Dar À Luz A Si Mesmo

Dr. Michael LaitmanO objetivo do trabalho espiritual é adquirir os atributos do mundo superior. Nós o chamamos de superior, mas é, na verdade, o único mundo que existe. Nós, no entanto, somos externos a ele, como se estivéssemos desmaiados, inconscientes, como em um sonho.

Como nós podemos despertar deste sonho onde o ego nos fecha como um casulo?

Nós estamos imersos em nós mesmos uma vez que pensamos constantemente em nós mesmos e queremos tudo só para nós. Como resultado, o espaço à nossa volta está distorcido, já que todas as forças são atraídas para dentro e estão presas lá. Portanto, é como se estivéssemos numa espécie de casulo de forças e não pudéssemos ver qualquer coisa externa a ele.

Há um enorme mundo à minha volta e eu sou apenas um pequeno ponto, um embrião, que não pode sair do casulo e sentir o que está realmente acontecendo.

Tudo isso é organizado dessa forma a fim de nos ajudar a nascer de forma independente. O nascimento deve ser por nossa conta, pois caso contrário não sentiremos o enorme mundo em que vivemos, mas que por enquanto não sentimos.

Para sentir este mundo, nós temos que nos reunir e estabelecer em nós os sentidos para perceber este mundo. Assim, vamos descobrir exatamente o que nos falta e como sentir o que não percebemos.

Quando eu faço algo por mim, eu sei exatamente o que acontece em cada parte desta “máquina”. Se eu começo a demonstrar para alguém uma máquina que está pronta, e eu mostro e explico como ela funciona, levará muitos anos antes que a pessoa entenda a sua estrutura e todas as sutilezas ainda permanecerão um enigma para ela. Ela terá dificuldades de entender porque eu criei as peças da máquina com materiais especiais que eu reuni desta maneira e não de qualquer outra forma, como eu pensei nisso e pulei da cama no meio da noite quando uma ideia veio à minha mente e a desenhei. Eu me lembro desses momentos na minha vida.

A pessoa que estuda isso olhando de fora não vai entender nada mesmo. Você tem que dar à luz a si mesmo, e então isso será seu. Portanto, nós temos uma missão: dar à luz a nos mesmos no único, grande, eterno, perfeito mundo, no mundo do Criador, que é a única força que quer que desejemos conhecê-Lo, e alcançar e revelá-Lo por nós mesmos.

Ele criou um estado especial para nós chamado “nosso mundo” ou “este mundo”, no qual vivemos como num casulo apertado por uma grande força energética egoísta, de modo que comecemos realmente a sentir e alcançar o Criador fora do Seu mundo luminoso. É em nosso mundo que nós podemos dar à luz a nós mesmos ao desenvolver e criar gradualmente em nós mais e mais novos atributos que podem nos ajudar a descobrir o mundo do Criador e gradualmente nos assemelhar a Ele.

Mas como podemos passar por esta enorme proteção egoísta, pela fronteira que temos que mudar?

Por mais estranho que possa parecer, é por isso que há um atributo muito especial quando as pessoas se reúnem. Ao nos reunirmos, nós criamos uma forma energética especial. Se cada um de nós sai gradualmente de si mesmo e se conecta com os outros, são criadas as condições preliminares para os atributos que existem no mundo real.

Apesar de estarmos dentro de um casulo, nós já conseguimos nos mover de alguma forma nele e fazer alguma coisa entre nós, conectando-nos a alguma forma comum que é gradualmente formada quando todos tentam se anular e imitar os outros, ao menos em certa medida, e se conectar com eles.

Uma pessoa experimenta dores de consciência, uma vez que vê que todos os outros conseguem sair de si, podem sacrificar algo e ceder aos outros, e que eles não são tão avarentos, tão arrogantes e nem tão cruéis, e que podem ser atenciosos com os outros; a conexão entre eles é de alguma forma natural, mas não para ela. Ela não consegue nada.

Quando a pessoa passa por tais estados, ela é purificada internamente de acordo com nossos esforços coletivos de nos aproximar e criar certa forma que lembra o que é externo a ela, dentro do casulo, pelo nosso desejo mútuo de conexão.

Não adie isso, não tenha medo, não pense que é um retorno ao velho socialismo, uma vez que não há nada do que se envergonhar aqui. Tente fazer tudo o que puder para anular seus impulsos individuais egoístas e alcançar algo que seja coletivo.

É esse “algo” coletivo que irá nascer no final e que será chamado de alma.

Da Convenção Virtual em Moscou “Unidade Sem Limites” 14/12/13, Lição 4