamos prontos para fazer isso, como é dito: “Eu criei a inclinação ao mal, criei a Torá como tempero”. A entrada para o Egito começa com a descoberta de que não estamos prontos para nos conectar, não queremos isso de forma alguma, e estamos prontos para vender o nosso querido irmão José; o mais importante é não se conectar.

Assim, a verdadeira natureza egoísta começa a ser descoberta dentro de uma pessoa, que “a minha morte seria melhor” do que doar, amar o próximo e se preocupar com ele. E isso é só o começo, apenas a entrada para o Egito. Após isso há mais quatrocentos anos de escravidão no Egito, isto é, a passagem por toda a espessura do desejo de prazer. Cabe a nós trabalhar em todas as camadas do nosso ego, a fim de decidir, no final, que, apesar de tudo, queremos nos conectar.

Depois vêm os sete anos de fome e as pragas do Egito, porque queremos nos conectar e não temos êxito; tentamos de novo e de novo, sem sucesso. Até que por fim nos desesperamos e gritamos pelo Criador, “Socorro!”. Nós sentimos uma imensa necessidade da ajuda do Criador.

Mas isto sempre se refere à conexão e nunca de uma pessoa isolada. Se nós falamos de alguma personalidade individual, é apenas sob o aspecto da sua conexão com o todo na sua forma única e particular. Portanto, as imagens aparecem como no Livro do Zohar: Rabi Yossi, Rabi Abba, Rabi Elazar e Rabi Shimon. Não importa quem é, pois isso está falando apenas da qualidade de sua conexão com os outros.

É assim também com a história de Moisés e Jetro, sobre a sarça ardente. Isso só fala do coletivo e não do homem que fugiu para o deserto. Onde ele poderia escapar do seu ego? Isto está falando da pessoa que se encontra dentro do grupo. A Torá fala apenas das relações entre nós; tudo “permanece na família”, dentro do grupo.

Isto é como uma novela, onde todos os eventos acontecem numa sala. Sobre esta “sala” é dito, tudo está acontecendo aqui: o deserto, as guerras, a divisão do Mar Vermelho, tudo surge dentro dessa sala, nas relações entre as pessoas.

Depois, nós descobrimos que nada realmente está acontecendo, exceto isso! Toda a realidade que vemos agora é imaginária, falsa e ilusória. Em vez disso, estamos de fato vendo uma unidade que foi esmagada, quebrada, dividida em fragmentos, distanciada uma da outra. Este é o retrato do nosso mundo. Em vez de uma única pessoa, há uma multidão de pessoas, plantas, animais, inúmeras formas de diferentes existências. É assim que os quatro aspectos de um único desejo, uma única entidade, aparecem para nós.

Mas se a pessoa quer compreender a situação corretamente, cabe a ela saber que só dentro do grupo ela tem a oportunidade de ver a verdade. O grupo é como um microscópio, um instrumento, que se olharmos através dele, podemos ver o que está acontecendo. Nós não temos nenhum outro instrumento em toda a realidade. Através da consolidação cada vez maior entre os amigos, ou seja, através da escolha de um ambiente cada vez melhor, a pessoa dirige melhor o instrumento e chega mais perto da verdade.

Da 1ª parte do Lição Diária de Cabalá 27/11/13, Escritos do Rabash