A Necessidade Do Criador

Dr. Michael LaitmanNós damos diferentes nomes para a Força Superior. Ela é superior não porque está posicionada em elevação neste mundo, mas sim por causa de sua exaltação qualitativa sobre todas as forças terrenas. É infinitamente mais poderosa do que qualquer outra força, é a raiz autêntica de todas as outras forças, e é por isso que é chamada de Superior.

Seus nomes derivam da forma como ela se manifesta em relação a nós e à nossa forma de senti-la. Na verdade, os seus nomes representam Sefirot, uma vez que a Luz Superior é detectada por nós, pelos desejos de recepção, de acordo com a maneira que ilumina dentro do vaso de recepção. A palavra “Sefira” significa “brilhante” (Sapir). A Sefira Keter é a fonte de Luz; todas as outras Sefirot, outros nomes, seguem-na abaixo.

Vamos destacar algumas das Luzes. Na maioria das vezes eu digo “o Criador” (Bo-Re), já que Ele é Aquele que criou a “criação” (Beria) – algo que se destaca (Bar), separa-se de si mesmo, algo que sai de suas próprias fronteiras. Nesta conexão que se estende de cima para baixo, o nome aponta Seu status, Sua atitude para com a criação que Ele criou. De nossa parte, em nossa aspiração de baixo para cima, “Bo-Re” significa “venha e veja” (Bo-Reh), que fala do estado em que podemos vê-Lo.

Outro nome do Criador é Elokim (ים – אלה). De cima para baixo, significa “MI – ELE” (אלה – מי). “ELE” significa AHP, e “MI” Galgalta ve Eynaim. Ao subir para Bina, nós conectamos Galgalta ve Eynaim com AHP e revelamos uma relação da Luz para com o desejo que é chamado de “Elokim“. Sua Gematria é a mesma que “Natureza” (הטבע), uma vez que decorre e é construída a partir de Bina. Assim, a natureza do Superior é Bina, enquanto que a natureza do inferior é Malchut.

Há uma denominação de HaVaYaH, Adonai: o Supremo, o Senhor. Na verdade, HaVaYaH não constitui uma designação por si só, mas uma estrutura na qual, de acordo com a tela (Masach), a Luz se revela. Em geral, HaVaYaH inclui todos os nomes, já que, exceto por esta denominação, nada mais foi criado.

Para resumir, nós damos nomes à Luz em conformidade com a forma como ela se manifesta em nós. Isso explica por que não há um “Criador” por si só, mas apenas a nossa percepção Dele. Diz-se: “por Suas ações O conhecemos”, “o juiz tem apenas o que seus olhos veem”. Nós temos que modificar a nossa abordagem e aprender a analisar de forma diferente o nosso discernimento da realidade. Afinal, “A opinião da Torá é oposta à opinião dos proprietários”.

Hoje, todo mundo tem sua própria ideia sobre Deus. No entanto, neste mundo, “Deus” é apenas uma necessidade psicológica dos seres humanos, um desejo de depender de alguém que é grande e amável. Ela justifica a nossa existência; caso contrário, não está claro por que e para o que vivemos, e quem vai pagar por nossas dificuldades e aflição no outro mundo. Esta abordagem psicológica nos permite orar pedindo ajuda e até “recebe-la”.

No entanto, esta abordagem pode existir na realidade sem uma tela e a Luz refletida, sem mudanças reais que atravessamos? De maneira alguma isso pode ser assim. A fé neste mundo é um fenômeno psicológico: ao apelar ao Criador, nós mudamos nossos desejos, depois a Luz se derrama sobre novos desejos de uma maneira diferente. Como resultado, nós saímos do estado anterior e entramos na próxima fase, alterando assim as nossas sensações.

Na verdade, só existe a Luz e o desejo, nada mais. Chegará o momento em que as pessoas vão abrir os olhos e ver o que conseguiram construir ao longo de milhares de anos… Sim, isso ajudou-as a avançar, mas apenas para, no final, chegarem à conclusão de que todo este mundo, com todas as suas ilusões, não vale nada. Quando as pessoas chegarem a esta realização, vão descobrir a verdade e isso vai justificar tudo o que aconteceu com elas.

No entanto, hoje em dia, não devemos adiar a revelação da situação em que nos encontramos. Não há outra saída: todas as outras abordagens e métodos, exceto a Cabalá, são apenas contemplações ociosas que foram desenvolvidas a partir de nossas fantasias egoístas.

Da 4ª parte da Lição Diária de Cabalá 09/12/13, Escritos do Baal HaSulam