Uma Cobertura Atraente Ou Uma História Sem Fim?

Dr. Michael LaitmanPergunta: Ao tentar compreender um pouco mais profundamente a relação com o sexo oposto, a pessoa descobre que não está familiarizada consigo mesma, com camadas inteiras de si mesma. Ela precisa de orientação, treinamento…

Resposta: O desenvolvimento humano chegou ao ponto do “reconhecimento do mal” na situação atual. Sem o “reconhecimento do mal” é impossível se transformar em Adão (nível humano). Por outro lado, a crise no reino do amor ainda não fez as pessoas abandonarem a busca de sua “outra metade” e elas se movem em massa para substitutos artificiais para o sexo, drogas e outras fontes que distorcem o assunto original.

Se olharmos para o problema de um ponto de vista histórico e sistêmico, nós agora temos a oportunidade de participar no processo de correção da espécie humana, incluindo e através das relações entre os dois sexos.

Pergunta: Mas hoje é muito difícil para as pessoas encontrar um parceiro compatível para si…

Resposta: Basicamente, não há mais parceiros compatíveis. Hoje ninguém declara seu amor antes de saber o nome do seu parceiro. Mas isso é exatamente do jeito que era no passado, quando as pessoas sentiam que foram feitas uma para outra à primeira vista.

Hoje nós aprendemos que precisamos nos ajustar um ao outro através de um trabalho de aproximação mútua. A fim de nos conectar verdadeiramente, nós devemos trabalhar juntos, pelo menos durante alguns meses e, às vezes, por um ou dois anos. Só então nós começamos a nos ajustar um ao outro e há uma conexão interna entre nós, que torna possível “difundir-se”, penetrar um no outro, como café e água que se misturam e não permanecem mais como eram, mas juntos criam algo novo. Só depois de penetrarmos pelo menos um pouco um no outro mentalmente é que podemos entender como continuar este processo de integração mútua. Esta penetração recíproca é o verdadeiro acasalamento, o acasalamento entre almas. Então nós estamos prontos para casar, estar ligados por muitos anos. Pois nós já adquirimos um programa de mútua interpenetração mental, entendemos como podemos fazer isso e estamos dispostos a sustentar isso mutuamente.

É por isso que o meu professor, o Rabash, dizia que no início não deve haver rejeição externa entre as pessoas, e todo o resto depende dos esforços coletivos, por meio dos quais a família vai florescer, e não descansar sobre os louros, mas desenvolver o relacionamento cada vez mais.

Pergunta: Mas como pode uma pessoa decidir começar este trabalho, mesmo antes de começar a “disseminação”? Afinal, ela é impulsionada pelo amor, ou seja, os sentimentos, e não pela razão.

Resposta: É necessário se livrar de todas as “vestimentas” sujas da alma em que está vestida: as preferências egoístas, os padrões de “Hollywood”, e os vários estereótipos que a maioria estabelece.

Nós julgamos o sexo oposto de acordo com os sinais externos artificiais. Portanto, se nós falamos sobre uma verdadeira mudança, antes de tudo, nós devemos trabalhar com uma multidão de solteiros para que eles entendam a sua natureza e por que não conseguem construir relacionamentos estáveis. A pessoa necessita de uma abordagem saudável para si mesma e para com os outros: um pouco menos dos padrões de Hollywood e da Internet, menos chats polvilhados de emoticons.

Nós falamos através de emoticons, olhamos para a vida através do prisma de modelos. Mas, na verdade, eu preciso ser como uma criança que pode se apaixonar sem reservas, como nos dias em que adereços externos não me interessam. Eu realmente não vejo meu amante, porque ele se dissolve numa névoa de desabafos emocionais, como se alguém pressionasse um botão invisível e eu estivesse “pegando fogo” por ele. Eu devo retornar a um estado como esse.

Para isso, nós precisamos nos livrar de toda a “vestimenta” sob as quais nós prendemos através da pressão da sociedade, seja a influência da Internet, livros, filmes, contratos sociais, ou apenas as avaliações de outra pessoa do que é bom e o que é ruim. Eu tenho que me tornar mais natural, mais perto da natureza, mesmo que seja mais simples e egoísta, não importa. Eu não quero mais depender de todo mundo.

Só é possível chegar a isso numa grande sociedade de pessoas como eu, de solteiros, onde todos nós juntos estamos aprendendo a reconhecer a nós mesmos: quem e o que somos, qual é a nossa natureza, como nos relacionamos com nós mesmos, com um parceiro, com o mundo e assim por diante. Pois, gradualmente, nós deixamos de ser dependentes de todas as normas externas que nos chegam do outro lado do oceano.

Tudo depende do contrato social. Se ele muda, então nós olhamos para essas coisas de forma totalmente diferente. As fotos modernas são infundadas, imaginárias. Primeiro de tudo, nós precisamos tirá-las do “pedestal” e, ao mesmo tempo, não depois, mas especificamente em paralelo, criar valores completamente diferentes, de modo que não sejamos atraídos para conexão externa, mas para uma conexão interna. Afinal, a conexão externa é frágil e fugaz. Muitas vezes ela já terminou na manhã seguinte, enquanto nós podemos desenvolver a conexão interna infinitamente.

De qualquer forma, nós precisamos aprender juntos, com a cooperação mútua dentro do grupo. Fazer workshops compartilhados e outros meios que tornam possível a construção de uma relação diferente entre nós. Só então eu sentirei que mulher está  realmente mais perto de mim, no sentido mais profundo e verdadeiro. É possível contar com este sentimento, pois eu vou parar de ver as externalidades, mas vou me concentrar apenas na sua essência, na interioridade. A mulher não será mais apenas uma “cobertura” para mim, mas será como um valioso “livro”, no qual uma nova profundidade de emoção e intimidade mental é descoberta. E a expectativa dessa conexão vai chegar imediatamente à corda oculta dentro de mim. Depois disso, eu adiciono o componente externo a essa centelha.

Desta forma, nós construímos a ordem correta de prioridades e abordagem mútua, uma abordagem completamente oposta em relação a que está acontecendo hoje. Isso é porque eu não estou à procura de uma esposa para mim, mas sim uma conexão interna na mente e nos sentimentos. Eu quero preencher o espaço que ficou vazio desde o meu primeiro amor.

Cabe a eu alcançar o fundamento de todas as correções. Se o vazio não fosse deixado em mim após a primeira sensação, eu não teria nada pelo qual viver. Todo o resto dos sentimentos é transitório e superficial em comparação com este sentimento. O desejo básico para conexão interna obriga-me a procurar satisfação, apesar de eu mesmo não saber o que realmente quero satisfazer.

Somente este vazio me acompanhou ao longo da minha vida, me empurrou para encontrar e atingir. É só a minha alma que eu posso satisfazer através da conexão com o outro. E sua parte essencial é a conexão chamada de “família”, “marido” ou “mulher”. Aos poucos, isso é adicionado à base do meu desenvolvimento, cobrindo o meu amor, cobrindo gradualmente o mundo inteiro. Este é o começo da alma humana, suas duas fundações, o macho e a fêmea, que estão conectados entre si e no seu desenvolvimento incluem tudo.

Da Discussão sobre Formação Integral 6/20/13