A Dosagem Certa!

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam: “Revelando Uma Porção, Cobrindo Duas”: “Há uma linguagem entre os grandes sábios, quando eles vêm para revelar uma questão profunda: eles começam suas palavras com, ‘eu estou revelando uma porção e cobrindo duas’.”

Primeiro, por que tudo deve ser coberto em primeiro lugar? Qual é a vantagem de se ocultar?

Em geral, toda a criação (Beria) é coberta por diferentes capas. Daí é que procede a palavra “criação” (da raiz hebraica “Bar“, ou seja, externo ao Criador), que se origina Dele com a ajuda de uma cobertura e pode, portanto, existir. Se ela existisse dentro do Criador, não seria mais do que Malchut do mundo do Infinito que está cheia da Luz e sob o domínio do Criador, não tendo nada próprio. A criatura é externa ao Criador e tem sua própria realidade, mente e sentimento que são diferentes dos do Criador.

Se não fosse por esta diferença, a criatura estaria dentro do Criador, engolida pela Luz. Mas a criatura é diferente, e a diferença é criada como resultado da distância. A distância na espiritualidade é ocultação. Em nosso mundo, a distância determina a ocultação, enquanto na espiritualidade, a ocultação em si nos mantém distantes de muitas maneiras.

A diferença na mente, no sentimento e nos atributos chama-se falta de equivalência de forma com o Criador. Isto é essencial para a criatura, a fim de ser ela mesma e de existir. É um sentimento e uma mente que atribuímos ao Criador, ao amor e à doação absoluta, a Luz de Hochma que está vestida na Luz Hassadim, e que é revelada a nós no Partzuf Aba e no Partzuf Ima (AVI). Nós, como almas, devemos ser diferentes e opostos a eles no atributo ZON.

Assim, nós vemos que a quebra é, na verdade, a ação que foi feita para levar as criaturas à revelação. As criaturas devem ser opostas ao Criador, e por ações externas que executam, elas adquirem um Masach (tela) e a Luz de Retorno, atributos que são equivalentes em forma ao Criador.

A criatura é inicialmente dividida em duas: a parte interna, que é oposta ao Criador em seus desejos e pensamentos, e a parte externa, a cobertura, o Masach, que se parece com o Criador. Como resultado, a criatura existe por si mesma e, ao mesmo tempo, está aderida ao Criador. Além disso, ela deve incluir esses dois atributos opostos, esses dois estados opostos e atuar neles, apesar de sua polaridade, já que ela não se parece com o Criador ou Seu outro lado, a inclinação ao mal.

A criatura é a linha média, na medida em que pode conectar estas duas formas opostas dentro dela e uni-las.

A fim de permitir à criatura fazê-lo, há a lei “revelando uma porção, cobrindo duas”.

Desta forma é possível revelar algo, ou seja, aproximar a criatura do Criador somente se ela é trazida de volta ao estado anterior com Aviut (espessura) adicional, peso adicional.

Se a criatura deu um passo a frente revelando uma parte, ao se aproximar do Criador, ela tem mais poder. Mas com isso ela está desequilibrada e agora o poder do Criador age sobre ela de forma diferente em relação ao estado anterior, e ela é trazido de volta com um novo Aviut, embora ele esteja escondido. Se mais tarde a criatura é adicionada, cobre uma parte, ela é levada novamente ao estado de livre arbítrio.

Assim, a criatura constantemente  tem a opção de livre arbítrio e de se aproximar do Criador. Portanto, ao revelar uma porção, os Cabalistas devem cobrir duas. Isso permite que as criaturas sejam desligadas do Criador, para que possam avançar em direção a Ele somente mantendo sua independência e autonomia. Claro, nós não devemos confundir as pessoas quando as guiamos ao longo do caminho espiritual como uma “locomotiva” ou um “pastor”. É possível apenas em casos raros, a fim de estabelecer a base para o trabalho no qual confusão é o estímulo que lhes permite superar a confusão e com isso descobrir algo novo. Por outro lado, nós não devemos falar com elas sobre o que pode levá-las a um beco sem saída e à desorientação.

Por isso, eu peço a todos os nossos amigos que estão estudando para serem professores para trabalhar com o público, incluindo o ensino da sabedoria da Cabalá e a educação integral, que sintam constantemente o coração das pessoas e lhes revelem apenas o que precisam para avançar. Por um lado, não devemos tirar-lhes seu livre arbítrio, e por outro lado, não devemos confundi-las.

Um professor tem que ser um médico, um curandeiro de almas, e para isso ele precisa saber a dosagem exata. Afinal, toda a Torá pode ser o elixir da vida ou a poção da morte.

Um professor deve ser um guia experiente, um guia que ama seus alunos e que realmente participa de seu avanço. Ele lhes dá exatamente o que eles precisam e deve mantê-los longe da fruta verde ou dos frutos maduros demais.

Há um tempo para tudo, e a sabedoria da Cabalá nos permite calcular a dosagem exata porque nos conectamos em nossos corações, em nossas almas, por parte dos alunos, ou no mínimo por parte do professor. Este é realmente o tipo de estudo que deveríamos ansiar.

Isso é tudo graças a salvaguarda com a qual uma pessoa permanece uma criatura, externa ao Criador, e pode avançar livremente. “Ser uma nação livre em nosso país”, são palavras no hino nacional israelense, o que significa que mesmo quando você está perante o Criador e alcança adesão com Ele através da conexão, você não me anula, mas sim age igualmente na mesma altura.

Da 1ª parte da Lição Diária de Cabalá 11/12/13, Escritos do Baal HaSulam