A Oposição Ao Criador É O Relacionamento Com Ele

Dr. Michael LaitmanBaal HaSulam, “O Mistério da Letra Kaf na Palavra Anochi (Eu)”: Malchut, vestida nos mundos, é chamada de “Eu” e distribuída ao mundo de Assiya. Precisamente, é a divisão em que todo homem se sente existindo como ele é.

Desenvolvendo-se, o homem quer conquistar o mundo inteiro para o seu próprio benefício e prazer. Esta é a força da quebra no mundo da Assiya, como é dito (Profetas, Melachim (Reis), I, 1:5): “Eu vou ser rei”, por causa das centelhas espirituais que ainda não foram reveladas.

Nós devemos entender que o desejo de receber, separado do Criador, que se sente como oposto a Ele e procura dominar tudo, é artificial em sua essência. Isso não existe, na realidade, é criado como algo imaginário por estar em oposição ao Criador.

Isso existe apenas como parte da percepção, a fim de criar um sentimento de oposição ao Criador. Somente nisso deve ser dada importância: é importante só porque nos permite sentir em oposição à doação e não por outro motivo. Com base nisso, nós podemos construir um relacionamento com o Criador.

Agora nós não tocamos Malchut, como tal, a extremidade da linha do infinito, no centro do círculo. Nós vamos tocá-la somente se nos apresentarmos diante do Criador. O desejo de receber não existe até que o coloquemos em oposição ao Criador. Só então ele existe para mim e existe o Criador, e alguma linha é esticada entre nós, a ligação, a partir da qual é possível começar o caminho.

Este ponto fica em oposição a Ele em todas as suas propriedades e se esconde, e ele começa a ser revelado conforme a minha capacidade de imaginar o Criador como o seu oposto. Caso contrário, ele não me mostra nada exceto problemas, ou seja, não a si mesmo, mas suas manifestações externas. Mas, aos poucos, ao contrário do mundo inteiro, eu me aproximo de sua essência interna, distingo-a diante do Criador, e começo a minha própria linha.

Assim, é importante lembrar: nós não eliminamos este ponto; nós entendemos que precisamos dele. No entanto, devemos sempre entrar nele cada vez mais. Se nós queremos conhecer a materialidade, nós temos que compará-la com a espiritualidade, colocar o ponto Malchut diante do Criador. Um não pode existir sem o outro neste conjunto.

Se eu imagino determinada realidade sem o Criador, oposta a Ele, então eu vivo num mundo imaginário.

Esta é a diferença entre o estado mais inferior que precede o primeiro grau espiritual, o estado em que me oponho ao Criador, e o mundo imaginário, que não conecto com o Criador em nossa compreensão.

O verdadeiro “eu” só aparece quando a propriedade completamente oposta a mim, o Criador, está diante de mim. Assim, ao confrontá-Lo eu “reivindico o trono”, que se manifesta de várias formas. Por exemplo, eu posso admitir que Ele é eterno e poderoso, que Ele determina e fornece tudo, e mesmo assim, como uma criança pequena, eu quero tudo de outra maneira; eu quero tomar o Seu lugar. Isso também está incluído no âmbito das reivindicações, “Eu vou ser o rei”.

Assim, o que importa não é o poder em si, mas o desejo. Se eu quiser tomar o poder em minhas mãos, pelo menos em alguma coisa, isso já é o meu verdadeiro Eu. Afinal, a questão é: quem é o chefe, quem decide? E se está claro para mim que isso é entre eu e o Criador, então eu já entrei no relacionamento com Ele, mesmo que ainda não de uma forma espiritual.

Como posso chegar a isso? É muito simples: eu começo a perceber que o Criador me governa completamente. Inclusive a minha oposição a Ele, Ele cria de propósito para me avançar no caminho do desenvolvimento. Como resultado, eu incluo os dois opostos e começo a construir um relacionamento correto entre eles.

Baal HaSulam ilustra isso com o exemplo: Indo para o trabalho de manhã, a pessoa é guiada pelo princípio, “Se eu não fizer, quem fará por mim”. E no final do dia, ela admite que não há outro além do Criador.

Na primeira fase do processo, eu me conscientizo de que não há outro além Dele. Eu percebo isso em relação a mim em todos os meus desejos e pensamentos, nos sentimentos e na mente (e não tenho mais nada); o Criador tem poder absoluto.

Quem sou eu então? Um detalhe mais profundo de percepção, um nível espiritual mais elevado. Uma vez que Ele reina em mim totalmente, eu afirmo isso com base num novo ponto. Assim, cada vez eu revelo um “eu” mais profundo, até a quarta etapa, onde ocorre a força da quebra.

Da 3ª parte da Lição Diária de Cabalá 04/07/13, “Do Ódio ao Amor pela Luz que Reforma”